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Diário de NoticiasMau tempo provocou uma morte
De norte a sul do País e também na Madeira, vento e chuva forte provocaram muitos estragos. Em Vila Nova de Gaia, um homem de 53 anos faleceu devido a uma queda. Torres Vedras encontra-se num estado caótico e pode ser declarada zona de calamidade pública. No Alentejo, três jovens esperaram quatro horas agarrados a uma árvore pelo salvamento.
As chuvadas fortes que assolaram o País provocaram um morto em Grijó, Vila Nova de Gaia. Ontem, pelas 08.30, António Oliveira Moreira, de 53 anos, preparava-se para entrar no carro para levar a mulher ao emprego quando o piso abateu e o arrastou para um poço com cerca de seis metros de profundidade que estava tapado há vários anos. O homem ainda sobreviveu à queda, mas uma corda rebentou durante o resgate e acabou por falecer no local.
A viatura estava estacionada numa garagem prefabricada construída por cima de um poço tapado com placas de cimento, mas "com as águas fortes que entraram, o mau tempo e a chuva e o peso sucessivo da viatura, acabou por aluir", contaram ao DN os Bombeiros Sapadores de Gaia, que acorreram à habitação na Rua da Póvoa de Baixo a pedido dos Bombeiros Voluntários de Grijó, que sem sucesso tentaram retirar a vítima.
António Oliveira deixa mulher e duas filhas. Os bombeiros transportaram o corpo para o Instituto de Medicinal Legal.
Ao nascer do dia, o rasto de destruição que assolou Torres Vedras durante a madrugada de ontem deixou à vista um cenário caótico. Os fortes ventos - que chegaram a atingir os 200 km/hora - arrancaram árvores pela raiz, destruíram telhados, provocaram quedas de postes eléctricos, limitações nos acessos e muitos danos em locais como no parque de campismo de Santa Cruz e na colónia de férias da Praia Azul. As contas estão por fazer, mas os prejuízos podem ascender aos milhões de euros.
O responsável pela protecção civil de Torres Vedras, Carlos Bernardes, afirmou que poderá "ser declarada calamidade pública no território", salientando que "há milhões de euros de prejuízos". "O balanço é catastrófico" e infra-estruturas como os cabos de electricidade ficaram "extremamente danificadas", o que fez com que 70% do concelho ficasse sem electricidade.
Os destroços da colónia de férias da Praia Azul podiam ser encontrados a meio quilómetro de distância. "Encontrei mais destruição do que tinha pensado. Temos de construir tudo de novo", realçou à Lusa Vítor Duarte, presidente da direcção. Os prejuízos foram avaliados em "milhares de euros".
Não houve feridos, pois nenhuma criança se encontrava nas instalações, mas dois guardas foram ajudados pelo director, Pedro Santos, que ficou incrédulo com o que encontrou. O telhado voou, portas e janelas ficaram danificadas, assim como as camaratas e o refeitório.
No parque de campismo de Santa Cruz viveram-se momentos de aflição. As tendas não resistiram, tal como algumas roulotes.
A subida repentina do nível de água na ribeira de Geraldos, próxima de Castro Verde, e a força da corrente arrastaram na madrugada de ontem um automóvel. Um dos ocupantes nadou até à margem. Os outros três ficaram cerca de quatro horas agarrados a uma árvore, em pleno leito do rio. Os bombeiros só os conseguiram resgatar com o auxílio de um helicóptero da Protecção Civil.
"Tínhamos passado naquele local cerca de 15 minutos antes, sem problema", garante João David, proprietário do automóvel, acrescentando que o grupo havia decidido deslocar-se a um ponto alto para ver a tempestade.
No regresso a casa, pouco depois das 03.00, perdeu o controlo do automóvel. "Ainda travei e consegui parar. Mas quando tentei fazer marcha-atrás, o carro foi arrastado pela corrente", diz João David.
Os quatro homens, com idades compreendidas entre os 26 e os 28 anos, conseguiram sair do interior da viatura. "Em menos de dois minutos, o carro ficou completamente submerso", acrescenta o condutor.
De acordo com Vítor Antunes, segundo o comandante dos Bombeiros Voluntários de Castro Verde, quando chegaram ao local, elementos da corporação ainda tentaram entrar na água, mas a "força da enxurrada e as árvores e entulhos que estavam a ser arrastados pela corrente" não possibilitaram o resgate imediato.