Pedro1993
Super Célula
Imagens de satélite das cheia nos campos do Baixo Mondego
Ontem vi essa mesma imagem, nas notícias, na TV, e é de facto uma "coisa", incrivel, tendo em conta a sua dimensão.
Imagens de satélite das cheia nos campos do Baixo Mondego
Falam em 5000 a 6000 hectares inundadosOntem vi essa mesma imagem, nas notícias, na TV, e é de facto uma "coisa", incrivel, tendo em conta a sua dimensão.
Falam em 5000 a 6000 hectares inundados
Vista aérea sobre o Polje de Minde.
Imagens de satélite das cheia nos campos do Baixo Mondego
é engraçado como as pessoas e tvs ficam preocupados e alarmados com o facto de os rios inundarem os leitos de cheia,Em relação ao Mondego, a minha opinião é que:
A história do Mondego é uma história muito interessante e o estudo do dinamismo do rio é igualmente fascinante... Por vezes, em conversas quando falo do Mondego com pessoas de Coimbra, percebo que mesmo elas não conhecem o rio (precioso) que vêm todos os dias, e é engraçado vê-las fascinadas com alguns factos que lhes transmito.
- O que aconteceu este ano não foi nada de catastrófico;
- As imagens dos campos alagados impressionam, no entanto a cheia, não fugiu em nada, face ao que existe programado no Mondego há decadas;
- Tudo foi em demasia empolado pela comunicação social, graças a este "jornalismo de proximidade" que agora existe;
- As populações têm zero razões que queixa em relação ao evento deste ano (na minha opinião);
- Muita da informação transmitida na TV e até mesmo neste forum é errada, o que induz as pessoas a conclusões erradas, precipitadas e muitas vezes alarmistas;
- O Mondego tem problemas de gestão que necessitam ser resolvidos, mas não devem ser tomadas decisões sob o imediatismo e "mediatismo". É necessário haver alterações mas deve haver um compromisso geral entre populações, governos e as verdadeiras necessidades presentes e de futuro.
- Na minha opinião, pontualmente são tomadas (muito) más decisões (como a de libertar as areias do desassoreamento no próprio rio mais a jusante), no entanto admito, que essas decisões acabaram por não ser de influência decisiva no que ocorreu este ano.
Este rio, per si so, merece uma discussão alargada e merece que a sua história seja contada. De forma real, honesta, sem os sensacionalismos que as TVs de hoje se prestam.
O dique fusível não funcionou como devia, e ele existe para estas situações de emergência, o problema é que devia ter 8 bombas, mas só tem duas e só uma é que está a funcionar. Aqui se vê a boa gestão e manutenção dos sistemas de controlo de cheia.
Hoje em dia, há uma coisa típica nas notícias e no povo em Portugal, que é a seguinte: culpa-se o Governo por tudo e por nada, quando as próprias pessoas podiam-se ter organizado e resolvido os problemas.Desculpa contrariar-te @DaniFR mas estão ai algumas confusões/lapsos, e alguns deles, acredito eu, originados pela noticia/reportagem da SIC que partiu para conclusões sem conhecer minimamente o que se passa no Mondego.
Resumindo:
- Quando o Mondego atinge os 1200 m3/s, o caudal sobe ao ponto de entrar em acção o 1º Sifão. Este sifão, não é nada mais que um "escape" onde a água "escorre" para os campos do Mondego a Norte de Montemor-o-Velho. Não há aqui nenhum automatismo.
- Caso o caudal continue a aumentar, outros 2 sifões entram em "acção" permitindo assim um controlo de caudal limite de 1800 m3/s.
- Note-se que com um caudal com estes valores, são inevitáveis cheias dentro da cidade de Coimbra, nomeadamente no parque verde. E quanto a isso, poucas soluções poderão ser concretizadas, mas não é importante, pois é apenas zona de parque de lazer sem habitações.
- Os 3 sifões existentes estão em altitudes diferentes, sendo que o primeiro que actua está mais a jusante e o 3º está mais a montante. Os campos norte do Mondego, estão cercados por diques, servindo assim de reservatórios gigantescos que aliviam o caudal do rio ao "absorverem" até 760 m3/s de caudal...
- Esgotando-se a capacidade dos sifões e atingindo o caudal um valor na ordem dos 1800 m3/s, ai sim, entra em funcionamento uma descarga fusível que se localiza junto ao açude (que funcionou sem problemas).
- Os campos Norte, "escorrem" a água para os campos Sul através de tubagem que passa por baixo do rio velho, não sobrecarregando assim o rio velho que poderia causar cheias em Montemor-o-velho. (Já vi aqui no forum uma foto desse "escape", sendo que está erradamente descrita como sendo uma estação bombagem).
