Faz sentido pensar em transvases em Portugal?



Tiago Rolim

Cirrus
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Bombagem de fratel para pracana, com alteamento desta última, não seria uma boa medida, mais em conta financeiramente e de baixo impacto ambiental, comparado com tuneis enormes do Zêzere para o ocreza ou uma nova barragem no ocreza?
Tem cerca de 100 Milhões de m3 de capacidade total e segundo o site barragens.pt neste momento está a 75%.
Seria essencialmente utilizado no inverno em alturas de grandes afluências a fratel, utilizando energia eólica excedentaria na rede elétrica.
 

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guisilva5000

Super Célula
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16 Set 2014
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Belas
Bombagem de fratel para pracana, com alteamento desta última, não seria uma boa medida, mais em conta financeiramente e de baixo impacto ambiental, comparado com tuneis enormes do Zêzere para o ocreza ou uma nova barragem no ocreza?
Tem cerca de 100 Milhões de m3 de capacidade total e segundo o site barragens.pt neste momento está a 75%.
Seria essencialmente utilizado no inverno em alturas de grandes afluências a fratel, utilizando energia eólica excedentaria na rede elétrica.
Supostamente isto é uma ideia que tem décadas mas que nunca foi em frente. Concordo que seria uma mais valia para aproveitar o excedente de Espanha. Tal como existiam outras barragens na bacia do Tejo que eram para ser construídas supostamente para bombagem destes caudais.

Quanto ao Ocreza, a barragem do Alvito sempre se fala e diz-se que vai em frente. Veremos.
 

Tiago Rolim

Cirrus
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2 Fev 2024
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Supostamente isto é uma ideia que tem décadas mas que nunca foi em frente. Concordo que seria uma mais valia para aproveitar o excedente de Espanha. Tal como existiam outras barragens na bacia do Tejo que eram para ser construídas supostamente para bombagem destes caudais.

Quanto ao Ocreza, a barragem do Alvito sempre se fala e diz-se que vai em frente. Veremos.
Obrigado, era uma dúvida que tinha há muito tempo. Olhando para o mapa parece ser algo óbvio (até a barragem de Fratel não ter sido feito mais a jusante para aproveitar o caudal do Ocreza), mas há sempre algum motivo.
A barragem do Alvito era para ter avançado no plano de barragens de 2007 (teve DIA emitida e tudo). Não foi feita por ter perdido o subsídio à potência durante a troika.
Desde 2019, que se fala novamente nesta barragem para se injetar água no Tejo no Verão.
Idealmente, tendo em conta que o Ocreza já tem 2 barragens, não seria feita para não prejudicar a qualidade da água e os ecossistemas, mas tendo em conta a situação de agravamento da seca e aumento do consumo de água acabará por ser inevitável ser feita, tal como a de Foupana no Algarve.
Daqui a 20-30 anos, por este passo, estamos a pensar em novas... paga o contribuinte.
 

GabKoost

Nimbostratus
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19 Jan 2009
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Entre BRG e GMR
Deixem-me rir.

Com os valores necessários para um empreendimento desta magnitude poderíamos construir centenas de centrais de dessalinização.

Antes de falara da hipocrisia de ver água desviada para o Algarve, temos ainda de referir que os aquíferos realmente ricos em água são os do Nordoeste Ave-Cávado-Lima.

O mapa que puseram acima refere o Douro como abastecimento mas o próprio Douro está sujeito a secas.

A zona do Noroeste onde se encontram as barragens é extremamente montanhosa e grande parte delas em zonas protegida.

A insanidade de sequer pensar num projecto destes é ridícula pelo esforço de engenharia que exigiria solucionar toda a geografia montanhosa do Norte e Centro.

Enfim. Palermices.

Dito isso, o Algarve que se amanhe.

Esta região vive muito acima das suas possibilidades porque as autoridades assim quiseram. Construíram um turismo balnear em zonas propensas a longas secas. O que antigamente era uma região com pouca população passou a ser infestada por milhões de turistas ao ano que tomam 4 ou 5 banhos diários.

A construção de milhares de piscinas e desenvolvimento de campos de Golfe e agricultura de regadio, quando a pouca que existia era de sequeiro e com longo pousio são outras questões. Mesma cisa com os eucalitpos na serra com um clima daqueles.

