Perdoe uma pergunta brutal: a Terra está a aquecer-se, sim ou não?
A chamada "temperatura média mundial" aumentou em 0,74º durante o período 1906-2005. Mas, sobretudo, os dados observados mostram que algumas regiões estão a aquecer-se enquanto outras estão a arrefecer-se. Algumas regiões estão a arrefecer-se, como o Árctico ocidental e a Gronelândia, ao passo que outras aqueceram-se, como o Mar do Norte e suas cercanias, a uma escala anual de ±1°C e no Inverno a ±2°C, durante o período 1954-2003. O espaço do Norte do Pacífico está a mudar de modo semelhante com um arrefecimento sobre a Sibéria oriental, especialmente no Inverno, e um forte aquecimento sobre o Alasca e o Estreito de Bering. Portanto, é absolutamente inexacto afirmar que o planeta está a aquecer-se. A "alteração climática" não é sinónimo de "aquecimento global" porque "clima global" não existe. Além disso, e como acabo de lhe dizer, a alteração climática não depende em absoluto do CO2 e o homem não é em absoluto responsável por isso, excepto no contexto limitado das cidades.
O que é preciso dizer aos que asseguram que há importantes ameaças para o Árctico e a Antárctida?
Que misturam tudo: clima, contaminação, ecologia e ecologismo, desenvolvimento sustentável, novidades mediáticas, propaganda e factos reais, muitas vezes distorcidos, política e interesses económicos (admitidos e não reconhecidos). Portanto, há muitas inconsistências, declarações gratuitas, impossibilidades físicas e mentiras descaradas.
Contudo, a Gronelândia está a derreter-se a Antárctida está a desintegrar-se...
É certo que o gelo se derrete nas camadas inferiores em torno da Gronelândia, banhadas pelo ar quente do Sul. Mas em 1816 e 1817, por exemplo, foi possível alcançar o Pólo ao longo das costas da Gronelândia. Por outro lado, os satélites demonstram que a parte mais alta da Gronelândia se arrefece e eleva-se 6 centímetros ao ano devido às fortes nevadas.
Quanto à Antárctida, é particularmente estável e inclusive beneficia-se de um aumento da massa glacial na sua parte oriental. A Península Antárctida é uma excepção bem conhecida pelos climatologistas. Devido à sua latitude e à proximidade do Andes, que canalizam vigorosamente o fluxo ciclónico quente e húmido para o Sul, as terras baixas dos Sul estão a experimentar uma evolução notável. Estão cada vez mais esburacadas, enquanto a sua trajectória é cada vez mais meridional e a temperatura do ar está a aumentar. Assim, como nas proximidades do Mar da Noruega (ou na região do Estreito de Bering), o aquecimento da Península Antárctica, falsamente atribuído pelo IPCC ao efeito estufa, está controlado por uma intensificação da circulação do ar quente e húmido de fontes tropicais longínquas rumo ao Pólo.
Como explica a alterações que se estão a verificar na Europa?
Para responder à sua pergunta de maneira a que seja entendida pelos não especialistas, digamos que na área do Atlântico Norte enquanto o Árctico ocidental esta a arrefecer-se e os sistemas de alta pressão que saem do Pólo são mais poderosos, a afluência ciclónica de ar associada com as baixas leva mais ar quente e húmido de origem subtropical, inclusive tropical, ao Mar da Noruega e mais além. Como resultado, a temperatura aumenta e as precipitações (nevadas na parte superior, sobre a Gronelândia e Escandinávia) aumentam. À medida que a pressão diminui, as tormentas aumentam, com mais depressões a chegarem a latitudes mais setentrionais. Uma vez que a Europa se encontra no caminho dos ciclones do Sul, também se beneficia de um aquecimento ou inclusive de um excesso local de chuva.
