Sismo de 28 de Fevereiro de 1969

Mário Barros

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Faz hoje 43 anos que ocorreu o sismo de 28 de Fevereiro de 1969, o que causou danos mais importantes no século passado a seguir ao sismo de Benavente de 1909. Teve epicentro na zona do Goringe e sentiu-se em todo o país mas os maiores danos foram no Algarve, como Lagos, Vila do Bispo e Aljezur entre outros, causando 13 mortos, embora apenas 2 devido aos efeitos directos do sismo. Foi o último sismo a provocar danos importantes e vítimas em Portugal continental, com uma intensidade de 7.3 (embora varie entre os 6,5 e os 7,5 conforme diferentes estudos/autores).

Sismo de 1969: elementos de divulgação
Maria Luísa Sousa
Núcleo de Engenharia Sísmica e Dinâmica de Estruturas do Laboratório Nacional de Engenharia Civil


Caracterização da acção sísmica
No dia 28 de Fevereiro de 1969, pelas 2h 40min 32.5s (TU), ocorreu um sismo de magnitude 7,3 na escala de Richter, tendo o seu hipocentro sido localizado a Sudoeste do cabo de S. Vicente, na planície da Ferradura com as coordenadas 36,01ºN 10,57ºW, [United States Coast and Geodetic Survey] (figura 1) e a uma profundidade de 22 km [Fukao, 1973].


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Na figura 2 exibe-se um mapa de isossistas do sismo de 1969 onde se pode verificar que a região mais afectada de Portugal se situa na parte Sudoeste do Continente e que a intensidade macrossísmica máxima foi de VIII no Barlavento Algarvio

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Na figura 3 apresenta-se o registo de aceleração das três componentes do movimento sísmico obtido no macrosismógrafo SMAC-B-2 instalado no maciço de amarração Norte da Ponte 25 de Abril em Lisboa, que foi o único registo não saturado obtido em território Continental para este sismo.

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Os efeitos do sismo
O evento, que neste ano de 2009 se assinala o 40º aniversário, foi aquele que causou danos mais importantes no século XX, em Portugal Continental, depois do sismo de Benavente que ocorreu no início desse século no dia 23 de Abril de 1909.
O sismo de 1969 provocou alarme e pânico entre a população, avarias nos telefones, corte no fornecimento de energia eléctrica e, de acordo com Quintino [1970], causou 13 vítimas mortais em Portugal Continental, embora apenas 2 em consequência de danos directos causados pelo sismo, sendo as
restantes originadas por doenças cardíacas agravadas pela comoção.
Uma dessas vítimas mortais encontrava-se no hospital de Sines que sofreu grandes estragos em consequência do terramoto. De acordo com Marécos & Castanheta [1970], este hospital apresentava uma estruturação de cunho “pombalino” em que as paredes de alvenaria se encontram enquadradas nas
características “gaiolas” de madeira. Neste edifício, durante o sismo, parte dos panos de alvenaria desprenderam-se dos quadros envolventes, acontecendo que um tijolo, na queda, perfurou o tecto de madeira de uma das enfermarias atingindo mortalmente um dos ocupantes.


Logo após o sismo, no início de Março de 1969, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil promoveu uma missão aos locais mais afectados pelo evento [Marécos & Castanheta, 1970], que visava analisar o desempenho das estruturas face ao sismo, em particular estudar o comportamento de edifícios de grande porte, com estrutura de betão armado. Pretendia-se assim tirar conclusões sobre o desempenho das estruturas enquadradas pela regulamentação sismo-resistente em vigor à data do sismo, [RSCCS,
1958], ou seja, o Regulamento de Segurança das Construções Contra os Sismos; este foi o primeiro regulamento sismo-resistente, com características actuais, que existiu em Portugal.

No quadro 1 sintetiza-se a severidade dos danos observados na região mais afectada por este sismo, descriminados por tipologia construtiva, de acordo com os autores referidos. A descrição dos danos é Figura 4 – Danos em edifícios na região mais afectada pelo ilustrada pelas imagens constantes da figura 4

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Simulação dos efeitos do sismo
De seguida, recorreu-se ao simulador de cenários sísmicos desenvolvido no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, LNECloss, para fazer uma modelação dos efeitos de um cenário sísmico semelhante ao de 1969, mas afectando um parque habitacional relativamente actual, mais precisamente o parque apurado nos Censos 2001 para a região do Algarve.

