Os Açores estão habituados a tempestades, mas o furacão Gordon, que deverá atingir o arquipélago a partir de hoje à noite, é uma situação «anómala», disse à agência Lusa o meteorologista Diamantino Henriques.
O furacão Gordon deve atingir o centro do arquipélago a partir desta noite, uma situação que «não é nada normal» para as ilhas, disse o especialista do Instituto de Meteorologia.
O Gordon, que chegou a prever-se que perdesse força e chegasse aos Açores como tempestade tropical, deverá atravessar as cinco ilhas do Grupo Central (Graciosa, Terceira, São Jorge, Pico e Faial) como furacão, admitindo-se que depois diminua de intensidade.
Diamantino Henriques adiantou ainda que várias tempestades tropicais passam junto ao arquipélago açoriano, mas, regra geral, desviam-se para Norte, atingindo as ilhas como intensidade mais fraca.
O caso do furacão Gordon é uma «situação anómala» típica da atmosfera, considerou o especialista, que prevê que as rajadas de vento possam chegar aos 170 quilómetros por hora no Grupo Central das ilhas.
Nessas ilhas, a ondulação poderá chegar aos 12 metros, enquanto no resto do arquipélago não deverá passar dos nove metros.
População desvaloriza
A manhã de Verão que se fazia sentir nos Açores não deixava antever o furacão que se aproxima e, talvez por isso, a população não estava muito alarmada com a chegada do Gordon.
Residente em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, Quitéria Paiva, recordou «são frequentes os avisos sobre furacões e tempestades que se aproximam dos Açores, mas, normalmente, acalmam antes de cá chegar». Ainda assim, «já houve algumas que causaram estragos», explicou ao PortugalDiário.
Também Paulo Silva, que vive na ilha do Faial, recordou os efeitos de furacões passados. «O furacão Tony causou alguns prejuízos. Fez cair árvores e telhas, mas nada de muito grave».
Nas ilhas do Grupo Central, que se prevê sejam as mais afectadas pelo furacão, a vida não parou à espera do Gordon. As pessoas foram trabalhar e as lojas, restaurantes e serviços estão abertos. Ainda assim, os açorianos estão a tomar algumas medidas de precaução.
Paulo Silva aguarda que a Protecção Civil tome medidas, mas já se certificou de que as janelas de casa estavam «bem fechadas».
Quitéria Paiva já garantiu que o animal de estimação não dorme no exterior na noite em que o Gordon chegar aos Açores. Funcionária numa empresa de produtos e equipamentos médicos, afirma que os clientes já mostram alguma preocupação com os efeitos do furacão e «começaram a ligar para saber o que fazer para que os equipamentos funcionem se faltar a luz».
«As pessoas também estão preocupadas com a intensidade do vento, mas esperamos que acalme antes de chegar», explicou.
A Protecção Civil alertou as populações para a necessidade de adoptar medidas preventivas face ao agravamento do estado do tempo. Entre essas precauções estão a consolidação de telhados, portas e janelas, evacuação de animais para lugares seguros, desobstrução dos sistemas de drenagem de águas, arrumação de objectos soltos nos jardins e quintais e deslocação de barcos para áreas mais seguras.
As zonas costeiras de algumas ilhas estão entre as maiores preocupações das autoridades, devido à forte ondulação prevista, que poderá afectar as orlas e portos da região.