Cabe assinalar que no Atlântico, a aglutinação anti-ciclónica (AA), habitualmente conhecida como Pico dos Açores, é mais potente e estende-se para o sul, razão pela qual o Sahel atlântico, e em particular o arquipélago de Cabo Verde, está a experimentar uma seca mais pronunciada que no continente vizinho. O Mediterrâneo, que estende este espaço atlântico, é mais frio e portanto mais seco na sua bacia oriental (como na Europa Central), enquanto a pressão da superfície também está a aumentar. Este aumento da pressão, e não o CO2, é o responsável nas nossas regiões de longas sequências sem chuva (ou neve nas montanhas) quanto a situação se mantém alta durante muito tempo, ou períodos de calor, ou inclusive ondas de calor como em Agosto de 2003.
Mas ainda assim, como se costuma dizer, "os glaciares estão a desaparecer".
Por que não dizer que eram ainda mais pequenos nos Alpes na Idade Média e que a longitude da sua língua glaciar depende hoje do seu fornecimento de neve antes do período actual? Isto é ainda mais certo nas neves de altura no Kilimanjaro, outro exemplo muito publicitado, próximo dos 6000 metros, onde não foi a temperatura (aqui abaixo dos 0ºC) que variou e sim, como em outros lugares, as condições das precipitações.
Também se diz que haverá cada vez mais ciclones e mais violentos.
Os meteorologistas tropicais não estão de acordo, mas não são escutados... Afirmam inclusive que não se observa nenhuma tendência em alta. Quanto ao simpósio sobre ciclones tropicais celebrado na Costa Rica sob os auspícios da Organização Meteorológica Mundial em Dezembro de 2006, chegou inclusive à conclusão de que nenhum ciclone pode ser atribuído directamente à alteração climática. Chris Landsea, perito indiscutível em furacões, preferiu renunciar ao IPCC porque não queria contribuir para um processo motivado por objectivos pré-concebido e cientificamente não fundamentados. Mas o dano causado pelos ciclones proporciona imagens tão "belas" às revistas e aos noticiários de televisão... O exemplo do Katrina é explorado descaradamente, ao passo que a ruptura dos diques de Nova Orleans era um desastre que já se havia anunciado desde há muito tempo...
Falando de catástrofess... Alguns media afirmam inclusive que a Corrente do Golfo se deterá...
Para que isso ocorra, o vento, que é o motor das correntes marinhas superficiais, teria que deixar de soprar. Por outras palavras, todo o tráfego aéreo e oceânico teria que bloquear, o que naturalmente é inverosímil. Também se diz que o mar está a subir, mas nenhuma curva o demonstra, excepto uns poucos centímetros hipotéticos (12 centímetros em 140 anos) e nenhuma terra desapareceu ainda. As previsões, muitas vezes de carácter "hollywoodense", baseiam-se em modelos climáticos cuja eficácia é muito debatida. Em primeiro lugar, e isto é a última coisa para os modelos digitais, pelos próprios matemáticos que consideram que os modelos utilizados são tão simples, grosseiros, empíricos e enganosos que as conclusões que deles se extraem não têm valor preditivo.
Qual é o futuro da climatologia no clima actual politicamente correcto?
Em lugar de traçar planos muito hipotéticos para o planeta em 2100, a climatologia, que tem estado num beco sem saída conceptual durante uns 50 anos, deveria, ao invés, tratar de contribuir eficazmente para a identificação de medidas apropriadas para a prevenção e adaptação ao clima num futuro próximo. Porque a alteração climática evoluir constantemente faz parte da natureza do clima é muito real, mas é uma contradição com o cenário quente que nos impõem actualmente, como o demonstra o aumento contínuo da pressão atmosférica em muitas regiões, inclusive a França. Esta mudança no clima não é a que previu o IPCC. Mas os teóricos e modelistas prestam pouca atenção à observação de fenómenos reais. São as razões e os mecanismos desta mudança permanente que devem ser seriamente definidos pela climatologia. Ao mesmo tempo, outras disciplinas, às quais serve a mistura de géneros e que não necessitam do ilusório espantalho climático, poderão dedicar-se eficazmente ao controle da poluição ou ao desenvolvimento sustentável.
Marcel Leroux