Continua a distribuição bizarra das células em linhas diversas, delineamento da frente é impreciso.
Quando comecei a interessar-me por meteorologia acho que uma das coisas que mais dificuldade tive para aprender foi isso, na verdade as frentes não são uma linha mas um conjunto impreciso de instabilidade duma massa de ar que avança, e na verdade quase que se pode dizer que é sempre impreciso, em menor ou maior escala.
Nuns locais duma frente no limite pode nem chover e noutros segmentos altamente instáveis podem adquirir uma dinâmica convectiva própria, de mesoescala, em que a frente foi o gatilho mas a dinâmica mais severa já é outra com certa vida e autonomia do restante.
E não é difícil de perceber porque é que isso acontece, o próprio avanço da massa de ar vai enfrentando, ou não, diferentes obstáculos orográficos, diferente densidade do ar derivado da temperatura, humidade, pelo que não há forma disso resultar em algo linear e preciso.
Outra coisa é atmosfera no seu todo, na vertical, o que se passa na vertical em cima do Porto pode ser bastante diferente do que se passa em cima de Coimbra. Por exemplo vento nos níveis médios e altos, espessura/pressão da atmosfera, etc. Uma frente pode ter o formato 3D duma cunha mas aquilo que encontra mais acima pode ser diferente dum local para outro.
Muitos anos ou até décadas atrás, acho que foi uma vez ao ver pela primeira vez uma imagem de radar, ainda no tempo do único radar de Coruche em Portugal, aquele que tinha uma imagem azulada no site do antigo IM, que finalmente percebi que uma frente mesmo muito ativa e organizada, era altamente fraturada, um conjunto de segmentos que avançavam de diferentes formas.
E foi uma imagem tipo essa que referiste, meio caótica, que finalmente me ajudou a entender isso.