Distribuição geográfica dos acumulados de precipitação na primeira quinzena de Janeiro:
Foi excedido o valor de 400 mm em toda a linha de alturas da Peneda ao Caramulo e ainda Serra de Arga e Serra da Estrela.
Nessa linha há valores superiores a 500 mm. Na região do Caramulo há duas estações WU que que terão excedido os 550 mm, bastante mais mesmo, mas só com a continuação da monitorização das observações poderei dizer se são fiáveis. Há mesmo uma estação, Campia, que tem um registo diário extraordinário superior a 250 mm e a série parece consistente.
Beira Alta com valores superiores a 200 mm na maior parte da região.
Efeito de sombra da cordilheira central, deixando a zona sueste da Beira Baixa com valores muito menores, inferiores a 100 mm.
Também efeito de sombra, ainda a ser confirmado com mais estações, a leste das elevações de Braga a Paços de Ferreira.
Logo a norte do vale do Tejo é o limite dos 100 mm neste período.
Para sul do Tejo só se excedeu os 100 mm nas serras mais proeminentes e/ou com efeito de barreira, S.Mamede, Cercal e Monchique.
Persistem valores reduzidos em extensa parte do Baixo Alentejo e no sotavento algarvio.
À medida que vou inserindo mais estações, em vez de emergir um quadro geral consistente da distribuição da precipitação, o traçado das isoietas torna-se cada vez mais detalhado e mesmo incerto. Claro que muitas estações têm sido rejeitadas, mas o critério de rejeição nem sempre é fácil.
Urge estabelecer padrões de qualidade na instalação e manutenção das estações, ou então a proliferação de registos erróneos cria um ruído tal que a verdadeira imagem da distribuição geográfica perde-se; começamos a duvidar de todas as estações, até mesmo das oficiais.
Os pluviómetros automáticos têm na minha opinião grandes defeitos de concepção e a instalação proposta pelos fabricantes em nada está de acordo com os padrões mínimos estabelecidos pela OMM. O pluviómetro não pode estar num mastro; não pode estar ao pé de outros objectos, especialmente se estes estiverem mais elevados do que a boca do pluviómetro; não pode estar em lugar sujeito a fluxos de vento de contorno locais; etc. Deveria haver sempre instalado a par do pluviómetro registador automático, mas em local distinto e não muito próximo, um udómetro simples cujo acumulado fosse medido diariamente e comparado com o registo automático.