No quadro 2 sintetizam-se as contagens das existências apuradas nos Censos 2001 para esta região, comparando-os com os totais existentes em Portugal Continental.

xQTrM.gif


A acção sísmica adoptada na simulação resultou da transformação das intensidades avaliados pelo Instituto de Meteorologia na escala de Mercalli Modificada em intensidades da escala EMS-92, seguindo o algoritmo de Paula [1996] (figura 5).

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Na figura 6 exemplifica-se a distribuição geográfica do número de mortos no Algarve para um cenário de ocorrência semelhante ao de 1969, pressupondo que este ocorreu quando a maioria das pessoas se encontrava nas suas habitações (cenário nocturno) e que incidiu sobre o parque habitacional e habitantes apurados nos Censos 2001. Para o efeito, recorreu-se à metodologia de avaliação de perdas humanas Coburn & Spence [2002] combinada com o modelo de danos de Giovinazzi & Lagomarsino [2003].

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Finalmente, na figura 7 sintetiza-se os resultados do Simulador em termos de danos no edificado (D3 = danos moderados + D4 = danos severos + D5 = colapso) para as várias metodologias disponíveis nessa ferramenta computacional.

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Da análise da figura 6, referente às perdas humanas, ressalta que nas opções adoptadas o Simulador sobreavalia o número de mortos, tendo-se contabilizado, recorrendo às metodologias atrás indicadas, um total de 42 mortos no distrito do Algarve. No entanto, sendo o número de mortos neste evento muito reduzido é irrelevante a diferença entre o número total de mortos ocorridos no sismo e os resultados da simulação, caso ambos sejam normalizados pela população total presente no instante do sismo. No que toca à avaliação de danos (figura 7), não existe termo de comparação para as simulações efectuadas, pois à data do sismo não se efectuou um levantamento exaustivo dos danos que este causou. Constata-se porém, que os modelos de avaliação de danos disponíveis no Simulador apresentam resultados muito próximos entre si, para o cenário sísmico simulado.

Fonte: http://www.cm-lisboa.pt/archive/doc/Sismo_1969.pdf

Capas de jornais da época.




Artigos da altura, com testemunhos de pessoas que vivenciaram o sismo.















Uma reportagem da RTP tambem com testemunhos de pessoas que viveram o sismo.

http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?article=175305&tm=8&layout=122&visual=61

Fotos de estragos.





Vila do Bispo



 
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Gilmet

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12 Dez 2007
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Mais algumas informações.

O Sismo de 28 de Fevereiro de 1969

O último sismo do nosso tempo, pode-se assim dizer, ocorreu a 28 de Fevereiro de 1969, pelas 3horas e 30 minutos aproximadamente. O abalo sentido foi muito violento e se a sua duração se prolongasse os prejuízos seriam incalculáveis. Seguiram-se várias réplicas com destaque especial para uma que sobressaltou toda a gente. Algumas pessoas mais amedrontadas utilizaram os seus meios de transporte para, rapidamente, se colocarem a salvo na zona de Santo Amaro à imagem daquilo que muitos habitantes já haviam feito em 1755. Na cidade houve a lamentar a perda de uma vida devido a desabamento de uma das paredes da habitação degradada onde vivia. Foram várias as zonas atingidas nomeadamente as povoações de Bensafrim e Barão de S. João. Na primeira destas localidades caíram mais de 20 casas. Na Vila do Bispo e em todas as povoações deste concelho os prejuízos foram avultados, com muitas casas derrubadas e outras gravemente arruinadas. Em Lagos muitos edifícios ficaram danificados e as rachas apresentadas obrigaram a escorar alguns nomeadamente na Rua Afonso de Almeida e na Rua Direita. Todo o Algarve teve avultados prejuízos o que obrigou o então Presidente do Conselho de Ministros, Professor Marcelo Caetano a deslocar-se às zonas afectadas para verificar os estragos, tendo percorrido parte do concelho de Lagos. O edifício da Câmara Municipal ficou danificado com o piso superior fendido e em risco de derrocada a ponto do juiz da Comarca ordenar que se retirasse o Tribunal, que aí funcionava, para o Palácio da Justiça que ainda estava em construção e que só viria a ser inaugurado em 11 de Maio desse ano.

