Nas séries horárias não é possível detectar anomalia em Monção, Valinha. Não há indícios de entupimento o qual produz sempre um padrão característico na série, com repetição de pequenos valores e prolongamento muito além do término da precipitação. Nesse aspecto a série é perfeitamente plausível. O que pode acontecer é impedimento na chegada da precipitação ao pluviómetro quando, por exemplo, existem árvores na proximidade cujas ramagens cresceram. Da experiência de observação e comparação de acumulados em estações próximas por todo o território, noto que são possíveis grandes diferenças, por vezes surpreendentes, e que se devem ao efeito da orografia e outros factores como a predominância da direcção do vento e ilhas urbanas. A não ser em casos de diferenças extremas, cujo critério de definição é muito difícil, não é possível rejeitar séries consistentes ao longo de um grande período de tempo só por discrepância com estações situadas a poucos quilómetros. Veja-se, a título de exemplo, o caso de Setúbal este mês.
Relativamente a Viana do Castelo, há falta de registos horários publicados pelo IPMA de 100 horas para a estação da cidade e de 8 horas para Chafé. Os totais que indiquei são, portanto, incompletos. Já publicarei as análises das séries completas do mês de Dezembro daqui a pouco. Mesmo quando funcionam perfeitamente estas duas estações apresentam valores marcadamente diferentes devido às diferentes situações geográficas, apesar de parecerem relativamente próximas.
O valor de Chafé estará bastante próximo do real, as horas em falta correspondem a períodos em que a estação da cidade registou cerca de 6 mm no total. É de notar que a região litoral de Viana do Castelo esteve este mês com condições semelhantes à restante faixa litoral norte para sul, sendo assim os valores acumulados próximos dos de estações na área do Porto, não tendo comparação com os valores de estações mais para o interior, como Braga e Ponte de Lima.
Monção parece ter estado numa zona de sombra. Vila Nova de Cerveira tiraria algumas dúvida mas está sem funcionar. Repare-se que Lamas de Mouro tem total inferior a Braga e Cabril, por exemplo, o que sustenta a ideia de um decréscimo no extremo norte do Minho. Será interessante comparar com estações do outro lado da fronteira e com as estações amadoras deste lado, levantamento que ainda não foi feito (todo este apuramento é muito moroso).
Esperemos pelo apuramento mensal do Boletim Climatológico do IPMA, estou curioso de ver se validam os valores de Chafé ou se os completam de modo ao total ser publicado. Da cidade seguramente não há hipótese.
Tal como indiquei na mensagem, os totais a fundo cinzento são incompletos.
Para já fica aqui um mapa preliminar com os totais ainda não filtrados, que deve ser comparado depois com a análise das séries.