Monitorização do Clima de Portugal 2016

Sem dúvida, de salientar o novo máximo diário de Janeiro para Bragança (anterior 57,9mm), para Braga (anterior 82,5 mm), para Viseu (anterior 80 mm) e para Vila Real (anterior 78,1 mm) de acordo com os dados de 1971-2010. O StormRic tem dados mais antigos (acho) e é capaz de ver os recordes e os máximos históricos. Um Janeiro sem anticiclone serve sem dúvida para equilibrar os valores da climatologia, tendo em conta a quantidade de anos que tivemos com AA.

O máximo diário para Bragança é de 185.0 mm a 20 de Jan de 1941. Surreal eu sei, mas é o que diz o IM.
 
PRECIPITAÇÃO FORTE E PERSISTENTE NO PERÍODO DE 1 A 11 DE JANEIRO 2016
2016-01-13 (IPMA)

No final de dezembro 2015 (dias 28 a 31) registaram-se valores de precipitação superiores a 50 mm em alguns locais das regiões do Norte e Centro. A ocorrência de precipitação prolongou-se pelo início de janeiro.

Nos primeiros onze dias de janeiro ocorreram valores muito elevados da quantidade de precipitação nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, em especial nos dias 3 e 4 e nos dias 8 a 10 de janeiro. Nestas regiões os valores acumulados da precipitação observados até ao dia 11 de janeiro são cerca de 1.5 a 2 vezes o valor médio mensal de janeiro (Figura 1).

Os maiores valores acumulados de precipitação, considerando a rede meteorológica do IPMA, ocorreram em: Cabril, 475.5 mm; Penhas Douradas, 451.9 mm; Arouca, 419.2 mm; Lamas de Mouro, 395.9 mm; Luzim, 382.0 mm; Braga, 375.4 mm (Figura 2).

Neste período (1 a 11 de janeiro) e nas regiões referidas, ocorreu precipitação em todos os dias. O número de dias chuvosos (precipitação ≥ 10 mm) variou entre 5 e 10 dias; e o número de dias muito chuvosos (precipitação ≥ 30 mm) variou entre 4 e 8 dias.

Nos dias 3, 4 e 8 a 10 (5 dias) os valores de precipitação ocorridos correspondem a 70% a 90% do valor total no período de 11 dias.

No dia 11 de janeiro, a Norte do rio Mondego, os valores de percentagem de água no solo excederam a capacidade de campo, chegando em algumas regiões à saturação.

http://www.ipma.pt/pt/media/noticias/newsdetail.html?f=/pt/media/noticias/textos/clima-12012016.html
 
Distribuição geográfica dos acumulados de precipitação na primeira quinzena de Janeiro:

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Foi excedido o valor de 400 mm em toda a linha de alturas da Peneda ao Caramulo e ainda Serra de Arga e Serra da Estrela.

Nessa linha há valores superiores a 500 mm. Na região do Caramulo há duas estações WU que que terão excedido os 550 mm, bastante mais mesmo, mas só com a continuação da monitorização das observações poderei dizer se são fiáveis. Há mesmo uma estação, Campia, que tem um registo diário extraordinário superior a 250 mm e a série parece consistente.

Beira Alta com valores superiores a 200 mm na maior parte da região.
Efeito de sombra da cordilheira central, deixando a zona sueste da Beira Baixa com valores muito menores, inferiores a 100 mm.
Também efeito de sombra, ainda a ser confirmado com mais estações, a leste das elevações de Braga a Paços de Ferreira.

Logo a norte do vale do Tejo é o limite dos 100 mm neste período.

Para sul do Tejo só se excedeu os 100 mm nas serras mais proeminentes e/ou com efeito de barreira, S.Mamede, Cercal e Monchique.

Persistem valores reduzidos em extensa parte do Baixo Alentejo e no sotavento algarvio.


À medida que vou inserindo mais estações, em vez de emergir um quadro geral consistente da distribuição da precipitação, o traçado das isoietas torna-se cada vez mais detalhado e mesmo incerto. Claro que muitas estações têm sido rejeitadas, mas o critério de rejeição nem sempre é fácil.

Urge estabelecer padrões de qualidade na instalação e manutenção das estações, ou então a proliferação de registos erróneos cria um ruído tal que a verdadeira imagem da distribuição geográfica perde-se; começamos a duvidar de todas as estações, até mesmo das oficiais.

Os pluviómetros automáticos têm na minha opinião grandes defeitos de concepção e a instalação proposta pelos fabricantes em nada está de acordo com os padrões mínimos estabelecidos pela OMM. O pluviómetro não pode estar num mastro; não pode estar ao pé de outros objectos, especialmente se estes estiverem mais elevados do que a boca do pluviómetro; não pode estar em lugar sujeito a fluxos de vento de contorno locais; etc. Deveria haver sempre instalado a par do pluviómetro registador automático, mas em local distinto e não muito próximo, um udómetro simples cujo acumulado fosse medido diariamente e comparado com o registo automático.
 
