Faz hoje 43 anos que ocorreu o sismo de 28 de Fevereiro de 1969, o que causou danos mais importantes no século passado a seguir ao sismo de Benavente de 1909. Teve epicentro na zona do Goringe e sentiu-se em todo o país mas os maiores danos foram no Algarve, como Lagos, Vila do Bispo e Aljezur entre outros, causando 13 mortos, embora apenas 2 devido aos efeitos directos do sismo. Foi o último sismo a provocar danos importantes e vítimas em Portugal continental, com uma intensidade de 7.3 (embora varie entre os 6,5 e os 7,5 conforme diferentes estudos/autores).
Capas de jornais da época.
Artigos da altura, com testemunhos de pessoas que vivenciaram o sismo.
Uma reportagem da RTP tambem com testemunhos de pessoas que viveram o sismo.
http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?article=175305&tm=8&layout=122&visual=61
Fotos de estragos.
Vila do Bispo
Sismo de 1969: elementos de divulgação
Maria Luísa Sousa
Núcleo de Engenharia Sísmica e Dinâmica de Estruturas do Laboratório Nacional de Engenharia Civil
Caracterização da acção sísmica
No dia 28 de Fevereiro de 1969, pelas 2h 40min 32.5s (TU), ocorreu um sismo de magnitude 7,3 na escala de Richter, tendo o seu hipocentro sido localizado a Sudoeste do cabo de S. Vicente, na planície da Ferradura com as coordenadas 36,01ºN 10,57ºW, [United States Coast and Geodetic Survey] (figura 1) e a uma profundidade de 22 km [Fukao, 1973].
Na figura 2 exibe-se um mapa de isossistas do sismo de 1969 onde se pode verificar que a região mais afectada de Portugal se situa na parte Sudoeste do Continente e que a intensidade macrossísmica máxima foi de VIII no Barlavento Algarvio
Na figura 3 apresenta-se o registo de aceleração das três componentes do movimento sísmico obtido no macrosismógrafo SMAC-B-2 instalado no maciço de amarração Norte da Ponte 25 de Abril em Lisboa, que foi o único registo não saturado obtido em território Continental para este sismo.
Os efeitos do sismo
O evento, que neste ano de 2009 se assinala o 40º aniversário, foi aquele que causou danos mais importantes no século XX, em Portugal Continental, depois do sismo de Benavente que ocorreu no início desse século no dia 23 de Abril de 1909.
O sismo de 1969 provocou alarme e pânico entre a população, avarias nos telefones, corte no fornecimento de energia eléctrica e, de acordo com Quintino [1970], causou 13 vítimas mortais em Portugal Continental, embora apenas 2 em consequência de danos directos causados pelo sismo, sendo as
restantes originadas por doenças cardíacas agravadas pela comoção.
Uma dessas vítimas mortais encontrava-se no hospital de Sines que sofreu grandes estragos em consequência do terramoto. De acordo com Marécos & Castanheta [1970], este hospital apresentava uma estruturação de cunho “pombalino” em que as paredes de alvenaria se encontram enquadradas nas
características “gaiolas” de madeira. Neste edifício, durante o sismo, parte dos panos de alvenaria desprenderam-se dos quadros envolventes, acontecendo que um tijolo, na queda, perfurou o tecto de madeira de uma das enfermarias atingindo mortalmente um dos ocupantes.
Logo após o sismo, no início de Março de 1969, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil promoveu uma missão aos locais mais afectados pelo evento [Marécos & Castanheta, 1970], que visava analisar o desempenho das estruturas face ao sismo, em particular estudar o comportamento de edifícios de grande porte, com estrutura de betão armado. Pretendia-se assim tirar conclusões sobre o desempenho das estruturas enquadradas pela regulamentação sismo-resistente em vigor à data do sismo, [RSCCS,
1958], ou seja, o Regulamento de Segurança das Construções Contra os Sismos; este foi o primeiro regulamento sismo-resistente, com características actuais, que existiu em Portugal.
No quadro 1 sintetiza-se a severidade dos danos observados na região mais afectada por este sismo, descriminados por tipologia construtiva, de acordo com os autores referidos. A descrição dos danos é Figura 4 – Danos em edifícios na região mais afectada pelo ilustrada pelas imagens constantes da figura 4
Simulação dos efeitos do sismo
De seguida, recorreu-se ao simulador de cenários sísmicos desenvolvido no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, LNECloss, para fazer uma modelação dos efeitos de um cenário sísmico semelhante ao de 1969, mas afectando um parque habitacional relativamente actual, mais precisamente o parque apurado nos Censos 2001 para a região do Algarve.
No quadro 2 sintetizam-se as contagens das existências apuradas nos Censos 2001 para esta região, comparando-os com os totais existentes em Portugal Continental.
A acção sísmica adoptada na simulação resultou da transformação das intensidades avaliados pelo Instituto de Meteorologia na escala de Mercalli Modificada em intensidades da escala EMS-92, seguindo o algoritmo de Paula [1996] (figura 5).
Na figura 6 exemplifica-se a distribuição geográfica do número de mortos no Algarve para um cenário de ocorrência semelhante ao de 1969, pressupondo que este ocorreu quando a maioria das pessoas se encontrava nas suas habitações (cenário nocturno) e que incidiu sobre o parque habitacional e habitantes apurados nos Censos 2001. Para o efeito, recorreu-se à metodologia de avaliação de perdas humanas Coburn & Spence [2002] combinada com o modelo de danos de Giovinazzi & Lagomarsino [2003].
Finalmente, na figura 7 sintetiza-se os resultados do Simulador em termos de danos no edificado (D3 = danos moderados + D4 = danos severos + D5 = colapso) para as várias metodologias disponíveis nessa ferramenta computacional.
Da análise da figura 6, referente às perdas humanas, ressalta que nas opções adoptadas o Simulador sobreavalia o número de mortos, tendo-se contabilizado, recorrendo às metodologias atrás indicadas, um total de 42 mortos no distrito do Algarve. No entanto, sendo o número de mortos neste evento muito reduzido é irrelevante a diferença entre o número total de mortos ocorridos no sismo e os resultados da simulação, caso ambos sejam normalizados pela população total presente no instante do sismo. No que toca à avaliação de danos (figura 7), não existe termo de comparação para as simulações efectuadas, pois à data do sismo não se efectuou um levantamento exaustivo dos danos que este causou. Constata-se porém, que os modelos de avaliação de danos disponíveis no Simulador apresentam resultados muito próximos entre si, para o cenário sísmico simulado.
Fonte: http://www.cm-lisboa.pt/archive/doc/Sismo_1969.pdf
Capas de jornais da época.
Artigos da altura, com testemunhos de pessoas que vivenciaram o sismo.
Uma reportagem da RTP tambem com testemunhos de pessoas que viveram o sismo.
http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?article=175305&tm=8&layout=122&visual=61
Fotos de estragos.
Vila do Bispo