Na verdade a pressão ao nível do mar não. Dado o aquecimento brutal nos níveis baixos, existe sobre toda essa região uma imensa baixa térmica, mas que na verdade apenas tem reflexo numa camada relativamente "fina" da atmosfera, próxima da superfície.
Já olhando para o
geopotencial aos 500hPa, nota-se claramente as regiões onde os anticiclones subtropicais predominam, e onde estas massas de ar quente e estável ocupam uma "profundidade" significativa na atmosfera (e não apenas circulação de superfície).
Por essa razão é sempre importante ver as cartas aos vários níveis e é frequente os mapas apresentarem simultaneamente estas 2 variáveis.
1) Por um lado, as cartas em altitude (500hPa) mostram melhor o forçamento de larga escala, e portanto a circulação que domina a sinóptica;
2) Por outro claro as cartas de superfície determinam os "detalhes" obtidos regionalmente.
A título de exemplo: podemos ter uma potente região de alta pressão subtropical sobre toda a Península Ibérica e região envolvente (com forçamento de larga-escala similar e com geopotenciais elevados), e todavia partes da península mesma estarão a torrar, e outras frescas, devido à circulação de superfície (brisas, Nortada, etc.), que está expressa nas cartas da pressão à superfície.
T
ambém a situação actual é bastante ilustrativa:
1) Temos a região de massas de ar com características subtropicais bastante expandida para norte, a afectar o Atlântico NE e a Península Ibérica;
2) A circulação à superfície "colabora", com o Anticiclone dos Açores extenso até ao Golfo da Biscaia, favorecendo a circulação de Leste à superfície, e inibindo boa parte das brisas/Nortada amenizadoras;
3) Claro que estas cartas têm uma escala algo "grosseira". Se formos analisar cartas da pressão à superfície com mais resolução, veremos mais detalhes, como a baixa térmica regional sobre a península, e a distribuição das isóbaras ainda assim a permitir alguma Nortada refrescante no litoral Norte e Centro.