Atenção que as estações de Viana do Castelo estão com um défice de precipitação, pois pelo menos num dos dias mais chuvosos, não debitaram dados de precipitação. É certo que, devido à sua menor influência mediterrânica , a chuva distribui - se ao longo de todo o ano e menos em curtos períodos, mas é um facto que há aí um défice.
 
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Distribuição geográfica dos acumulados de precipitação na primeira quinzena de Janeiro:

Foi excedido o valor de 400 mm em toda a linha de alturas da Peneda ao Caramulo e ainda Serra de Arga e Serra da Estrela.

Nessa linha há valores superiores a 500 mm. Na região do Caramulo há duas estações WU que que terão excedido os 550 mm, bastante mais mesmo, mas só com a continuação da monitorização das observações poderei dizer se são fiáveis. Há mesmo uma estação, Campia, que tem um registo diário extraordinário superior a 250 mm e a série parece consistente.

Beira Alta com valores superiores a 200 mm na maior parte da região.
Efeito de sombra da cordilheira central, deixando a zona sueste da Beira Baixa com valores muito menores, inferiores a 100 mm.
Também efeito de sombra, ainda a ser confirmado com mais estações, a leste das elevações de Braga a Paços de Ferreira.

Logo a norte do vale do Tejo é o limite dos 100 mm neste período.

Para sul do Tejo só se excedeu os 100 mm nas serras mais proeminentes e/ou com efeito de barreira, S.Mamede, Cercal e Monchique.

Persistem valores reduzidos em extensa parte do Baixo Alentejo e no sotavento algarvio.


À medida que vou inserindo mais estações, em vez de emergir um quadro geral consistente da distribuição da precipitação, o traçado das isoietas torna-se cada vez mais detalhado e mesmo incerto. Claro que muitas estações têm sido rejeitadas, mas o critério de rejeição nem sempre é fácil.

Urge estabelecer padrões de qualidade na instalação e manutenção das estações, ou então a proliferação de registos erróneos cria um ruído tal que a verdadeira imagem da distribuição geográfica perde-se; começamos a duvidar de todas as estações, até mesmo das oficiais.

Os pluviómetros automáticos têm na minha opinião grandes defeitos de concepção e a instalação proposta pelos fabricantes em nada está de acordo com os padrões mínimos estabelecidos pela OMM. O pluviómetro não pode estar num mastro; não pode estar ao pé de outros objectos, especialmente se estes estiverem mais elevados do que a boca do pluviómetro; não pode estar em lugar sujeito a fluxos de vento de contorno locais; etc. Deveria haver sempre instalado a par do pluviómetro registador automático, mas em local distinto e não muito próximo, um udómetro simples cujo acumulado fosse medido diariamente e comparado com o registo automático.

Excelente trabalho, mais uma vez. ;)

Por falta de estações no Alvão e Marão, essa região montanhosa acaba por ficar oculta no que diz respeito à precipitação.
O INAG tem estado a fazer manutenção às principais estações, e algumas já estão a debitar dados.
É o caso de Santa Marta da Montanha no concelho de Vila Pouca de Aguiar. Até ao dia 15, a estação seguia com 407,8mm. Precipitação das 9h às 9h.

0E8DMHI.jpg


Em Montemuro, a isoieta dos 400mm deve ir quase até Tarouca (que fica na sombra da Serra de Santa Helena - 1102m), Vila Cova à Coelheira e Calde.
A estação de Lamelas - Castro Daire, ainda só tem dados até dia 8. Vamos aguardar.

A norte de Lisboa, a estação do INAG de Caneças ia com 85,5mm até dia 15.

GilEC42.jpg


A ver se brevemente adquiro um pluviometro e o instalo em Caneças, à cota 300. ;)
 
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Excelente trabalho, mais uma vez. ;)

Por falta de estações no Alvão e Marão, essa região montanhosa acaba por ficar oculta no que diz respeito à precipitação.
O INAG tem estado a fazer manutenção às principais estações, e algumas já estão a debitar dados.
É o caso de Santa Marta da Montanha no concelho de Vila Pouca de Aguiar. Até ao dia 15, a estação seguia com 407,8mm. Precipitação das 9h às 9h.

0E8DMHI.jpg


Em Montemuro, a isoieta dos 400mm deve ir quase até Tarouca (que fica na sombra da Serra de Santa Helena - 1102m), Vila Cova à Coelheira e Calde.
A estação de Lamelas - Castro Daire, ainda só tem dados até dia 8. Vamos aguardar.

A norte de Lisboa, a estação do INAG de Caneças ia com 85,5mm até dia 15.

GilEC42.jpg


A ver se brevemente adquiro um pluviometro e o instalo em Caneças, à cota 300. ;)

"Só" 85,5 mm? A que cota fica essa estação?
Por exemplo o Linhó (195 mts), nessa mesma escala temporal ia nos 121,6 mm.

PS: Muito bom o regresso das estações.
 
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"Só" 85,5 mm? A que cota fica essa estação?
Por exemplo o Linhó (195 mts), nessa mesma escala temporal ia nos 121,6 mm.

PS: Muito bom o regresso das estações.

Aqui. A cota deve ser +-280m.
Está no cruzamento que vai para Vale de Nogueira, junto à quinta do Banco de Portugal.