O Algarve é um circo absoluto e um exemplo de como todo o planeamento não pode ser feito. Toda esta teoria é mais do que sabida e ensinada nas primeiras aulas. No meu próprio percurso académico, há 20 anos atrás, falava-se dos problemas futuros do Algarve na indústria turística. E o que é que fizeram? NADA a não ser multiplicar as asneiras.

Os investidores na agricultura fazem-no no Algarve porquê? Porque não o fazem no Minho onde as terras, das mais ricas da Europa, estão todas a velho? Porque ao fim da tarde querem ir passear para Albufeira. O investimento neles não é na agricultura mas sim no "Life Style" que lhes proporciona ser um proprietário Rural numa das mais reputadas zonas de turismo do continente.

Resumindo, o Algarve enche-se de dinheiro à pala dos abusos sobre os seu meio ambiente. E a solução que andam por aí a debater é ir roubar água ao Norte para continuar a financiar e permitir todos os abusos pornográficos da região.

A solução é simples. Passa por um programa de reestruturação e recuperação da água consumida pela indústria do turismo, a reconversão da agricultura para modelos mais adaptados ao clima, modéstia nos consumos e acima de tudo, investir algum deste dinheiro gerado pela região em formas de suportar o seu próprio consumo.

Ter de ouvir e ler coisas que ilibam o Algarve de ter de investir em si mesmo e preferir gastar dinheiro em ilusões insanas sem nexo deixa-me perplexo.
 

Tiago Rolim

Cirrus
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2 Fev 2024
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Tendo em conta a situação a que se chegou (e que de facto não é alheio crescimento desenfreado do turismo e do regadio, sem grandes preocupações de pelo menos reutilizar águas residuais e reparar as fugas na rede de distribuição, rezando-se para que a água armazenada nas barragens existentes chegasse à mesma para um consumo maior) é inevitável que se faça pelo menos a ligação Pomarão-Odeleite (que por estarem na mesma bacia, nem são um transave).
No futuro, no inverno, transferir água, em excesso, do Tejo para o Guadiana (via Nisa, Crato e Caia) para se acudir ao Algarve e Alentejo Litoral também deverá acabar por acontecer. É uma solução de menor impacto ambiental do que a dessalinização (elevados consumos energéticos e despejo da salmoura no mar), embora sejam ambas caras.
A prioridade evidentemente tem de ser a reutilização de águas residuais, reparar as fugas na rede, eliminar o desperdício, fazer culturas menos exigentes em água (por algum motivo no algarve fazia se era figo, alfarroba, batata doce, amêndoa, etc...), arborizar com espécies autóctones a serra algarvia (que todos os anos arde um bom bocado, dificultando cada vez mais a recarga dos nascentes).
Quanto a ir buscar água ao Douro também não me parece viável tendo em conta o enorme desnível que teria de ser vencido, de cerca de 600m, entre o pocinho no Douro e sabugal na serra da Malcata, com elevados consumos energéticos. No Verão, como diz, o próprio Douro já não tem água em excesso e a que existe é fundamental para alguma produção de energia elétrica renovável e passagem dos barcos nas eclusas.
 

trovoadas

Cumulonimbus
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3 Out 2009
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loule-caldeirao
Tendo em conta a situação a que se chegou (e que de facto não é alheio crescimento desenfreado do turismo e do regadio, sem grandes preocupações de pelo menos reutilizar águas residuais e reparar as fugas na rede de distribuição, rezando-se para que a água armazenada nas barragens existentes chegasse à mesma para um consumo maior) é inevitável que se faça pelo menos a ligação Pomarão-Odeleite (que por estarem na mesma bacia, nem são um transave).
No futuro, no inverno, transferir água, em excesso, do Tejo para o Guadiana (via Nisa, Crato e Caia) para se acudir ao Algarve e Alentejo Litoral também deverá acabar por acontecer. É uma solução de menor impacto ambiental do que a dessalinização (elevados consumos energéticos e despejo da salmoura no mar), embora sejam ambas caras.
A prioridade evidentemente tem de ser a reutilização de águas residuais, reparar as fugas na rede, eliminar o desperdício, fazer culturas menos exigentes em água (por algum motivo no algarve fazia se era figo, alfarroba, batata doce, amêndoa, etc...), arborizar com espécies autóctones a serra algarvia (que todos os anos arde um bom bocado, dificultando cada vez mais a recarga dos nascentes).
Quanto a ir buscar água ao Douro também não me parece viável tendo em conta o enorme desnível que teria de ser vencido, de cerca de 600m, entre o pocinho no Douro e sabugal na serra da Malcata, com elevados consumos energéticos. No Verão, como diz, o próprio Douro já não tem água em excesso e a que existe é fundamental para alguma produção de energia elétrica renovável e passagem dos barcos nas eclusas.
Nomeava-te já presidente de uma possível comissão para resolver a seca no Algarve ;)
As soluções estão em cima da mesa! Haja é bom senso que parece começar a faltar...
Nem a solução Tejo/Alqueva/ Algarve se discute seriamente e já se anda a divagar pelo Douro com todo o Montejunto/Estrela para atravessar. Depois qualquer solução de entre-ajuda aparece logo a guerrilha de regiões. Eu ía jurar que o Algarve contribui e bem para o PIB nacional mas se calhar sou eu a imaginar...
 