Calcula-se, segundo pessoa que andou nesse inquérito, que foram cerca de 400 as casas derrubadas ou arruinadas. O Estado disponibilizou verbas para resolver as situações mais urgentes e terão sido gastos aproximadamente 24 mil contos. Foram também concedidos subsídios reembolsáveis a juros baixos, com vista a serem consertadas as casas de pessoas com bens próprios, depois de devidamente inquiridas.

(...)

Durante alguns anos ainda se viam casas escoradas um pouco por todo o Algarve, tal foi o caso na baixa de Portimão. Em muitas casas que apresentavam rachas foram colocados esticadores de ferro e tapadas as fendas com argamassa. Consta que o Governo terá oficiado a Câmara Municipal pedindo uma relação dos prejuízos no edifício dos Paços do Concelho e que esta terá respondido que estava nas suas intenções construir um novo edifício, e tudo ficou por aqui. Só em 1982 é que se procedeu à reparação do edifício.

A magnitude do sismo de 1969 atingiu os 6 graus e alguns décimos na escala de Richter. Os sismógrafos norte americanos assinalaram com preocupação temendo um grande desastre na Península Ibérica. Era o que se disse na altura.

Fonte: https://sites.google.com/site/cemallagos/jose-carlos-vasques/lagos-e-a-instabilidade-sismica



Sismo 1969 – a cor do medo

Madrugada de 28 de Fevereiro, duas e trinta, à volta disso, andava eu a fazer ronda no Quartel, ali na Av. de Berna onde hoje está uma faculdade de Sociologia. Do outro lado da Rua a Igreja de Nossa Senhora de Fátima.

Como o pessoal era diligente e a ameaça pequena, estava a conversar na parada com dois soldados, já não me lembro sobre quê, mas naquela situação e com aquela idade devia ser sobre a guerra colonial que se mostrava cada vez mais aguerrida e cada vez mais próxima de quem vestia farda.

De repente, os camions ONIMOG, que tinham enormes pneus e eram grandes e pesados começam aos saltos ali a cinco metros de nós. Ainda o meu cérebro não tinha descodificado os sinais e há uma espécie de “burburinho” a crescer do mais profundo, um ronco ameaçador, paralisante. A sensação é que não há saída, não se percebe, estamos cercados por algo que não vemos e não compreendemos. Imediatamente a seguir, os prédios onde estavam as camaratas com duas centenas de homens a dormir começam a abanar, estranhamente, o único som familiar são os vidros a partirem-se.

Lembro-me bem, que este som familiar, que eu conhecia, foi uma espécie de conforto, era algo que fazia parte da matriz e que me permitiu comparar, situar, estabilizar, compreender…

As paredes rachavam com um som cavo o que me levou a pensar na situação dos homens que lá estavam dentro. Mandei os dois soldados que permaneciam ao meu lado, um para cada camarata, acordar o pessoal que já encontramos a meio caminho na fuga generalizada. Há conversas cruzadas e sem nexo, interrompidas pelo badalar lúgubre dos sinos da Igreja defronte, resultado dos abanões que o edificio da Igreja sofrera. Irrompe um silêncio sepulcral…

A natureza descansa para novo ímpeto, desta vez definitivo ou esgotada ? É uma interrogação que só obtem resposta com novos abanões agora mais ténues, sem os silêncios aterradores do primeiro, o que paradoxalmente traz alguma paz aos corações em tumulto. Devagar a natureza volta à vida, com os sons de que não damos conta mas que estão presentes no dia a dia, sem os quais não reconhecemos a matriz por onde nos guiamos. Começamos a voltar “à vidinha…” que tanto criticamos…

Nos meses seguintes houve muitas receitas de calmantes e antidepressivos…

Quem é que aqui escreveu sobre felicidade?

Fonte: http://aventar.eu/2010/01/22/sismo-1969-a-cor-do-medo/
 

Lightning

Cumulonimbus
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25 Jul 2008
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Algures
A USGS atribuiu a este sismo uma magnitude de 8.0 na escala de Richter e segundo a mesma fonte, este terá ocorrido às 02:40h da madrugada, o que coincide com as informações publicadas acima pelo Mário. É ainda de referir que deu-se a uma profundidade de 22 quilómetros.


