Mário Barros
Furacão
Fome no Mundo diminui pela primeira vez em 15 anos
Já são menos de 1000 milhões, mas o número de pessoas que passam fome no Mundo permanece inaceitavelmente elevado em 2010, apesar de registar a primeira diminuição em 15 anos, assinala o último relatório da Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), que será lançado em outubro. A cada seis segundos, uma criança morre de uma doença atribuída à malnutrição.
A FAO estima que um total de 925 milhões de pessoas sofre, atualmente, de malnutrição, contra os 1023 milhões contabilizados em 2009. A mesma organização atribui esta diminuição, em grande parte, ao desenvolvimento económico mais favorável registado em 2010 - especialmente, nos países em desenvolvimento - e à queda do preço nacionais e internacionais dos alimentos, desde 2008. No entanto, se persistirem os recentes aumentos, serão criados obstáculos adicionais e futuras reduções.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o crescimento mundial será de 4,2%, em 2010, maior do que o inicialmente esperado, após uma contração de 0,6%, em 2009. Na generalidade, o rendimento está a crescer mais depressa nas economias emergentes e nos países em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos.
Cerca de 98% das pessoas que sofrem de malnutrição vivem nos países em desenvolvimento, dois terços dos quais em sete países (Bangladesh, China, República Democrática do Congo, Etiópia, Índia, Indonésia e Paquistão) e mais de 40% apenas na China e na Índia. As estimativas para 2010 indicam que o número de pessoas famintas irá declinar em todas as regiões em desenvolvimento, embora a ritmos diferentes. A região mais afetada contínua a ser a Ásia-Pacífico, mas com um declínio de 12%, de 658 milhões, em 2009, para 578 milhões, em 2010. A percentagem de pessoas que passam fome contínua a ser mais alta na África sub-sahariana, com 30%, em 2010.
A maioria das pessoas que passam fome vive em países em desenvolvimento, constituem 16% do total da população. Embora este número corresponda a uma melhoria face a 2009, ainda está muito abaixo da meta traçada pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (Millennium Development Goal), em reduzir a proporção de pessoas famintas nos países em desenvolvimento para 20%, relativamente aos anos de 1990-92, e para 10% em 2015.
O facto de quase 1000 milhões de pessoas permanecerem com fome, mesmo depois das recentes crises alimentar e de financeira, indica tratar-se de um problema estrutural profundo que ameaça gravemente a capacidade de alcançar as metas de redução para a fome. De modo a identificar a natureza do problema, a FAO exorta os governos a aumentar o investimento na agricultura e na expansão dos programas e redes de assistência social, e a incentivar atividades geradoras de rendimentos para os pobres das áreas rurais e urbanas.
Expresso