Como o outro dia explicaram, o CAPE nem sempre significa instabilidade, pois se não houver humidade em altitude torna-se improvável a formação de nuvens e as condições favoráveis para precipitação...
Se houvessem condições previstas pelos diferentes modelos, também o IPMA e o AEMET iriam surgir com probabilidades de precipitação, as quais são 0% em todos os dias de previsão...
O CAPE alto significa uma atmosfera instável, com energia disponível. Não garante é precipitação, pois por mais movimentos convectivos que haja, sem humidade disponível nada se formará.
Neste caso vamos ver, a humidade será pouca, a poeira muita, o que são factores pouco propícios... Mas as correntes verticais serão potentíssimas, portanto não acho nada de descartar alguma convecção de base mais alta, principalmente no período nocturno, e infelizmente, a possibilidade de algumas trovoadas secas.
Se repararem, temos cerca de -10º aos 500hPa, o que com as temperaturas previstas à superfície, dá
cerca de 50º de diferença entre a superfície 500hPa. É um gradiente enorme, portanto necessariamente vai implicar fortes correntes convectivas. É mesmo muita energia. Por comparação com eventos convectivos de inverno, poucas vezes temos gradientes superiores a 40º. Talvez em entradas frias de primavera, com temperaturas à superfície de 15-20º, e em altitude de -30º...
Mas claro, aí com humidade disponível para "aproveitar" essas instabilidade.
Mas uma coisa é certa... Eu não me recordo de nenhum evento de recordes de calor extremo generalizado, nomeadamente em regiões litorais, que não esteja associado a instabilidade (p.ex. Junho 2017, Agosto 2003, etc.).
É mesmo quase uma condição "necessária", uma vez que para o litoral "esturricar" desta forma, tem mesmo de existir uma circulação depressionária a S/SW, que "mate" a Nortada, e que obviamente favorece instabilidade, aliada a processos convectivos brutais com uma aquecimento tão intenso da superfície.