CAT: NOAA
YEAR: 1969
MONTH: 02
DAY: 28
ORIG TIME: 0240
LAT: 36.00
LONG: -10.50
DEP: 22
MAGNITUDE: 8.0
 

Snifa

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16 Abr 2008
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Mais um relato da época:

Lisboa, 28 de Fevereiro de 1969

Grande tremor de terra. A casa onde costumo ficar sempre que venho a Lisboa fazer exames situa-se perto do Jardim Zoológico, de modo que, e derivado à gritaria dos animais em pânico, despertámos, em susto, perto das quatro da madrugada, antes do abalo sísmico propriamente dito. Parecia o fim do mundo. O Weber de Mendonça e o Ormonde de Aguiar, meus velhos amigos e antigos companheiros de República, açorianos de gema, um de São Jorge, o outro da Ilha Terceira, têm sido os meus anfitriões na capital. São ambos médicos e trabalham na Maternidade Alfredo da Costa e no Hospital de Santa Maria, respectivamente. Quando, segundos depois, principiou o terramoto, as paredes e o chão sacudindo-se como um cão molhado, ouviu-se primeiro um cavernoso rugido rolando debaixo da terra que se veio aproximando em crescendo e se prolongou por não sei quantos segundos do tamanho de séculos e que teve o condão de me paralisar quase completamente. Ao tentar com muito custo acender o candeeiro da mesinha-de-cabeceira, a luz ainda fez um clarão, mas logo se extinguiu, o que tornou o ambiente ainda mais tétrico e mais fúnebre. Já o Weber andava aos gritos pela casa, como nos bons tempos de patrão branco (Pakeló) da República, ordenando à marinhagem que tivesse calma e se comportasse como bons açorianos habituados a estes coices da Natureza e eu de gatas pelo quarto à procura dos sapatos e da roupa para me vestir, sem conseguir arredondar uma palavra. Além do mais, tinha de ir, dentro de escassas horas, fazer prova oral de Literatura Alemã III, a minha última disciplina do plano de curso. Saímos para a rua. Metemo-nos no automóvel do Ormonde e encaminhámo-nos para o aeroporto. Pelo caminho, fomos encontrando as cenas mais inconcebíveis e rocambolescas: gente nua ou em trajes menores correndo a bom correr não sei para onde. Só depois de estarmos há algum tempo no restaurante do aeroporto, uma ampla sala sustentada por colunas, é que o Weber se lembrou de que, dentro de quatro paredes e sob um tecto, correríamos perigo, se por acaso viessem réplicas, o que era muito provável. E saímos de novo, desta vez para percorrermos de automóvel as ruas de Lisboa até amanhecer. Pelas oito da manhã já me encontrava na cidade universitária. O exame oral iniciou-se à hora marcada. O júri, composto por dois professores e uma professora, foi compreensivo. Via-se-lhes pela cara que estavam tresnoitados como eu. Mas ninguém ousou falar do tremor de terra. Depois de o professor da cadeira me ter elogiado a prova escrita, perguntou-me o que tencionava fazer, agora que tinha terminado as cadeiras do curso de Filologia Germânica. Respondi-lhe que tencionava ainda fazer a tese, mas, entretanto, iria procurar dar aulas num Liceu ou numa Escola Comercial. Deu-me os parabéns e mandou-me em paz. Mal chegar a Coimbra vou matricular-me no seminário de Literatura Americana, dirigido por um Fulbrighter Norte-Americano, Mr. Ronald Weber, a cujas sessões venho assistindo desde Novembro passado. Assim cumpro a palavra dada um dia ao Doutor Paulo Quintela de que me licenciaria pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Afinal de contas, das vinte e sete cadeiras que fiz para concluir o curso, apenas seis foram feitas em Lisboaa.

Cristóvão de Aguiar, in Relação de Bordo


http://aguiarconraria.blogsome.com/2007/02/14/lisboa-28-de-fevereiro-de-1969/
 

Vince

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23 Jan 2007
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Braga
Boa recolha de material :thumbsup:
É sempre importante recordar este eventos pois sabemos que eles vão voltar a ocorrer, só não sabemos quando. E convêm estarmos preparados.
 

