Seguimento Açores e Madeira - Setembro 2015

Metade da frente já passou pelo G. Ocidental. Foi uma 'sorte' as células terem passado exatamente por cima das estações (+8 mms nas Flores na última hora). Sem radar é impossível verificar a severidade da chuva à noite. A atividade convectiva é dispersa. Como escrevi anteriormente, acredito que haja uma camada tampão.
 
Olhando transversalmente para o GFS é possível que o G. Central experiencie condições semelhantes às do G. Ocidental (mas na generalidade menos gravosas). Na globalidade a frente perderá muita ventania antes de chegar ao G. Oriental. Curiosamente o CAPE deverá ser superior neste grupo.


UdG9kJL.png


RflRGsh.png

YXGidR0.gif


É possivel que a frente chegue muito mal tratada ao G. Oriental. A humidade a 700 hPa é muito fina, reduzindo drasticamente a probabilidade de chuva.

fBaTAuj.png


Se tivesse que apostar, diria que chuva fraca a moderada pode ocorrer.
 
Última edição:
Boa tarde.

Vou tentar fazer uma antevisão das próximas 72 horas mediante o GFS. Como a previsão tem um intervalo temporal extenso não vou entrar em muito pormenor porque certamente as condições irão mudar, ligeiramente ou não (daí que use a saída 6z do GFS que não é do meu agrado).

Nas próximas horas uma cut-off (em português não tem uma tradução literal. Basicamente é um núcleo depressionário que engloba ar frio em altitude e que se desprende da corrente atmosférica dominante) irá formar-se a noroeste do arquipélago dos Açores, deslocando-progressivamente para este. A atmosfera ficará mais ou menos estável, formando-se um bloqueio, estando o núcleo depressionário mais ou menos estável na zona dos Açores e os focos mais intensos do anticiclone a oeste e a nordeste do arquipélago. Os ventos mais fortes irão ocorrer tendencialmente no noroeste da depressão, onde se encontram as isobaras mais juntas:

iMtQIaG.png


Esta depressão irá ficar progressivamente verticalmente empilhada, ou seja, haverá (quase) uma sobreposição dos núcleos depressionários nos vários níveis da atmosfera (500 hPa, 700 hPa, 850 hPa...). Isto contribuirá para que não haja um cavamento significativo da depressão. O jet não passa pelo centro da depressão mas pode alimentar o surgimento de células (irei abordar isto mais tarde).

Começando pela superfície, os pontos de orvalho não serão muito altos. Mesmo a 72h estarão pelos 17/18º (para poupar espaço não insiro a imagem). Quanto aos ventos de superfície, poderão ser localmente moderados:

7m21Myw.png


Mais acima, a convergência será, de vez em quando, muito interessante:

QpZqDhG.gif


A 925 hPa, os ventos serão moderados, afetando mais o G. Ocidental. Nota ainda para a humidade irregular e para o pouco contraste na temperatura:

nmNssIh.gif


AQOV4Ln.gif


q5h3nFd.gif


A 850 hPa, ventos fortes a afetar mais o G. Ocidental, humidade irregular e temperaturas pouco díspares:

uTIrKeP.png


Fynw1Zz.gif


8TLFLZb.gif


Ainda neste nível, nota para a pouca água precipitável (que é muito relevante na determinação da severidade da chuva) e a muita vorticidade:

ZDnQGzu.gif


whrIjyT.gif
 
  • Gosto
Reactions: StormRic
A 700 hPa, há uma bolsa de ar frio. Os ventos mais intensos afetarão mais o G. Ocidental. O CAPE, LI e os movimentos verticais são irregulares. Nota ainda para o muito ar seco:

uTwf4sY.gif


lzneQxG.gif


0J76QAn.png


X0Xx7tR.gif


A 500 hPa, os ventos são moderados. A humidade é também irregular. A vorticidade é elevada e as temperaturas são interessantes:

bRVjexB.gif


w8Lttyr.gif


m0os0Jl.gif


uviAF9H.gif


A 300 hPa, o jet irá também desprender-se da circulação dominante. Circundará a depressão. Poderá aumentar a intensidade das células:

