Ir à Serra da Estrela ao nascer do sol era algo que já pretendia fazer há muito tempo. É dos melhores locais para ver o nascer do sol em Portugal dada a facilidade com que se chega ao topo, a proeminência em relação às zonas em redor e um campo de visão no quadrante leste totalmente desimpedido. O problema é que, para chegar à Serra da Estrela, são umas três horas e meia de caminho desde casa e as condições atmosféricas nem sempre são as melhores. Felizmente nestes dias houve a combinação de forte inversão térmica, tempo totalmente anticiclónico (com pouquíssimo vento tendo em conta aquilo que é a normalidade no Maciço Central) e inexistência de poeiras do deserto do Saara. Ainda tentei ir no dia 23 mas a coisa não deu lá muito bem, teve de ser mesmo no dia 24. 
Cheguei à Torre por volta das sete e meia da manhã. Pelo caminho apanhei com muito nevoeiro na bacia do Tejo, desde que saí da Charneca (por volta das três e meia da manhã na zona onde se encontra a minha casa estava céu limpo mas tudo a leste estava encoberto de nevoeiro) até à zona de Santo Estêvão e posteriormente no Fratel, com temperaturas nos 2 a 3ºC. Em Ponte de Sor apanhei com 0ºC no termómetro do carro e a temperatura oscilou entre os 1 a 2ºC entre o banco de nevoeiro no Fratel e Castelo Branco, ocasionalmente com a temperatura a atingir os 0ºC nalguns vales. Após passar Castelo Branco a temperatura passou para os -1ºC e manteve-se nesse valor até ao sopé da Serra da Gardunha. Na passagem dos túneis da Gardunha a temperatura atingiu os 4ºC. A Cova da Beira, por volta das sete da manhã, estava sob um manto de nevoeiro gélido, tendo chegado a apanhar uma temperatura de -3ºC num dos vales a seguir ao Fundão. Acredito que tenha ocorrido sincelo, mas infelizmente era de noite e não dava para ver nada. Na Covilhã a temperatura estava nos -1ºC, mas assim que se começou a subir a serra a temperatura aumentou consideravelmente, tendo eu inclusive registado 7ºC nas Penhas da Saúde. Na Torre estavam 5ºC e uma brisa gélida de nordeste, eu estive a observar o nascer do sol durante alguns minutos e já estava a ficar com as mãos gélidas.
Ficam assim os registos do nascer do sol na Torre, no dia 24 de dezembro de 2023:
Para além do nascer do sol magnífico, outra coisa que também foi impressionante foi ver o enorme banco de nevoeiro na Meseta Setentrional. Aqui ficam alguns registos mais pormenorizados desse banco de nevoeiro, visto das alturas do Maciço Central:
O plano original era regressar à Covilhã e depois seguir para a Guarda, mas o enorme banco de nevoeiro, branquinho, começou a refletir tanto o brilho do sol de tal forma que tive que dar uma volta maior pelo Sabugueiro, Penhas Douradas e Manteigas. A temperatura quando saí da Torre estava nos 5ºC e ainda subiu para os 6ºC à medida que se desceu, no entanto no vale do Sabugueiro a temperatura desceu bruscamente para os 3ºC. A caminho das Penhas Douradas a temperatura voltou a subir e chegou inclusive aos 9ºC não muito longe das Penhas Douradas, por volta das oito e meia da manhã, e continuou relativamente elevada à medida que se desceu para Manteigas. Foi só quando cheguei ao fundo do vale do Zêzere é que a temperatura começou efetivamente a descer, chegando aos 0ºC em São Gabriel e aos -1ºC no Sameiro. É no vale do Zêzere onde melhor se vê a inversão térmica, já que todo o vale se encontra branco e cheio de geada enquanto que as zonas um pouco mais elevadas estavam todas verdes e sem qualquer tipo de geada. A temperatura manteve-se constante nos -1ºC ao longo do vale e assim estava a praia fluvial de Valhelhas por volta das nove e meia da manhã:
Após Valhelhas a temperatura voltou de novo a subir e chegou aos 4ºC em Belmonte. Após Benespera o nevoeiro começou a cobrir o céu e a temperatura desceu para os 2ºC pouco antes de chegar à Guarda. Na zona intermédia da Guarda a temperatura chegou mesmo a descer aos 1ºC, por volta das dez da manhã - inclusive viam-se vestígios de gelo nas árvores, o que indica que teria caído sincelo algures durante a manhã (eu infelizmente cheguei tarde demais):
Na zona do castelo da Guarda (cota superior a 1000 m) o céu estava totalmente limpo mas a visão para leste, com o nevoeiro mesmo em frente, era bastante surreal:
Ainda cheguei a conduzir um pouco pela Meseta sob constante nevoeiro, tendo ido até Espanha encher o depósito do carro. A experiência foi interessante, com uma temperatura constante de 2 a 3ºC e inclusive com a queda de alguns pingos na zona do Alto do Leomil. No regresso, por volta do meio-dia, o céu limpou completamente após a Guarda e a temperatura aumentou de forma considerável, atingindo os 8ºC em Celorico da Beira e os 11ºC em Viseu, meia hora depois. O efeito orográfico, que faz com que a Meseta receba pouca precipitação e que tenha um clima muito mais extremado do que teria se não fossem as montanhas, também encurrala o ar frio consequente da inversão térmica, o que cria nevoeiros persistentes e gélidos. Ver os registos no fórum é uma coisa mas ver os eventos em primeira mão é outra completamente diferente.
Foi uma experiência interessante, mas a grande desvantagem foi ter de a fazer na Véspera de Natal. Uma pessoa acorda cedo, está cansada, quer-se animar e as rádios portuguesas só dão músicas chatas de Natal... enfim!

