Bem...primeiro há que esclarecer se estamos a falar de tornados mesociclonicos ou não-mesociclonicos.
As condições para a formação de tornados mesociclonicos, associados a supercelulas, são muito mais especificas do quepara a genese dos tornados não mesociclonicos/trombas.
Para haver supercélulas tornadicas, alem da dinamica atmosferica ter de ser especifica, a topografia não pode ser irregular..topografias irregulares destroem a circulação das células.
Isto não significa que não possam ocorrer supercelulas em areas elevadas, elas ocorrem mas em areas planalticas, ou seja, em que apesar da altitude a topografia é pouco rugosa e portanto não se torna tão impeditiva á organização da circulação de mesoescala associada á Sc.
Quanto ás vulgares trombas, essas são muito menos dependentes, a sua origem prende-se essencialmente com a ocorrencia de fortes correntes ascendentes que ganham rotação por mecanismos de shear horizontal ( convergencia de fluxo na base do updraft)...sem necessidade de ter supercelulas para as originar, são fenomenos que ocorrem em qualquer tipo de terreno até porque a sua escala é muito inferior á escala da topografia ( ao contrario das situações supercelulares).
Partilho da ideia do Vince, a região do Vale do Tejo parece favoravel...dois motivos parecem-me preponderantes:
- É o unico local do pais que em situações tipicas de fluxo de W/SW nos niveis médios, apresenta topografia favoravel á ocorrencia de lee troughs (
http://en.wikipedia.org/wiki/Trough_(meteorology)#Lee_trough), embora a uma escala muito pequena, associadas á orientação do sistema montanhoso Sintra-Montejunto-Estrela.
- É uma região que na ocorrencia de fluxo do quadrante sul á superficie, sai favorecida com o aquecimento dessas massas de ar á medida que progridem pelas planicies a sul.
Quando estes dois factores se conjugam, as chances de ocorrencia de tornados será aumentada.
No entanto, no litoral Norte, vales do Mondego.. em situações de fluxo de SE, a presença das serras costeiras tambem favorece a genese das lee troughs, e as convergencias da brisa maritima podem contribuir para um comportamento da atmosfera favoravel á ocorrencia de supercelulas tornadicas.
Tambem no Sotavento Algarvio, em situações de fluxo de norte nos niveis médios, a serra Algarvia pode contribuir para a formação de lee troughs, mas são sempre necessarios fluxos de sul á superficie para alimentar a conveção com ar humido...tal muitas vezes não acontece porque quando se establece circulação de norte ela é muitas vezes forte demais para permitir que haja circulações de brisa significativas do quadrante sul.
Portanto, o vale do Tejo parece ser assim a olho uma região beneficiada dado que as sua morfologia de terreno se adequa bem ao padrão atmosferico tipico que leva á tornadogenese em PT continental.
Já agora, vale a pena consultar alguma bibliografia..
http://ephyslab.uvigo.es/publica/do...ng_Atmospheric_Research_101_(2011)_84–101.pdf