Ai aquecimento Global ao que tu obrigas
Afinal, por que é que vários Postos de Carregamento Rápido de veículos elétricos foram desativados e de quem é a responsabilidade?
Aconteceu, segundo informações da UVE, no passado fim-de-semana: vários utilizadores de veículos elétricos foram surpreendidos com Postos de Carregamento Rápido (PCRs) desativados ao longo da A2, a autoestrada que liga Lisboa ao Algarve. Informação da UVE, que enviou às redações um comunicado a condenar o sucedido, porque foi feito «sem qualquer aviso prévio aos seus clientes e utilizadores da rede pública de carregamento». Para a associação «Esta atitude inaceitável deixou vários utilizadores de veículos elétricos, que estavam em viagem com as suas famílias, sem possibilidade de regressar às suas casas, tendo necessidade de recorrer a carregamentos em tomadas domésticas ou ao reboque das suas viaturas».
A causa da desativação e, como explicamos mais à frente, desligamento de alguns PCRs deveu-se a razões de segurança. Os operadores e a Mobi.e concluíram que várias as fichas CHAdeMO, uma das duas ligações de corrente contínua (DC) disponíveis nos Postos de Carregamento Rápido da rede pública, estavam muito danificadas e quiseram evitar riscos para a segurança dos utilizadores, que aumentaram devido às fortes chuvas.
Em declarações à
Exame Informática, Henrique Sánchez, presidente de UVE começou por concordar que não se pode pôr a segurança dos utilizadores em risco, mas explicou que «esta falha nos postos afetou utilizadores de veículos elétricos com crianças e pessoas idosas no carro». Para este responsável, «é incompreensível que os operadores não tenham comunicado que os postos iriam ser desligados», adicionando «seria inconcebível, por exemplo, que a Galp desativasse estações de serviço com bombas de combustível nas autoestradas sem o comunicar antecipadamente». Isto porque os PCRs desligados pertencem à Galp que, em resposta à
Exame Informática, confirmou o sucedido, mas explicou que não poderia comunicar antecipadamente a intervenção porque «a Galp não tem base de dados de utilizadores de veículos elétricos, uma vez que todo o sistema é gerido pela Mobi.e».
De facto segundo a
Exame Informática conseguiu apurar junto de várias fontes, a ativação/desativação remota dos postos (através de software) é da responsabilidade da Mobi.e, que é a entidade que gere a rede de carregadores para veículos elétricos de acesso público – todos os postos em espaços de acesso público têm, segundo a regulamentação nacional, de estar ligados à Mobi.e.
Questionámos a Mobi.e, que nos fez chegar uma «Nota aos Órgãos de Comunicação Social» onde indica «A Mobi.e, S.A., enquanto entidade gestora da rede de mobilidade elétrica, disponibiliza a todos os utilizadores, e mantém sempre atualizada, a informação sobre a disponibilidade dos postos de carregamento e respetivas tomadas no seu site» e «Tendo-se verificado, na passada segunda-feira (12/03), que, por razões técnicas, a segurança dos utilizadores poderia estar em causa, a Galp informou a Mobi.e, S.A. que iria desligar os PCR listados abaixo. Desde logo, essa informação foi disponibilizada no site da Mobi.e, S.A. (
www.mobie.pt), assim como foi iniciado o processo de notificação por e-mail a todos os utilizadores».
Datas não coincidem?
Esta nota tem informações que parecem contradizer informações que obtivemos de outras entidades, nomeadamente «a GALP informou a Mobi.e, S.A. que iria desligar os PCR» e a data do desligamento dos postos indicados. Segundo diferentes operadores que contactámos, não são estes que desativam os postos diretamente, apenas fazem recomendações à Mobi.e que faz a análise destas requisições e age em conformidade.
Relativamente à data, recebemos o e-mail que foi enviado aos utilizadores registados na Mobi.e na tarde terça-feira, dia 13 de março, mas outros utilizadores desta rede confirmaram que receberem este aviso no dia anterior.
Verificámos ainda que o comunicado indicado foi apresentado no site desta entidade no dia 12, como referido pela Mobi.e. Mas também confirmámos que os postos foram desativados pelo menos um dia antes, no domingo e há utilizadores que garantem que o processo começou no sábado, dois dias antes da comunicação da Mobi.e. Para lançar ainda mais a confusão, o comunicado foi inicialmente publicado no site com a data de 10 de março na assinatura apesar de ter sido publicado, como confirmado pela própria Mobi.e dois dias depois. Erro que foi identificado por alguns utilizadores que rapidamente usaram grupos nas redes sociais associados à mobilidade elétrica para acusar a Mobi.e de tentar iludir os utilizadores simulando que tinha publicado o aviso dois dias antes de o ter feito.
http://exameinformatica.sapo.pt/mob...dores-de-veiculos-eletricos-a-usarem-reboques