Depois de umas viagens pelo país identifiquei algumas áreas que merecem na minha opinião outra valorização ambiental dada a importância ambiental...
Eis uma lista.
1) Serra da Gardunha
Grande regeneração dos carvalhais galaico-portugueses de carvalho-roble e carvalho-negral, mesmo nas vertentes mais secas, a Sul e Leste. Esta serra deveria ser classificada como área protegida! O castanheiro também apresenta boa regeneração. Com uma limpeza das invasores, se houvesse vontade e sensibilização das autoridades, poderíamos ter aqui uma extensa floresta pública nativa, que iria conviver muito bem com a principal actividade económica da serra, a cultura da cereja.
2) Região de Nisa
Uma paisagem única em Portugal, o montado de carvalho-negral. Os limites do Parque Natural da Serra de São Mamede deveriam por isso ser revistos. O potencial de regeneração do carvalhal está bem patente em terras abandonadas fora da serra, perto de povoações como Flor de Rosa, Nisa, Crato ou Castelo de Vide.
3) Rio Vascão
Esta rio ou ribeira deveria ser uma área protegida. Conserva a melhor população de saramugo, e tem uma particularidade: ainda tem algumas galerias ripícolas, e é a única ribeira do sotavento da bacia do Guadiana que as conservou. Praticamente não há árvores nas margens da Foupana, Odeleite ou Beliche. Os incêndios, carvoeiros, pastores, as campanhas do trigo, limparam tudo. Restaram apenas alguns exemplares isolados. Mas no Vascão ainda há vestígios destas galerias. Este rio também tem maior caudal que a Foupana, Odeleite e Beliche, e tem pegos que conservam água todo o ano. É também uma excelente área para haver no futuro uma população de lince-ibérico.
4) Ribeira do Torgal
Esta ribeira perto de Odemira tem a melhor floresta ripícola que alguma vez vi em Portugal. Deveria ter o mesmo estatuto de protecção que uma mata da Margaraça ou mata da Albergaria. É provavelmente a última floresta ripícola «intacta» do sul de Portugal.
5) Serra do Monfurado
Deveria ser área de paisagem protegida. Não digo toda a serra, mas pelo menos as áreas mais sensíveis. Conserva vestígios dos carvalhais marcescentes do Sul e há boas galerias ripícolas. Há carvalho-cerquinho, carvalho-negral, sobreiro, azinheira, freixo, amieiro, salgueiro, entre outras espécies da floresta do Sul.
6) Ribeira de Seixe
Além das excelente galerias ripícolas, a regeneração do carvalhal de Quercus marianica nas encostas é extraordinária.
7) Serras de Portel e da Vidigueira
Esta região tinha no passado uma extensa floresta de «copas cerradas» de azinheira e sobreiro que sobreviveu até tempos recentes. Estas terras com solos inclinados não são indicadas para grandes projectos agrícolas, para isso já existem as peneplanícies em torno do Baixo Alentejo e a norte da serra de Portel. Contudo os danos da doença do sobreiro são brutais, e se não forem tomadas medidas urgentes ficará apenas a esteva. Perto do Alqueva há restos bem conservados de floresta mediterrânica com sobreiro, azinheira, aroeira, medronheiro ou murta. Quem quiser ver uma floresta deste tipo bem conservada deve percorrer a estrada que liga Olivença a Taliga e observar as serras com atenção.