Snifa

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16 Abr 2008
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Ontem na SIC, no programa perdidos e achados, deu uma reportagem sobre o sismo de 28 de Fevereiro de 1969, com alguns testemunhos da época, por acaso tinha gravado para colocar no youtube, mas alguém se antecipou a mim...:D

Cá fica o video para quem não viu:


[ame="http://youtu.be/wHpIxPZ17R0"]http://youtu.be/wHpIxPZ17R0[/ame]
 

algarvio1980

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21 Mai 2007
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Hoje saiu mais duas notícias sobre este sismo:
Sismo de 1969: A noite em que o pânico invadiu Lisboa

O pânico dominou os milhares de portugueses que, na noite de 28 de Fevereiro de 1969, foram acordados pelo maior sismo sentido no país desde 1755, que durou quase um minuto e danificou inúmeros edifícios.

O sismólogo e presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Jorge Miguel Miranda, tinha 16 anos e lembra-se "perfeitamente" dessa noite.

"A cidade [de Lisboa] estava silenciosa. As chaminés começam a cair, a louça começa a cair dentro dos armários, o barulho que se espalha nos bairros é enorme e uma parte significativa da população sai para a rua na perspectiva de se afastar dos edifícios, que podem cair se houver outro abalo", relatou à Lusa.

O sismo "é razoavelmente longo. O tempo em que é sentido pelas pessoas é razoavelmente grande, o que permite todo o pânico que se pode desenvolver durante um minuto de uma casa a abanar", acrescentou Jorge Miguel Miranda.

Como especialista na matéria, o sismólogo disse que o que tornou o sismo de há 45 anos diferente foi o ter ocorrido "numa altura em que Portugal começava a ter uma sociedade marcadamente urbana".

Eram 03:41 quando o sismo de magnitude 8 na escala de Richter, com epicentro no mar, a sudoeste do cabo de S. Vicente, na planície da Ferradura, se fez sentir em Portugal, Espanha e Marrocos.

Os maiores danos foram registados na Costa Vicentina e no Algarve, onde uma aldeia praticamente desapareceu, mas também causou estragos em Lisboa, nomeadamente queda de chaminés e paredes, falhas de energia e de comunicações.

Há ainda a registar no país, oficialmente, 11 mortos e dezenas de feridos, 58 dos quais em Lisboa.

Os sismógrafos existentes na zona sul e centro "ficaram todos saturados, ou seja, os registos não são utilizáveis. O único registo em Portugal continental que está completo é o da Ponte sobre o Tejo", disse Jorge Miguel Miranda.

"A informação que temos instrumental só não é reduzida porque temos toda a informação do resto do mundo e na altura já estava de pé a primeira grande rede mundial de sismologia, que tinha uma estação na serra do Pilar, no Porto", acrescentou.

Para o presidente do IPMA, o sismo de 1969 teve um "grande impacto" por outro motivo: "a sua localização foi perto da localização do de 1755. Ele foi sempre visto como uma espécie de aviso de que um 1755 estava lá à nossa espera e que um dia vai voltar outra vez. Foi esse sentimento que em 1969 ficou completamente espalhado e criou na população portuguesa uma consciência da necessidade de estudar, monitorizar e compreender melhor os sismos".

O sismólogo revelou, ainda, que este sismo está envolto num "mistério" porque tem sido muito estudado e nunca se conseguiu determinar qual a falha que o causou.

"Temos o princípio de que os sismos ocorrem em falhas. Num sismo muito grande, por vezes, a rotura chega à superfície. O que se passa com o de 1969 é que ele é submarino, portanto é sempre de mais difícil acesso e, apesar de se terem feito milhares de quilómetros de sismologia de refracção e de reflexão à procura da estrutura geológica causadora deste sismo, não há uma relação claramente estabelecida entre uma falha específica e a rotura do sismo", afirmou.

No futuro próximo, Jorge Miguel Miranda acredita que a engenharia sísmica e sistemas de protecção civil mais desenvolvidos vão permitir minimizar os danos dos terramotos.

"Existe muito por fazer e tem de haver a consciência de que sismos como o de 1969 vão existir outra vez e, provavelmente, existem medidas que têm de ser tomadas com tempo, para que os impactos sejam realmente pequenos", concluiu.

Fonte: Lusa/Sol

Sismo/45 anos: Número real de mortos "abafado" pelo antigo regime - historiador

O sismo de 28 de fevereiro de 1969 causou centenas de desalojados, no Algarve, devido às habitações destruídas, mas nunca foi possível contabilizar o número exato de mortos, "abafado" pelo antigo regime, segundo o historiador José Vilhena Mesquita.