pasatfC.png


Relativamente aos gradientes térmicos, e tomando em conta a saída 6+48 do GFS: entre 10 e 13º a 925 hPa (+-700 metros); entre 5 e 8º a 850 hPa (1,5 kms); 0º a 700 hPa (3 kms) e entre -15 e -19º a 500 hPa (6 kms) (as variações térmicas devem-se às bolsas de ar com temperaturas muito díspares ao longo do arquipélago). Fica então: 6.25º/km entre os 925 hPa e os 850 hPa [(10-5)/1,5-0.7)] e [(13-8)/1,5-0.7)]; entre os +-3.33º/km (camada estável) [(5-0)/3-1.5)] e os +-5.33º/km (camada instável) [(8-0)/(3-1.5)] entre os 825 hPa e os 700 hPa; entre os -5º/km [(-15-0)/(6-3)] e os ~-6.33º/km [(-19-0)/(6-3)] na camada entre os 700 hPa e os 500 hPa.

Conclusão: Espero uma grande diversidade de fenómenos atmosféricos durante este evento. Haverão locais em que haverá estabilidade e as nuvens serão impedidas de crescer muito e outros em que se poderão ver cumulus bastante desenvolvidos. A convecção será superior perto do núcleo depressionário (especialmente a noroeste), sendo que esta será dispersa (a humidade a 700 hPa encarregar-se-á disto). O G. Ocidental aparenta ser o mais afetado mas há sempre diferenças na realidade. A acontecer trovoada, esta será mais provável no G. Ocidental (nos outros grupos não acredito muito, pelo menos por agora). Nos locais com camadas tampão pode ocorrer chuva (um pouco mais) forte localmente. Não acredito que haja muita chuva forte em termos gerais. A água precipitável é muito baixa e humidade geral da atmosfera (excluindo o G. Ocidental) é muito irregular. Contudo, o ar em altitude está frio e com alguma humidade. Portanto, a condensação ocorrerá com alguma eficiência (especialmente perto do núcleo). A presença do jet pode dar azo a alguma célula mais forte com trovoada. Trombas de água fracas e de curta duração são possíveis devido à muita vorticidade nos níveis baixos. A irregularidade do CAPE, LI e movimentos verticais a 700 hPa baralham mais as contas. Células mais fortes podem surgir onde estes 3 fatores tiverem condições favoráveis.

Claro que as sucessivas saídas vão mudando sempre alguns parâmetros. O mais incerto é a trovoada. Como já escrevi, os Açores não são o continente em que a insolação tem um peso muito superior. Provavelmente as trovoadas estariam (quase) garantidas se o sol aquecesse o mar de forma significativa.
 
Última edição:
  • Gosto
Reactions: StormRic
5SnR3uE.gif


----

Cr0btob.png


PFWSFmu.png


1kbp4pp.png


O Grupo Oriental deve ficar a ver navios :D Ainda falta algum tempo. Dificilmente haverá uma grande diferença do que está modelado mas alguns milímetros a mais podem escapar para oriente. A depressão deve ficar por cá até ao final da semana. Os grupos ocidental e central devem ter atenção redobrada (é possível que surjam células sucessivas no mesmo local devido à posição estacionária da depressão e vento/convergência persistentemente moderado/a a forte). Para quando um/a corvino/a e/ou florentino/a neste humilde tópico? :D
 
Última edição:
  • Gosto
Reactions: StormRic e lserpa
O dia com chuva mais intensa parece ser o dia 30 (no G. Central - GFS ou Ocidental - Hirlam). Amanhã ter-se-á mais certezas (localização, possiblidade de trovoada, instabilidade na atmosfera...).
 
  • Gosto
Reactions: StormRic e lserpa
A precipitação acima descrita, excecional, deverá ser alimentada por movimentos verticais sobrepostos na atmosfera (notar marcações amarelas - às vezes ilegíveis - indicativo dos movimentos verticais; a altura em mb/hPa está indicada no fim das cartas; a saída é GFS 18 + 42). O empilhamento vertical da depressão é notório:

mMNSs2I.gif


fcQWi04.gif


gQPDff7.gif


GShpd50.gif


A especificidade temporal e situacional aumenta a probabilidade de que este evento não aconteça. Como escrevi antes a humidade é muito traiçoeira. Ver-se-á:

57eROOU.png
 
Última edição: