Já saíu o
Boletim Climatológico de Outubro do IPMA para o continente.
BOLETIM CLIMATOLÓGICO MENSAL – Outubro de 2015
Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. 1|10
Resumo
VALORES EXTREMOS – OUTUBRO 2015
Menor valor da temperatura mínima -0.7 °C em Lamas de Mouro, dia 15
Maior valor da temperatura máxima 31.8 °C em Coruche, dia 2
Maior valor da quantidade de precipitação em 24h 105.9 mm em Lamas de Mouro, dia 5
Maior valor da intensidade máxima do vento (rajada) 169.2 km/h em Cabo da Roca, dia 17
Outubro 2015 - Desvios em relação à média
Temperatura média do ar Precipitação total
Outubro caracterizou-se como um mês chuvoso e quente.
O valor médio da temperatura média do ar, 17.06 °C, foi superior ao valor normal, com anomalia de
+ 0.85 °C. Valores da temperatura média superiores aos de outubro de 2015 ocorreram em cerca de
30% dos anos.
O valor médio mensal da temperatura mínima do ar, 12.54 °C, foi superior ao normal com anomalia de
+ 1.35 °C, sendo o 6º valor mais alto desde 2000 e o 15º mais alto desde 1931 (valor mais alto, 13.95 °C
em 2006). O valor médio da temperatura máxima do ar, 21.57 °C também foi superior ao normal com
anomalia de + 0.34 °C.
O valor médio da quantidade de precipitação em outubro, 147.1 mm, foi uma vez e meia superior ao
valor médio, classificando-se este mês como chuvoso. Desta forma a situação de seca meteorológica
que se verificava no final de setembro, terminou em quase todo o território, mantendo-se apenas
alguns locais da região Sul em seca meteorológica fraca (8 % do território em de seca meteorológica
fraca).
No dia 17 de outubro uma depressão em fase de cavamento deslocou-se ao longo da costa ocidental
portuguesa no sentido sul-norte (Figura 1) e durante este percurso as condições meteorológicas no
território, foram afetadas muito significativamente em especial a variação da pressão atmosférica, o
aumento da intensidade do vento e a precipitação. O vento atingiu valores excecionalmente elevados
do vento médio, entre 70 a 90 km/h, e rajadas superiores a 140 km/h, sendo de destacar o valor de
rajada ocorrido no Cabo da Roca, 169 km/h.
Em linhas gerais, o mês chuvoso conseguiu retirar quase todo o território da situação de seca. Mantém-se 8% em seca fraca, no Alentejo, zona que em Novembro ainda não foi contemplada com valores de precipitação sequer próximos da média.
Reparo para a habitual incorrecção de chamarem "
Maior valor da quantidade de precipitação em 24h" ao que é na verdade o
Maior valor da quantidade diária de precipitação. E neste caso enquadra-se correctamente nas notas finais do Boletim.
O valor assim definido não dá, no entanto, uma ideia correcta da intensidade da intempérie de chuva. Com o nome dado, "em 24h", o valor correspondente é
118,9 mm, das 4h do dia 4 às 4h do dia 5.
O mapa apresentado tem, obviamente, algumas discrepâncias em relação ao que eu apresentei. Em primeiro lugar porque as isoietas são traçadas automaticamente, algo que eu ainda não consigo fazer. Em segundo lugar porque é um mapa referente ao total das 9h de dia 30/Set às 9h de 31/Out, enquanto que o que eu apresentei se refere ao período das 0h à 0h. Em geral isso significa menores valores no período 9h-9h, visto que não choveu no dia 30/Set mas ainda choveu com algum significado entre as 9h e as 24h do dia 31/Out.
Nota-se no mapa do IPMA que não foram tidas em conta estações geridas por outras entidades, nomedamente nas áreas do Alentejo e Algarve. Assim o mapa não espelha completamente a realidade da precipitação observada em todas as estações. Apenas alguns exemplos mais notáveis:
- No Algarve,o mapa do IPMA coloca toda a área de Faro ao Barlavento abrangida pela isoieta dos 100 mm. Nas estações da DRAPALG nessa área os valores são inferiores a 100mm.
- O mapa do IPMA não indica áreas de precipitação inferior a 50 mm, mas ocorreram pelo menos no Baixo Alentejo, como se comprova pelos registos de estações da COTR.
- No mapa do IPMA as áreas de precipitação superior a 200 mm de Portalegre e Proença-a-Nova aparecem ligadas formando uma única zona. No entanto estas duas áreas correspondem a zonas diferentes de altitude mais elevada; entre elas não há estações conhecidas e situa-se o vale do Tejo. Tendo-se observado que a precipitação nestas zonas esteve correlacionada positivamente com a altitude, não vejo razão para considerar que nas zonas baixas do vale do Tejo também tenha excedido os 200mm.
Relativamente ao registo do vento, é muito interessante que tenham sido referidos valores registados pelas estações "não oficiais" , leia-se amadoras, de Alcabideche e Cova da Moura/Torres Vedras.