StormRic
Furacão
A maioria das estações da Europa apanharam a onda de choque também às 19h00UTC mais ou menos. Terão havido 2? Também apanhei essa das 00h00, e penso que uma ligeiro registo perto das 19h00.
Ver anexo 928
Na minha estação tenho uns pico nas primeiras horas de hoje (Domingo, 16). Será das ondas de choque?
Ver anexo 929
Melhor aqui:
Ver anexo 931
Teoricamente qualquer lugar no globo terá recebido duas ondas de choque, mas em geral uma mais forte do que a outra. Isto deve-se a que a primeira a chegar corresponde à menor distância ao longo de um arco na superfície terrestre que pertence ao círculo máximo que passa no ponto emissor da onda (Hunga Tonga) e no ponto receptor (qualquer estação no globo). Círculo máximo de dois pontos na superfície terrestre é a intersecção de um plano que passa nesses dois pontos e no centro da Terra com o globo terrestre suposto esférico. A segunda onda seguiu também ao longo de um arco do mesmo círculo máximo mas em sentido contrário. A soma das distâncias dos dois trajectos seria teoricamente igual ao perímetro da Terra suposta esférica, aproximadamente 40 000 Km. Claro que esta situação corresponde a um globo perfeitamente esférico e de superfície lisa (planeta 100% oceânico, por exemplo, e mesmo assim deformado pelas forças de maré e de rotação). A realidade coloca inúmeros obstáculos à progressão da onda, principalmente a orografia dos continentes, e por isso a primeira frente de onda a chegar a um certo local, muito afastado, pode não ser a mais forte devido aos obstáculos (perda de intensidade) e até fenómenos de difracção ao contorná-los (flexão das ondas com mudança de direcção de propagação). Foi o caso do território continental português, em que foi a onda que seguiu o trajecto mais longo aquela que chegou com maior intensidade. Isto talvez se deva à posição do território na frente atlântica e existência de obstáculos importantes no trajecto mais curto, aquele que é obrigado a passar pela cordilheira das Montanhas Rochosas, logo perdeu muita intensidade nessa barreira. Enquanto que para outros lugares da Europa - e bastam pequenas diferenças de localização - o círculo máximo tem uma janela orográfica ideal para a onda de choque, ao atravessar o Estreito de Bering, tangenciar o norte da Groenlândia e evitar ainda o relevo costeiro norueguês: é o caso do litoral da Bélgica, por exemplo.
Na imagem, a vermelho é o arco de círculo máximo mais curto que passa em Hunga Tonga e em Lisboa; a verde o que passa pela Bélgica.
Se tiverem o Google Earth podem usar a ferramenta "régua" para traçar estes arcos, identifcando primeiro a localização do vulcão como início do segmento e depois esticando-o até chegar à estação de recepção da onda. Podem confirmar que pequenas variações de algumas dezenas ou centenas de quilómetros na posição da estação originam grandes deslocamentos laterais do arco.
Tentem encontrar por onde terá passado a onda de choque que chegou até cá. Não é fácil, pois o arco criado com esta ferramenta corresponde sempre ao mais curto, mas onda que nos chegou seguiu pelo arco mais longo...
Não esquecer ainda o fenómeno de difracção ao contornar obstáculos.