belem
Cumulonimbus
O estudo sobre as nidificantes, o Atlas das Aves nidificantes em Portugal, não é uma pálida imagem da realidade, é mesmo a realidade. É um estudo elaborado no período de 1999-2005 e que reflecte bem a realidade portuguesa nesse período. Disponibiliza informação detalhada sobre 235 espécies que nidificaram em Portugal, incluindo os padrões de abundância. Trata da biogeografia, do uso do território e da conservação das espécies observadas. Estiveram envolvidos centenas de ornitólogos profissionais e amadores. Em termos de publicação (grafismo, qualidade etc) é das melhores que tenho visto em termos europeus. Tenho comigo, na minha "biblioteca", duas dezenas de atlas europeus e americanos e o nosso destaca-se pela qualidade gráfica. As ilustrações, na globalidade, são excelentes. Tem defeitos? Foi bem conduzido em termos de metodologia? O tratamento final dos dados foi o mais adequado? Os textos finais são os melhores? Naturalmente que não é perfeito. Mas o resultado final é bom. E acima de
tudo é bom instrumento de planeamento.
Falta agora um atlas de invernantes e falta informação sobre as espécies ocasionais. Mas em termos de nidificantes não me parece que mereça grandes críticas.
Sim é um bom instrumento de planeamento. Mas a realidade é que fizeram-se poucos estudos e de uma forma muito localizada ( aspecto esse deveras evidente). Assim percebe-se que a minha intenção não é fazer grandes críticas. É constatar a realidade, apenas. Eu se fosse ornitólogo compraria esse Atlas, naturalmente.
A situação descrita por mim, refere-se à forma como se apresentam as nossas ideias.
Dizer que em Portugal há 3, 20, 153, 250 ou 300 espécies de aves, parece-me um tanto conservador. Se falarmos em nidificantes acho que tem mais sentido( sobretudo quando se refere concretamente às espécies encontradas e assim é um estudo científico rigoroso correcto) agora chamar isso de representativo tem muito que se lhe diga.
Podiamos ser um pouco mais humildes. Encontrar aves a nidificar ( tendo em conta a extrema dificuldade que isso apresenta) numa área tão grande com tão poucos meios possíveis e investigadores é sem dúvida uma tarefa que requer tempo e alguma humildade na apresentação dos resultados.
E tenho conhecimento que muitos ornitólogos ( entre amadores e profissionais) estão a preparar novas publicações tendo em vista os pontos que referi ( existem muito mais espécies do que as referidas e sobre muitas não há quase dados para extrapolar seja o que for). O que se pretende é mais trabalho de campo e sempre que possível melhores e mais completas metodologias para apresentar dados mais próximos da realidade.
O Atlas está bom mas dizer que é representativo é um bocado demais.