Partilho convosco a minha experiência de um dos dias mais memoráveis de todos nós (meteorologicamente falando), o dia 29 de Janeiro de 2006.
Tinha 11 anos e nesse dia os meus pais tinham decidido ir a Fátima, pois já não lá íamos há uns bons anos. E que pontaria tiveram na escolha do dia. Saímos de casa de manhã bem cedo e fizemo-nos à estrada. Estava uma manhã muito fria e cinzenta. Eu com essa idade já tinha gosto pelo tempo e costumava olhar para o termómetro do carro e ficou-me na memória os 2ºC acompanhados pela chuva na zona de Alcobaça a meio da manhã e lembro-me de ter pensado nesse instante que nunca tinha visto chuva com tanto frio, nunca pensado o que iria viver a seguir.
A dada altura a minha mãe diz que está a cair uma chuva estranha e que as gotas da chuva parecem demorar tempo a cair e flutuar, ao que o meu pai responde “parece mesmo que está a nevar”. E confirmou-se. Nunca tinha visto nevar (já tinha visto neve na Serra da Estrela mas nunca queda de neve). Cinco minutos foram suficientes para poder observar os telhados das casas pintados de branco. A minha mãe ligou para familiares, que disseram que na minha zona apenas chovia. Mas uns 20 minutos mais tarde devolveram a chamada para dizer que estava a nevar também, mas sem acumular.
Tenho bem presente na minha memória ter passado pelo cruzamento da N8 com o IC2 e de nevar com grande intensidade nesse local e de ver passar os carros cobertos de neve (o meu pai até disse na brincadeira “está a nevar torrencialmente”). Aí o termómetro marcava 0ºC. Lembro-me de ter passado no viaduto sobre a A1 e de ver a auto-estrada cortada ao trânsito e soterrada numa grande camada de neve.
Em Fátima, antes de irmos ao santuário, parámos para almoçar e durante essa hora ainda nevava. Quando saímos do restaurante para voltar ao carro, os passeios estavam com grande acumulação de neve, tal como o nosso carro. Quando chegámos ao santuário, já não nevava, mas a acumulação de neve era tal que parecia realmente que estávamos na Serra da Estrela.
Infelizmente não tenho fotos desse dia para mostrar, apenas tenho a memória que dificilmente esquecerei. Depois desse evento, nunca mais voltei a ver neve e adorava voltar a testemunhar esta experiência na minha zona um dia.