Segunda passagem do ciclone Freddy provoca mais de 100 mortos
A passagem do ciclone Freddy pela África Austral já causou, desde domingo, pelo menos 99 mortos no Maláui e oito em Moçambique, e 134 feridos graves em Blantyre (Maláui). No total, cerca de 4000 famílias foram afetadas, isto é, cerca de 10 mil pessoas.
O transbordo de alguns rios afetou áreas residenciais, cortou estradas, destruiu habitações e levou ao encerramento de várias escolas. Os voos programados no aeroporto de Blantyre também foram cancelados.
Segundo o Departamento de Gestão de Catástrofes e o Ministério dos Recursos Naturais e Alterações Climáticas, Freddy poderá causar chuvas torrenciais acumuladas entre 400 e 500 milímetros, rajadas e ventos fortes em zonas do sul de Maláui num período de 72 horas, até começar a perder força na quarta-feira. O país declarou ontem, segunda-feira, o estado de calamidade em várias partes do sul. É esperada a ocorrência de inundações nos distritos de Nsanje, Chikwawa, Thyolo, Mwanza, Mulanje, Phalombe e Zomba.
Em Moçambique, o ciclone regista mais de 200 mm de chuva por dia nas províncias centrais de Zambézia, Sofala, Manica, Tete e Niassa. Até ao momento provocou destruição considerável de infraestruturas, principalmente na província de Zambézia. Vários bairros da cidade de Quelimane, a quarta maior do país, ficaram sem energia e telecomunicações. Quelimane está isolada, sem acesso por mar ou ar. O Hospital Provincial de Quelimane, bem como várias outras instituições, ficaram sem cobertura. Esta é a segunda vez que o ciclone Freddy atinge Moçambique, após a primeira vez no passado dia 24 de fevereiro, a qual provocou 10 mortos.
Segundo os meteorologistas, Freddy apresenta uma trajetória em arco, descrita como “fora do normal”. Tendo percorrido mais de 10 mil quilómetros desde que se formou no norte da Austrália a 4 de fevereiro, é considerado um dos ciclones mais duradouros, com a trajetória mais longa das últimas décadas, tendo cruzado já o oceano Índico até ao sul do continente africano.
A região espera receber nove ciclones até abril deste ano, que poderão fustigar alguns países como Moçambique, Maláui e Madagáscar. De acordo com dados das Nações Unidas, quase 300 mil pessoas foram afetadas e 17 morreram, na sequência da primeira passagem do ciclone na costa leste de Madagáscar a 21 de fevereiro e depois a 5 de março. Estima-se que, em Moçambique, a primeira passagem tenha afetado no total cerca de 171 385 pessoas, 29 705 hectares de terras cultivadas, das quais 27 199 hectares foram perdidos.
Fontes
Observador
ONU News
Foto in Observador