Apesar de os jornais regionais da época apontarem vários feridos e apenas um morto no Algarve, em Lagos, o historiador José Vilhena Mesquita sublinha que o que veio nos jornais "não era verdade", pois era "proibido falar de mortandade", pelo que "muitos dos casos foram abafados" e as mortes atribuídas ao susto.

Um "forte e demorado abalo sísmico" que causou a "maior ansiedade" mas que não provocou vítimas, "senão pelo susto", é a forma como a edição de 02 de março de 1969 do jornal "O Algarve" retrata o sismo que atingiu todo o território nacional na madrugada de 28 de fevereiro e que, segundo os registos oficiais, terá provocado pouco mais de uma dezena de mortos no país.

Apesar de se ter sentido em todo o país, o abalo causou mais danos a sul, sobretudo na zona do oeste algarvio - tal como em Lagos, Aljezur ou Vila do Bispo -, e chegou mesmo a arrasar quase por completo a aldeia de Fonte de Louzeiros, no concelho de Silves, contava a edição de 08 de março do jornal "Folha do Domingo".

"No sítio das Fontes dos Louzeiros, perto de Alcantarilha, das 16 casas existentes, só uma ficou intacta", retratavam as páginas daquele periódico, acrescentando que em Vila do Bispo houve 60 casas "totalmente destruídas" e que Bensafrim, no concelho de Lagos, fora uma das terras "mais martirizadas".

O jornal dava ainda conta de várias igrejas fechadas ao culto por ameaçarem ruir e da destruição quase total do hospital de Castro Marim, referindo também a visita ao Algarve, na semana seguinte ao sismo, do então presidente do Conselho, Marcello Caetano.

Segundo o historiador José Carlos Vilhena Mesquita, o sismo provocou danos sobretudo nos edifícios mais antigos, como as igrejas e os quartéis - que eram instalados em antigos conventos -, e nas habitações feitas em taipa e adobe, materiais menos resistentes que eram usados nas típicas construções rurais.

Apesar de a zona do Algarve mais afetada ter sido o barlavento (oeste), na cidade de Faro houve quedas de telhados, danos a registar no edifício do antigo Governo Civil, no Arco da Vila e nas muralhas da cidade, acrescentou.

Referindo que o sismo de 1969 "não foi dramático", o historiador admite, contudo, que continua a ser lembrado ainda hoje, "porque nunca mais houve nenhum igual", e recorda que o ciclone que atingiu o país em 1941 "foi muito mais desastroso".



Traumas e recordações vividos ainda hoje no Algarve

Quarenta e cinco anos depois do sismo de 1969, persiste ainda o trauma no espírito de Manuel Candeias, uma das vítimas do terramoto, que foi ferido com pedras na cabeça.

Naquele dia 28 de fevereiro de 1969, a terra tremeu durante cerca de 60 segundos, provocando um morto em Lagos e centenas de desalojados em toda a região algarvia, contou à Lusa Artur Jesus, historiador.

Um dos desalojados foi Manuel Candeias, 71 anos, de Vila do Bispo. O antigo faroleiro em Sagres estava em casa quando o sismo ocorreu – foi registado pelas 03:41, segundo o Instituto Geofísico de Coimbra.

Pensou que ia morrer com as pedras que lhe rolaram pela cabeça abaixo dentro de casa.

No dia em que ocorreu a tragédia, tinha terminado o turno “com uma hora de sol” no Farol do Cabo de S. Vicente. Depois, entregou o serviço ao colega e rumou para Vila do Bispo, onde tinha a mulher e a filha.

Passou pela tasca e, já em casa, recorda-se de ouvir uma espécie de camião parado à porta e uma “grande tremedeira”. Lembra-se, também, de ouvir o sogro a dizer que era um tremor de terra e “que iam morrer todos”.

“Eu senti uma pedrada na cabeça e pensei: Olha, já morri!”. Correu, então, para o berço para salvar a filha, de dois anos, mas a mulher já a havia retirado. Manuel foi encontrar a família a salvo, no exterior da casa.

