Seguimento Meteorológico Livre - 2021

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E então o que acontecia historicamente nas (recorrentes) primaveras secas, morriam as plantas todas? Desculpa se pareço estar só a ser do contra, mas é que embora eu não negue que as primaveras estão mais secas e (especialmente) mais quentes que há umas décadas atrás, secas no Algarve/Alentejo não são exatamente novidade, e até tenho ideia de ver aqui algo sobre períodos ainda mais secos no século XIX (acho que foi o @frederico que falou nisso, ele que me corrija se estiver errado)

O défice de precipitação não é sinónimo de morte generalizada das plantas, mas que afecta muitas culturas isso é um facto. Historicamente, e falando apenas do Algarve, a vegetação autóctone sempre sobreviveu a todas as secas. O dado novo é o uso cada vez maior que se faz da água superficial e dos aquíferos e a extensão de culturas que não são de sequeiro. Sim, houve períodos muito mais secos, há mesmo registos (vou pesquisar os dados que tenho em arquivo desde o século XIX) de até 8 meses sem acumulação de precipitação em estações do Algarve. Mas referi-me particularmente ao mês de Março e ao declínio da média de precipitação nesse mês, não compensada com os meses seguintes de primavera: o conteúdo de água no solo tende a atingir valores baixos mais cedo no ano agrícola e sublinho novamente, em média.
 
Boas,
Em relação a esse tema, devo dizer sobre tema e falando unicamente do Algarve, o mais normal ou mais comum e períodos chuvosos intercalando com longo períodos secos.
Na década 70, senao estiver a equivocarme tivemos Outonos secos, Invernos muito chuvoso e Primaveras muito secas.
Agora estamos no período de Outonos e Primaveras normais e Invernos muito secos.
Na prática quer dizer que é bastante comum termos bastantes meses secos ao longo do ano.
 
Na prática quer dizer que é bastante comum termos bastantes meses secos ao longo do ano.

Precisamente, as médias pluviométricas no Algarve são feitas à custa de períodos curtos intensos e períodos longos secos, ou seja uma irregularidade mais marcada do que nas outras regiões do continente.
 
O Algarve teve de facto um período muito seco no início do século XX mas depois a partir dos anos 30 a precipitação recuperou.

A precipitação média a 30 anos chegou a ser de 250 mm para Albufeira e pouco mais de 300 mm para Faro. Nesse período houve muita seca em todo o país. O Porto teve pouco mais de 1000 mm de precipitação média, quando agora tem cerca de 1250 mm. A minha bisavó falava dessa época, em que faltou água nos poços e secaram muitas figueiras... parece que apenas as alfarrobeiras pareciam aguentar a falta de água. Este período seco coincidiu também com um período de muita instabilidade política e pobreza. Portugal era ainda mais pobre que nos tempos do Estado Novo e havia uma enorme emigração para o Brasil. Tive familiares algarvios que nessa época foram para o Rio de Janeiro.

Estas normais antigas estão na Biblioteca Municipal de Faro para quem quiser consultar.

No entanto parece que as últimas décadas do século XIX foram húmidas, a crer pelos registos de cheias históricas e por extrapolação de dados do Observatório de Gibraltar, que evidenciam intensa instabilidade no Estreito. O montado terá recuperado bem nesta época, ocupando as chamadas charnecas, terras de matos usadas para pastagens de gado.

A grande diferença do momento actual para o período seco que ocorreu há um século está nas temperaturas!
 
O défice de precipitação não é sinónimo de morte generalizada das plantas, mas que afecta muitas culturas isso é um facto. Historicamente, e falando apenas do Algarve, a vegetação autóctone sempre sobreviveu a todas as secas. O dado novo é o uso cada vez maior que se faz da água superficial e dos aquíferos e a extensão de culturas que não são de sequeiro. Sim, houve períodos muito mais secos, há mesmo registos (vou pesquisar os dados que tenho em arquivo desde o século XIX) de até 8 meses sem acumulação de precipitação em estações do Algarve. Mas referi-me particularmente ao mês de Março e ao declínio da média de precipitação nesse mês, não compensada com os meses seguintes de primavera: o conteúdo de água no solo tende a atingir valores baixos mais cedo no ano agrícola e sublinho novamente, em média.

Mas agora não sobrevive. As plantas estão muito mais sensíveis ao stress hídrico que há cem anos. Por um lado as temperaturas subiram, por outro há a questão das novas pragas, e ainda as aberrções das podas.
 
Primeira quinzena de maio deverá ser na média no que diz respeito às temperaturas, acima da média até sábado, para depois a partir de domingo descer para temperaturas um pouco abaixo do normal devido à passagem de um sistema frontal... E assim deverá ser até dia 15. A partir daí talvez o tempo comece a aquecer definitivamente, até porque começa a chegar a altura de aparecerem os primeiros 30°C do ano. Convém relembrar que o período junho-setembro é relativamente banal as temperaturas atingirem os 30°C em grande parte do território, sobretudo entre 15 de junho e 15 de setembro.
Quanto à chuva só mesmo no domingo, quiçá com alguma trovoada associada devido à passagem do sistema frontal mencionado anteriormente. Depois... venham as cut-offs de verão. Isto porque é a partir do 15 de maio que normalmente aparecem as mais fotogénicas e melhores trovoadas, período que se prolonga até 15 de outubro. Ou não fosse este o período mais quente do ano... por isso venham elas. ;)
 
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Ao contrário de outros anos parece que o calor a sério propriamente dito (leia-se temperaturas na casa dos 30°C) ainda vai demorar a chegar este ano... Pelo menos até dia 20 as temperaturas não deverão ser nada de especial para a época do ano, cifrando-se apenas em valores normais para a altura em questão. Depois daí... Logo se verá.
 
Nesta altura os modelos ainda estao muito instáveis porque o Atlântico está bastante activo e o anticiclone anda a ondular bastante.
Esta depressão que aí vem também não ajuda as previsões, por isso, teremos que esperar essa depressão passar, para que os modelos estabilizem nas previsões das temperaturas!