Afinal, a Madeira tem mais para ver
Na madrugada de terça-feira, registou-se novo nevão. No Monte, mais concretamente, no Caminho da Levada dos Tornos, a surpresa foi total para alguns populares que, por volta das 7 horas, à saída das suas casas, se depararam com a neve à porta.
Na casa de abrigo do Poiso, encontramos verdadeiras “romarias familiares” rumo à neve. «Estamos de férias e então aproveitamos para vir ver a neve», contou-nos Cláudia, acompanhada de alguns amigos e a irmã mais nova. «Deixamos o carro aqui no parque e tentamos ir a pé, mas estava muito vento», continuou. Apesar da quantidade de neve, mostrava-se surpreendida com a temperatura. «Pensei que ia estar mais baixa. Já tive aqui situações em que nem conseguia sair do carro».
Agradavelmente surpreendidos estavam Jane e Clive, um casal natural das Midlands, em Inglaterra, mas a residir há cerca de três anos na Madeira. «É absolutamente maravilhoso. Um vizinho e amigo convidou-nos a um passeio até ao Poiso para tomar uma poncha e ver a neve, mas eu não acreditei. É incrível. Pensávamos que conhecíamos a Madeira ao fim de três anos, mas chegamos à conclusão de que, afinal, não a conhecemos», dizia Jane, que já se considera madeirense, ou melhor quase. «Estamos habituados ao vosso clima, ou melhor, pensávamos que estávamos. A verdade é que faz muito frio».
Ao balcão da casa de abrigo, os empregados não tinham mãos a medir. «Os copos de vidro esgotaram. Tivémos de trabalhar com copos de plástico», contou-nos o experiente Vieira.
«A neve começou a cair desde as 7 horas da manhã de segunda-feira. Há muitos anos que não via tanta neve nesta altura do ano», assegura. Enquanto isso, ao lado, os restantes empregados vão preparando a poncha, o cortado, o café de cevada e a açorda.
Por esta altura, entra Elmano Rodrigues, acompanhado da esposa. «Estamos de férias na Madeira. Acabamos de chegar de Jersey. Saímos da neve e viémos para a neve», diz com um sorriso. «Nevou lá na semana passada. Agora, chegámos à Madeira e encontrámos estas lindas condições», prossegue a esposa, após ter confidenciado que estão há 33 anos emigrados.
Sousa Ferreira e Osvaldo Fernandes também não quiseram perder o raro “espectáculo”. «Há pouco mais de duas semanas, viémos cá para ver a neve, mas nada que se compara com o que agora encontramos», afirmam. «Aproveitamos para vir ver neve e com o frio que está, tem que se tomar um copinho. Está muito frio para ir até lá acima. Não trouxemos agasalhos suficientes».
Acompanhado da família, encontramos Nélio, nas traseiras do seu veículo, retirando alguns agasalhos para se aventurar na neve. Antes, há que atestar bem o estômago, com um café bem quente. «Eu pelo menos não tenho memória de ter visto assim tanta neve. E tenho vindo algumas vezes», referiu. A viagem ao Poiso, contou, duraria até às 14 horas. «Temos ali a mulher de um nosso amigo que entra às 15 e por isso, é só para a pequenada ver», explicou, rodeado pelo João e pela Verónica, dois miúdos de 10 e 8 anos, respectivamente, que se vão atingindo mutuamente com bolas de neve.
Ao lado, está Filomena, de 76 anos. «Só este ano, já vim cá três vezes. Mas, tanta neve como agora, nunca tinha visto», garantiu.