Cheguei à Torre por volta das sete e meia da manhã. Pelo caminho apanhei com muito nevoeiro na bacia do Tejo, desde que saí da Charneca (por volta das três e meia da manhã na zona onde se encontra a minha casa estava céu limpo mas tudo a leste estava encoberto de nevoeiro) até à zona de Santo Estêvão e posteriormente no Fratel, com temperaturas nos 2 a 3ºC. Em Ponte de Sor apanhei com 0ºC no termómetro do carro e a temperatura oscilou entre os 1 a 2ºC entre o banco de nevoeiro no Fratel e Castelo Branco, ocasionalmente com a temperatura a atingir os 0ºC nalguns vales. Após passar Castelo Branco a temperatura passou para os -1ºC e manteve-se nesse valor até ao sopé da Serra da Gardunha. Na passagem dos túneis da Gardunha a temperatura atingiu os 4ºC. A Cova da Beira, por volta das sete da manhã, estava sob um manto de nevoeiro gélido, tendo chegado a apanhar uma temperatura de -3ºC num dos vales a seguir ao Fundão. Acredito que tenha ocorrido sincelo, mas infelizmente era de noite e não dava para ver nada. Na Covilhã a temperatura estava nos -1ºC, mas assim que se começou a subir a serra a temperatura aumentou consideravelmente, tendo eu inclusive registado 7ºC nas Penhas da Saúde. Na Torre estavam 5ºC e uma brisa gélida de nordeste, eu estive a observar o nascer do sol durante alguns minutos e já estava a ficar com as mãos gélidas.












































Para além do nascer do sol magnífico, outra coisa que também foi impressionante foi ver o enorme banco de nevoeiro na Meseta Setentrional. Aqui ficam alguns registos mais pormenorizados desse banco de nevoeiro, visto das alturas do Maciço Central:




O plano original era regressar à Covilhã e depois seguir para a Guarda, mas o enorme banco de nevoeiro, branquinho, começou a refletir tanto o brilho do sol de tal forma que tive que dar uma volta maior pelo Sabugueiro, Penhas Douradas e Manteigas. A temperatura quando saí da Torre estava nos 5ºC e ainda subiu para os 6ºC à medida que se desceu, no entanto no vale do Sabugueiro a temperatura desceu bruscamente para os 3ºC. A caminho das Penhas Douradas a temperatura voltou a subir e chegou inclusive aos 9ºC não muito longe das Penhas Douradas, por volta das oito e meia da manhã, e continuou relativamente elevada à medida que se desceu para Manteigas. Foi só quando cheguei ao fundo do vale do Zêzere é que a temperatura começou efetivamente a descer, chegando aos 0ºC em São Gabriel e aos -1ºC no Sameiro. É no vale do Zêzere onde melhor se vê a inversão térmica, já que todo o vale se encontra branco e cheio de geada enquanto que as zonas um pouco mais elevadas estavam todas verdes e sem qualquer tipo de geada. A temperatura manteve-se constante nos -1ºC ao longo do vale e assim estava a praia fluvial de Valhelhas por volta das nove e meia da manhã:





Após Valhelhas a temperatura voltou de novo a subir e chegou aos 4ºC em Belmonte. Após Benespera o nevoeiro começou a cobrir o céu e a temperatura desceu para os 2ºC pouco antes de chegar à Guarda. Na zona intermédia da Guarda a temperatura chegou mesmo a descer aos 1ºC, por volta das dez da manhã - inclusive viam-se vestígios de gelo nas árvores, o que indica que teria caído sincelo algures durante a manhã (eu infelizmente cheguei tarde demais):

Na zona do castelo da Guarda (cota superior a 1000 m) o céu estava totalmente limpo mas a visão para leste, com o nevoeiro mesmo em frente, era bastante surreal:





Ainda cheguei a conduzir um pouco pela Meseta sob constante nevoeiro, tendo ido até Espanha encher o depósito do carro. A experiência foi interessante, com uma temperatura constante de 2 a 3ºC e inclusive com a queda de alguns pingos na zona do Alto do Leomil. No regresso, por volta do meio-dia, o céu limpou completamente após a Guarda e a temperatura aumentou de forma considerável, atingindo os 8ºC em Celorico da Beira e os 11ºC em Viseu, meia hora depois. O efeito orográfico, que faz com que a Meseta receba pouca precipitação e que tenha um clima muito mais extremado do que teria se não fossem as montanhas, também encurrala o ar frio consequente da inversão térmica, o que cria nevoeiros persistentes e gélidos. Ver os registos no fórum é uma coisa mas ver os eventos em primeira mão é outra completamente diferente.
Foi uma experiência interessante, mas a grande desvantagem foi ter de a fazer na Véspera de Natal. Uma pessoa acorda cedo, está cansada, quer-se animar e as rádios portuguesas só dão músicas chatas de Natal... enfim!