Tiago Rolim

Cirrus
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2 Fev 2024
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Nomeava-te já presidente de uma possível comissão para resolver a seca no Algarve ;)
As soluções estão em cima da mesa! Haja é bom senso que parece começar a faltar...
Nem a solução Tejo/Alqueva/ Algarve se discute seriamente e já se anda a divagar pelo Douro com todo o Montejunto/Estrela para atravessar. Depois qualquer solução de entre-ajuda aparece logo a guerrilha de regiões. Eu ía jurar que o Algarve contribui e bem para o PIB nacional mas se calhar sou eu a imaginar...
É caso para dizer que todas as comissões já foram criadas e palavras ditas, agora é mesmo é lançar as mãos à obra :)
 

Aristocrata

Super Célula
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28 Dez 2008
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Transvases.png

Proponho fundar um novo partido para resolver a questão :amigos:
 

AnDré

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Odivelas (140m) / Várzea da Serra (930m)
Se vamos falar de bom senso, não tem qualquer lógica falar de transvases na época seca. Faz sentido sim quando os rios vão cheios, há muita produção hidroelétrica e/ou a produção de energia é barata.
Também não se trata de encher barragens com transvases. Mas que se consiga um armazenamento seguro de 40-50%. Digo eu...

Dados: na 2ª quinzena de Janeiro (que foi um mês normal em termos de precipitação mensal), passaram no Fratel ~1080hm3, o equivalente a todo o volume da albufeira de Castelo de Bode.
Desses 1080hm3, ~760hm3 foram turbinados (ou seja, geraram energia) e ~320hm3 foram descarregados sem qualquer tipo de aproveitamento.

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Mindz

Nimbostratus
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18 Out 2015
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Se vamos falar de bom senso, não tem qualquer lógica falar de transvases na época seca. Faz sentido sim quando os rios vão cheios, há muita produção hidroelétrica e/ou a produção de energia é barata.
Também não se trata de encher barragens com transvases. Mas que se consiga um armazenamento seguro de 40-50%. Digo eu...

Dados: na 2ª quinzena de Janeiro (que foi um mês normal em termos de precipitação mensal), passaram no Fratel ~1080hm3, o equivalente a todo o volume da albufeira de Castelo de Bode.
Desses 1080hm3, ~760hm3 foram turbinados (ou seja, geraram energia) e ~320hm3 foram descarregados sem qualquer tipo de aproveitamento.

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Porque é que é esses 320 foram descarregados sem qualquer tipo de aproveitamento? Não se poderia produzir também energia tendo em conta que a barragem estava em níveis de produção?
 
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MSantos

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3 Out 2007
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Porque é que é esses 320 foram descarregados sem qualquer tipo de aproveitamento? Não se poderia produzir também energia tendo em conta que a barragem estava em níveis de produção?

Se o volume de água a entrar em determinado momento for muito superior à capacidade de armazenamento, que no Tejo é mínima e à capacidade de turbinar, a água excedente terá que sair em descarga sem aproveitamento hidroelétrico, sob pena de eventualmente poder causar danos estruturais à própria barragem.
 

AnDré

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22 Nov 2007
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Odivelas (140m) / Várzea da Serra (930m)
Porque é que é esses 320 foram descarregados sem qualquer tipo de aproveitamento? Não se poderia produzir também energia tendo em conta que a barragem estava em níveis de produção?
A barragem esteve em produção continua. Para isso utilizou ~650m3/s. O excedente foi descarregado.