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Para já, as principal característica do clima mediterrânico é a presença de um período seco ou de menor precipitação durante o Estio. Esse período mais seco pode ter uma menor ou maior duração, e por vezes pode conter alguma precipitação e aproximar-se das características dos Estios de latitudes mais elevadas.
Existem dois tipos de clima mediterrânico, segundo Koppen, um com um Estio quente e seco (Csb) e outro com um Estio ameno e seco (Csa).
No senso comum, o clima mediterrânico surge como um clima caracterizado por verões prolongados e secos, e invernos curtos, muito amenos, solarengos e com alguma chuva. Ora tal não passa de uma distorção da realidade, e clima com tais características apenas surge em troços do litoral do sul da Europa ou do Norte de África. Encontramo-lo no litoral do sotavento algarvio, e em Espanha na Costa de la Luz e na Costa del Sol, em Malta, na Sicília, no sul da Grécia ou no Chipre, só para citar alguns exemplos. Em torno do Mediterrâneo o relevo, a latitude e as influências continentais levam a que existam regiões com invernos deveras frios (como sucede na Meseta Norte ou nos Balcãs), outras com verões muito curtos e pouco secos (Minho e Galiza) e ainda áreas sem estação seca que são banhadas pelo Mediterrâneo (norte de Itália).
Na região mediterrânica, à medida que nos deslocamos para oriente, a estação seca tende a ser mais prolongada, e o deserto avança. Se o norte do Magrebe ainda nos parece um prolongamento da Andaluzia ou do Algarve, já na Líbia o deserto toca o mar. E em Israel ou no Chipre, a estação seca pode ter mais de 7 meses.
E este clima não se restringe ao entorno do outrora Mare Nostrum de Júlio César. Surge na Califórnia, no Chile, na região da Cidade do Cabo ou no Sudoeste da Austrália.
No caso específico de Portugal, todo o nosso território continental possui um clima deste tipo. E se o Alto Minho ou as serranias e colinas do Noreoeste não têm estação seca tal deve-se essencialmente à acção do relevo. A latitude mais setentrional permite que durante Julho e Agosto haja duas ou três passagens de superfícies frontais no Noroeste, cujas chuvas são retidas pela barreira de condensação proporcionada por elevações como o Gerês, Montemuro ou por vezes pela Lousã ou pelo Açor. A este tipo especial de clima Mediterrânico que ocorre no Noroeste de Portugal e na Galiza alguns autores no século passado quiseram chamar de Lusitano. Caracteriza-se por verões curtos e pouco quentes, e com alguma precipitação; invernos muito chuvosos, e pouco frios; e precipitações totais anuais superiores a 1000 mm. No entanto, apenas nos Açores encontramos no grupo oriental a única área do território nacional que não é indiscutivelmente mediterrância no que ao clima diz respeito. E a única zona da Ibéria que escapa a este clima é uma estreita faixa setentrional, que vai do norte da Galiza até Navarra.