O epicentro do sismo foi registado perto do Banco de Gorringe, a aproximadamente 200 quilómetros a sudoeste do Cabo de São Vicente. Manuel Candeias confessa que depois daquele desastre natural a sua vida mudou e, até hoje, nunca se vai deitar sem ter a certeza de ter uma lanterna à mão.

“A casa foi deitada abaixo”. Manuel e a família foram morar para uma casa prefabricada em Vila do Bispo.

Viveriam umas 1.500 pessoas em Vila do Bispo e metade das casas ficaram destruídas. Umas foram recuperadas e cerca de 20 famílias foram viver para casas prefabricadas”, recorda o faroleiro.

A maioria da população da aldeia de Fonte dos Louzeiros, no concelho de Silves, também ficou desalojada. Num artigo do jornal "O Século", com o título “O fim do mundo passou pelo Algarve”, lê-se que das 16 casas da aldeia restou uma em pé.

Maria dos Santos, de 70 anos, recebeu uma carta há 45 anos de sua mãe a contar que quando a terra tremeu na noite de 28 de fevereiro de 1969 os seus pais ouviram um grande estrondo e logo a seguir pedras a cair em cima da cama. A mãe contou-lhe que se encostaram no fundo da cama e que gritaram à outra filha, de cinco anos, para ficar quieta no sítio onde estava.

“Graças a Deus não ficaram feridos. A casa rural é que ficou abalada e tiveram de construir uma casa nova”, conta Maria dos Santos, reformada, recordando que a casa da “avozinha ficou toda destruída”.

Os sogros de Mário Rosa Pedro, 75 anos, também viviam em Fonte dos Louzeiros e não ganharam para o susto.

“A minha sogra estava deitada na cama e dois paus caíram ao lado dela. Ela ficou no meio das traves”, lembra Mário Rosa Pedro, revelando que a população ouviu um ruído enorme do lado de Sagres e a seguir chegou o terramoto.

“Praticamente, aglomerado nenhum foi poupado, embora as consequências difiram”, lê-se no caderno especial de "O Século" sobre o sismo de 1969, o maior em Portugal a seguir ao terramoto de 1755.

O historiador Artur de Jesus conta que o sismo de 1969 foi uma “das maiores catástrofes do século XX em Portugal” e que foi “devastadora na região do Algarve”.

Vila do Bispo foi particularmente atingida. Em Budens, a igreja matriz era recheada a talha dourada e perdeu-se tudo na altura do sismo. A localidade de Barão de São Miguel também sofreu bastante e até se conhece o caso de uma jovem de 17 anos que estava no primeiro piso de uma casa e foi “engolida para o rés-do-chão”, conta o historiador.

“De um modo geral, todas as localidades algarvias foram afetadas e foi sentida toda essa devastação. Em termos de vítimas mortais, houve uma pessoa a lamentar e que faleceu debaixo dos escombros em Lagos”, concluiu Artur de Jesus.

Fonte: Região Sul
 
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Nimbostratus
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A minha família materna é originária de Faro, só se mudaram para a Margem Sul do Tejo anos mais tarde e porque o meu avô era Oficial da Armada, e ainda hoje todos reunidos me voltaram a contar de novo histórias dessa noite e das coisas curiosas que antecederam o sismo de há 45 anos.

De acordo com a minha família, a noite praticamente nunca terá caído pois em Faro havia um brilho alaranjado no céu, soprava um vento morno de Sudoeste, e a partir da meia-noite começaram-se a ouvir "roncos" vindos do mar. Entretanto, e no Verão passado aquando duma visita à capital algarvia, outras pessoas amigas dos meus familiares corroboraram a mesma história, sendo que alguns deles afirmavam mesmo não ter dormido por causa da claridade no céu e do pavor que os roncos no mar lhes causavam. Depois veio o sismo às 03h41 e todos perceberam.
 

Snifa

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A minha família materna é originária de Faro, só se mudaram para a Margem Sul do Tejo anos mais tarde e porque o meu avô era Oficial da Armada, e ainda hoje todos reunidos me voltaram a contar de novo histórias dessa noite e das coisas curiosas que antecederam o sismo de há 45 anos.

