Seguimento África - 2024

PWAT = Água precipitável



Sobre este assunto -> https://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/international/itf/itcz.shtml

O agregador mais completo (que não substitui os IMs) de África que conheço -> https://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/international/africa/africa.shtml

A saída das 12z do ECMWF é impressionante. Zona de Zagora, uma das portas de entrada do Sahara marroquino, com mais de 300 mm em 24 horas (praticamente o quíntuplo da precipitação média anual), e 150 mm em 6 horas. Carta de acumulado de precipitação entre as 12z de dia 5 e as 12z de dia 6:

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A saída das 12z do ECMWF é impressionante. Zona de Zagora, uma das portas de entrada do Sahara marroquino, com mais de 300 mm em 24 horas (praticamente o quíntuplo da precipitação média anual), e 150 mm em 6 horas. Carta de acumulado de precipitação entre as 12z de dia 5 e as 12z de dia 6:

Ver anexo 13998

Nesse local parece ser um evento convectivo.

Ainda estando a uns dias de distância, até poderia ser um evento multifacetado.

Não obstante a seguinte a seguinte aberração, os acumulados no Mali seriam *apenas* jeitosos:

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Eventualmente, haveria o aparecimento de nebulosidade estratiforme (com acumulados variáveis). Imponente, mesmo:

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Os restos do ar húmido - excluindo a primeira imagem publicada - provavelmente causariam mais danos na Europa do que na generalidade do noroeste africano.

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Nesse local parece ser um evento convectivo.

Ainda estando a uns dias de distância, até poderia ser um evento multifacetado.

Não obstante a seguinte a seguinte aberração, os acumulados no Mali seriam *apenas* jeitosos:

bax4llo.png


KDi50XX.png


Eventualmente, haveria o aparecimento de nebulosidade estratiforme (com acumulados variáveis). Imponente, mesmo:

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Os restos do ar húmido - excluindo a primeira imagem publicada - provavelmente causariam mais danos na Europa do que na generalidade do noroeste africano.

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Poderá isso ser considerado um "rio atmosférico"?
 
Poderá isso ser considerado um "rio atmosférico"?

Central para a adveção do tal ar absurdamente húmido para zonas poucas frequentes a norte, parece ser o aparecimento de uma depressão no norte do Mali. Inicialmente, ela - vá - 'prende' o ar húmido e arrasta-o consigo.

Nas últimas imagens, aí sim, se pode considerar 'rio atmosférico'. Após a destruição da depressão ocorre breve fluxo de sul.

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-> https://www.ogimet.com/cgi-bin/ogimet_nav (Prc4 -> ver)

Como não há propriamente muitas estações no deserto -> https://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/international/africa/africa.shtml (cursor em Daily RFE ou ARC e escolher dia).

Diferença entre os 2 -> https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5441289/

Both ARC and RFE produce daily rainfall estimates solely for Africa and were created to aid drought monitoring across sub-Saharan Africa. RFE uses satellite imagery from two streams, namely (1) TIR imagery to create rainfall estimates based on the GOES Precipitation Index (GPI) algorithm46 and (2) PMW imagery from the AMSU and SSM/I satellite instruments are used to create rainfall estimates using the method described by Ferraro and Marks47. The TIR and PMW rainfall estimates are then merged, before being adjusted to available GTS station data. ARC is a long term (30+ years) dataset and employs a similar method to RFE in that satellite estimates are merged with GTS gauge data, however PMW data are not considered.
 
Calhou a sorte que eu estivesse no Sul de Marrocos durante este evento raro. Atravessei hoje o Atlas pela estrada N7 (que atravessa a zona afectada pelo sismo que ocorreu faz amanhã um ano), mas parece que tive sorte e o pior ocorreu uns 100 km a Sul e a Este - apesar de tudo vi chover, algo que a maioria dos visitantes desta região não tem no início de setembro.
Deve ter chovido consideravelmente nos pontos mais altos durante o dia de ontem porque o Oued Nfiss, que acompanha a estrada que eu percorri na vertente Norte do Atlas, tinha um caudal considerável (principalmente quando comparado com todos os restantes que eu atravessei, que estavam secos):

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Algumas fotos do maior aguaceiro que apanhei durante o dia, aos 2100m no alto Tizi N'Test:

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E o céu convectivo, já em Taliouine, com vento muito forte e uma cor acastanhada indicando a presença de muita poeira em suspensão:

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Ao cair da noite começou a chover, com intensidade mediana. Mantém-se assim há umas duas horas.

Amanhã passarei aqui:

 

E hoje já estavam a arranjar as obras de defesa fluvial que sofreram ontem alguns danos. Não havia pingo de água no leito do rio:

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Pelos vestígios de pedras e areia no pavimento, a largura da cheia foi bastante considerável (a ponte é visível ao longe):

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Hoje não vi chover, apenas algumas formações mas sempre à distância:

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No entanto, na zona de Ait Ben Haddou e Ouarzazate há várias estradas que foram galgadas ou que ainda estão a ser galgadas (passei duas assim mas não dava para fotografar enquanto as atravessava. O caudal era reduzido, o galgamento pareceu-me que se devia à acumulação de material sólido que entupia as passagens hidráulicas):

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Registaram-se 250 mm em Tata, onde a precipitação média anual é de cerca de 100 mm, foi um evento absolutamente anómalo, é natural que tenha causado tantos danos. Na zona por onde andei hoje foram "apenas" 80 mm, e já causou bastante confusão.

Estas imagens da zona de Zagora (em pleno Sahara) são impressionantes. Não consegui encontrar registos desta zona, mas foram certamente acima dos 100 mm, numa zona com média anual de 60 mm:

 
Paralelamente à reconstrução na cidade, devia estar a ser feito rapidamente um novo sistema de barragens a montante.
Avaliando pelas imagens, o plano da baixa da cidade devia privilegiar um canal bem mais largo, longo e profundo, talvez baixando a cota do fundo até mais para o interior. :unsure:
Se chegarem a essa conclusão mais tarde, já com as pontes construídas, vai ser difícil adaptar a obra à nova realidade, além de que a cidade neste momento não está protegida pelas barragens. Nenhum período de retorno de uma tempestade, por maior que seja, garante que no imediato não ocorra novamente algo semelhante.
 

Anexos

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Imagens do deserto cheio de água, na região de Merzouga. Ainda há inúmeras estradas cortadas e outras onde se passa com alguma dificuldade.

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Fiz os 300 km entre o Altas e Merzouga logo cedo para evitar complicações devido à chuva prevista para a tarde, com bastante intensidade, aproximadamente a meio do percurso. Quando cheguei a Merzouga ainda estava um dia típico de verão, mas duas horas depois abateu-se uma forte tempestade de areia, com vento bem forte (a previsão apontava para rajadas entre 70 e 80 km/h). Está prevista chuva para esta madrugada, mas sem acumulados significativos.

Antes da tempestade de areia:

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Durante:

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