Seca corta a água às fontes de Roma
24.07.2017
Uma das primaveras com menos chuva dos últimos 60 anos está a ter forte impacto em grande parte de Itália. A ilha da Sardenha pretende que seja declarado estado de desastre natural. Em Roma o fornecimento de água poderá sofrer interrupções de oito horas diárias, já a partir de quarta-feira, e algumas das suas famosas fontes podem ser desativadas
A escassez de chuva e as crónicas fugas nos aquedutos estão a ter forte impacto sobre os agricultores de grande parte de Itália este verão. A capital, Roma, pode sofrer cortes diários nos fornecimentos de água já esta semana.
A situação surge depois de Itália ter tido uma das primaveras com menos precipitação dos últimos 60 anos. Em certas partes do país o nível foi 80% inferior ao normal, segundo indicaram no domingo meteorologistas na Sky TG24 TV. A Sardenha é uma das regiões mais atingidas e está a tentar obter o estatuto de zona atingida por desastre natural.
A associação de agricultores Coldiretti estima que a situação já tenha provocado 2300 milhões de euros de prejuízo no setor. A produção de leite está a sofrer um decréscimo diário. Entre os mais atingidos estão os produtores de tomate no sudeste, na região da Apúlia, e os produtores de uva e de azeitonas de grande parte do país. A província de Parma, onde é produzido o famoso queijo parmesão, também está muito afetada.
Na capital, o fornecimento de água poderá sofrer interrupções de oito horas diárias, em bairros alternados, já a partir de quarta-feira. Muitas das famosas fontes da cidade podem ser desativadas. A ACEA, empresa responsável pelo fornecimento de água à cidade, alertou para o racionamento iminente, depois de o governador da região do Lácio ter ordenado, na semana passada, que se deixasse de recorrer à água do lago Bracciano.
26 DIAS DE CHUVA EM VEZ DE 88
Situado a 40 quilómetros de distância de Roma, o lago era usado apenas como reserva para o fornecimento de água na cidade, mas nos últimos anos tal passou a acontecer com regularidade. A situação levou o deputado Michele Meta, do Partido Democrata (centro-esquerda), a questionar se a ACEA, empresa maioritariamente detida pela autarquia, “não tem soluções melhores do que o racionar o fornecimento de água na capital?”
Nos últimos seis meses, Roma teve apenas 26 dias com chuva, comparativamente com os 88 registados em igual período de 2016. O problema é agravado pelas significativas fugas existentes no sistema de fornecimento de água, que em algumas áreas ainda é assegurado com recurso a aquedutos dos tempos do Império Romano.
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