De acordo com a minha família, a noite praticamente nunca terá caído pois em Faro havia um brilho alaranjado no céu, soprava um vento morno de Sudoeste, e a partir da meia-noite começaram-se a ouvir "roncos" vindos do mar. Entretanto, e no Verão passado aquando duma visita à capital algarvia, outras pessoas amigas dos meus familiares corroboraram a mesma história, sendo que alguns deles afirmavam mesmo não ter dormido por causa da claridade no céu e do pavor que os roncos no mar lhes causavam. Depois veio o sismo às 03h41 e todos perceberam.

Interessante relato, por acaso, de todas as pessoas ( aqui da zona Norte) que me relataram esse sismo, todas falavam num tempo algo quente e abafado nessa noite, em termos de ruídos, apenas um ribombar surdo ( em crescendo) breves segundos antes da terra começar a tremer, e depois claro, bastante ruído a acompanhar o sismo.

Relativamente a esses relatos da zona de Faro, é possível ocorrerem esses roncos ( a partir da meia noite ) tanto tempo antes do sismo ( 03:41 h ) ? Normalmente o ruido surdo ou roncos que antecedem um sismo , apenas se manifestam alguns segundos antes do sismo propriamente dito chegar.

Será possível, e com horas de antecedência, um sismo dar sinal sobre a forma de ruidos surdos distantes?
 
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MSantos

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As temperaturas abafadas e quentes que relatam não podem estar relacionadas com o sismo, são coisas que não estão de todo relacionadas (sismos & temperaturas).

Noite abafada e quente quer dizer que estamos em perigo de sismo? :huhlmao:

Brilho alaranjado no céu? Aurora boreal? :unsure: De qualquer das formas também não está relacionado com o sismo...
 

algarvio1980

Furacão
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As temperaturas abafadas e quentes que relatam não podem estar relacionadas com o sismo, são coisas que não estão de todo relacionadas (sismos & temperaturas).

Noite abafada e quente quer dizer que estamos em perigo de sismo? :huhlmao:

Brilho alaranjado no céu? Aurora boreal? :unsure: De qualquer das formas também não está relacionado com o sismo...

Pode não estar associado mas se perguntares a muitos dos algarvios da orla costeira, todos afirmam o mesmo, tempo abafado, os roncos vindos do mar e a cor esquisita do céu. Os meus avós sempre contaram isso e moravam perto de Moncarapacho.

Sempre ouvi dizer pelas pessoas mais antigas e ainda hoje se ouve quando o tempo está abafado e morto todos falam que é tempo de sismos, porque será?
 

hurricane

Cumulonimbus
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Pode não estar associado mas se perguntares a muitos dos algarvios da orla costeira, todos afirmam o mesmo, tempo abafado, os roncos vindos do mar e a cor esquisita do céu. Os meus avós sempre contaram isso e moravam perto de Moncarapacho.

Sempre ouvi dizer pelas pessoas mais antigas e ainda hoje se ouve quando o tempo está abafado e morto todos falam que é tempo de sismos, porque será?

Engraçado! A minha mãe diz exactamente o mesmo e também ela se lembra desse sismo. E sempre que está assim o tempo abafado e morto como dizes, seja verão ou inverno, ela diz que está para vir um sismo!

Apesar de não ser perito na matéria também não me parece que possa estar relacionado mas em todo o caso é sempre interessante saber a sabedoria popular sobre os fenómenos que nos rodeiam e que passa sempre de geração para geração.
 

MSantos

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Pode não estar associado mas se perguntares a muitos dos algarvios da orla costeira, todos afirmam o mesmo, tempo abafado, os roncos vindos do mar e a cor esquisita do céu. Os meus avós sempre contaram isso e moravam perto de Moncarapacho.

Sempre ouvi dizer pelas pessoas mais antigas e ainda hoje se ouve quando o tempo está abafado e morto todos falam que é tempo de sismos, porque será?

Não nego que estivesse uma noite quente e abafada, mas isso não se pode relacionar com os sismos, os sismos não estão relacionados com o clima atmosférico, ocorrem sismos em todos os tipos de clima e com todas as temperaturas. :)
 
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SpiderVV

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Mesmo aqui no interior esse sismo foi sentido com grande intensidade, não tenho muitos relatos mas pelo que sei eram panelas a cair de prateleiras e o chão a tremer com muita intensidade, e chegou a abrir um buraco no quintal de uma casa. Não sei de detalhes, só me falaram em buraco, obviamente deverá ser algo pequeno, mas causado pela força do sismo (talvez desabamento).