Linhó saiu beneficiado tanto no dia 4 como no dia 8 com 23,6mm e 31,7mm. Isso fez toda a diferença na comparação com Caneças.
Em Dezembro, já não foi assim. Caneças acumulou 104,1mm ao passo que Linhó ficou-se pelos 67,8mm.
 
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@AnDré parece que voltou ao activo a estação da Malveira da Serra, mas que grandes noticias estas.
A estação registou uma velocidade máxima de 97 km/h no dia 17 de Outubro, pena não registar os valores das rajadas, que valor brutal.

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@StormRic Já temos outra estação

77 mm cota 350mts + ou -
Grande diferença entre a zona oeste e este da serra.
O pequeno caudal do rio Touro tambem é outro indicativo disso mesmo.
Já temos valores de vento e precipitação para acompanhar, mas será igualmente interessante observar os mm deixados pelo capacete da serra ao longo do verão.
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Nessa linha há valores superiores a 500 mm. Na região do Caramulo há duas estações WU que que terão excedido os 550 mm, bastante mais mesmo, mas só com a continuação da monitorização das observações poderei dizer se são fiáveis. Há mesmo uma estação, Campia, que tem um registo diário extraordinário superior a 250 mm e a série parece consistente.

Estive a olhar para essa estação da Campia e não acho a série correcta. Dias 3 e 4 choveu abundantemente na região, e a estação só acumulou 11,9mm no dia 4. Até então, 0mm. Depois dos 298,7mm voltou aos zeros. Não é uma estação a ter em conta.

No entanto, a de Varziela do INAG, em plena serra do Caramulo - situada a 740m de altitude, segue com 536mm nesse período.

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Tavira já tem dados disponíveis de novo.

O mês vai com 29.2 mm. No ano passado Janeiro passou dos 53 mm. A situação está bem pior este ano que no último ano hidrológico. Nem 190 mm estão acumulados (~34% da média anual).
 
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Atenção que as estações de Viana do Castelo estão com um défice de precipitação, pois pelo menos num dos dias mais chuvosos, não debitaram dados de precipitação. É certo que, devido à sua menor influência mediterrânica , a chuva distribui - se ao longo de todo o ano e menos em curtos períodos, mas é um facto que há aí um défice.

É verdade quanto à interrupção de Chafé, o total da quinzena será superior a 200mm e a respectiva isoieta talvez nem mesmo exista naquele trecho de costa. No entanto a série de Viana do Castelo (cidade) ficou completada com a publicação no resumo diário do IPMA do acumulado total do dia em que houve interrupção de registo. A interrupção terá sido meramente informática e o valor total estava registado. Apesar de parecer um valor reduzido em relação à região do Minho em geral, nada há na série de registos, reafirmo-o, que faça desconfiar da sua invalidade. Ainda falta estudar as estações não oficiais próximas para conseguir chegar a uma conclusão final. Obrigado pela chamada de atenção, o traçado está mesmo incorrecto.
 
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O INAG tem estado a fazer manutenção às principais estações, e algumas já estão a debitar dados.

:thumbsup: boas notícias! Confesso que já tinha desistido há muito tempo de procurar no INAG. Espero que continuem, a rede deles foi muito bem planeada de início e é fundamental para traçar um quadro muito mais preciso da distribuição, principalmente nas regiões montanhosas.

Em Montemuro, a isoieta dos 400mm deve ir quase até Tarouca (que fica na sombra da Serra de Santa Helena - 1102m), Vila Cova à Coelheira e Calde.

:thumbsup:Espero conseguir integrar mais estações proximamente, estava consciente de numerosas lacunas. Entretanto parei a inclusão de estações WU porque a quantidade de erros e suspeitas de mau funcionamento tornaram o trabalho muito moroso e desmotivante.

A norte de Lisboa, a estação do INAG de Caneças ia com 85,5mm até dia 15.

A definição do traçado na região Lisboa/Oeste é dos mais "nervosos". Há muitos picos localizados, a escolha das isoietas apenas dos 50 e dos 100 mm também foi feita para disfarçar a ainda falta de estações incluídas. O trabalho de selecção aqui nesta zona é dos mais difíceis devido à grande proliferação de estações e de dados de baixa qualidade.

"Só" 85,5 mm? A que cota fica essa estação?
Por exemplo o Linhó (195 mts), nessa mesma escala temporal ia nos 121,6 mm.

PS: Muito bom o regresso das estações.

Devia ter já incluído o Linhó, foi lapso, o acumulado define um pico superior a 100mm que certamente envolverá toda a serra de Sintra. ;)
 
@StormRic Já temos outra estação

77 mm cota 350mts + ou -
Grande diferença entre a zona oeste e este da serra.
O pequeno caudal do rio Touro tambem é outro indicativo disso mesmo.
Já temos valores de vento e precipitação para acompanhar, mas será igualmente interessante observar os mm deixados pelo capacete da serra ao longo do verão.

:thumbsup: sem dúvida boa notícia esta também!

Observaste o Rio Touro perto da estrada Malveira-Azóia? Pois realmente parece que as vertentes oeste e sudoeste da serra ainda não foram benificiadas.
 
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