- Os campos sul são também eles um reservatório gigantesco e estão igualmente cercados por diques, no entanto, dentro destes campos existe a localidade da Ereira e esta sim transforma-se em "ilha" durante as cheias, pelo que esta é sempre uma grande preocupação.
- Os campos sul são escoados para o Mondego através de bombagem na tão falada estação da Foja. É verdade que esta estação tinha planeado originalmente 6 bombas (não 8) e é verdade que das 6 apenas 2 existem. Note-se no entanto que estas bombas apenas funcionam em casos de se atingir determinadas cotas e a sua capacidade é/será sempre limitada.
- As cheias, rebentamento de diques, etc... em NADA foram influenciados por causa da bombagem da Foja... essa estação podia ter 20 bombas que não teria evitado nada do que se passou.
- Por fim, dizer apenas que no caso limite de mesmo os campos do Mondego ficarem "cheios" e "transbordar", a água escorre 1º para o rio velho (que desagua no Mondego)... rio este que possui outro dique que o separa da 1ª linha de casas das várias aldeias.
Então porque houve casas inundadas?
- O sistemas de sifões e fusiveis, funcionou a 100%;
- Os diques essenciais funcionaram, sendo que o que "rebentou" era o que separa o rio do "reservatório"... com o rebentamento aliviou-se a pressão no Mondego o que ironicamente até poderá ter evitado tragédias mais a jusante.
- O sistema de bombagem da Foja está deficiente (facto), no entanto isso só terá/teria importância se as chuvas torrenciais se prolongassem por vários dias .
- Porque estupidamente se construiu e constrói em leito de cheia;
- Porque há controlo do Mondego, mas não há nenhum controlo de muitas valas e ribeiras envolventes que com a subida do Mondego não têm para onde escoar;
Desculpa contrariar-te @DaniFR mas estão ai algumas confusões/lapsos, e alguns deles, acredito eu, originados pela noticia/reportagem da SIC que partiu para conclusões sem conhecer minimamente o que se passa no Mondego.
Resumindo:
- Quando o Mondego atinge os 1200 m3/s, o caudal sobe ao ponto de entrar em acção o 1º Sifão. Este sifão, não é nada mais que um "escape" onde a água "escorre" para os campos do Mondego a Norte de Montemor-o-Velho. Não há aqui nenhum automatismo.
- Caso o caudal continue a aumentar, outros 2 sifões entram em "acção" permitindo assim um controlo de caudal limite de 1800 m3/s.
- Note-se que com um caudal com estes valores, são inevitáveis cheias dentro da cidade de Coimbra, nomeadamente no parque verde. E quanto a isso, poucas soluções poderão ser concretizadas, mas não é importante, pois é apenas zona de parque de lazer sem habitações.
- Os 3 sifões existentes estão em altitudes diferentes, sendo que o primeiro que actua está mais a jusante e o 3º está mais a montante. Os campos norte do Mondego, estão cercados por diques, servindo assim de reservatórios gigantescos que aliviam o caudal do rio ao "absorverem" até 760 m3/s de caudal...
- Esgotando-se a capacidade dos sifões e atingindo o caudal um valor na ordem dos 1800 m3/s, ai sim, entra em funcionamento uma descarga fusível que se localiza junto ao açude (que funcionou sem problemas).
- Os campos Norte, "escorrem" a água para os campos Sul através de tubagem que passa por baixo do rio velho, não sobrecarregando assim o rio velho que poderia causar cheias em Montemor-o-velho. (Já vi aqui no forum uma foto desse "escape", sendo que está erradamente descrita como sendo uma estação bombagem).
- Os campos sul são também eles um reservatório gigantesco e estão igualmente cercados por diques, no entanto, dentro destes campos existe a localidade da Ereira e esta sim transforma-se em "ilha" durante as cheias, pelo que esta é sempre uma grande preocupação.
- Os campos sul são escoados para o Mondego através de bombagem na tão falada estação da Foja. É verdade que esta estação tinha planeado originalmente 6 bombas (não 8) e é verdade que das 6 apenas 2 existem. Note-se no entanto que estas bombas apenas funcionam em casos de se atingir determinadas cotas e a sua capacidade é/será sempre limitada.
- As cheias, rebentamento de diques, etc... em NADA foram influenciados por causa da bombagem da Foja... essa estação podia ter 20 bombas que não teria evitado nada do que se passou.
- Por fim, dizer apenas que no caso limite de mesmo os campos do Mondego ficarem "cheios" e "transbordar", a água escorre 1º para o rio velho (que desagua no Mondego)... rio este que possui outro dique que o separa da 1ª linha de casas das várias aldeias.
Então porque houve casas inundadas?
- O sistemas de sifões e fusiveis, funcionou a 100%;
- Os diques essenciais funcionaram, sendo que o que "rebentou" era o que separa o rio do "reservatório"... com o rebentamento aliviou-se a pressão no Mondego o que ironicamente até poderá ter evitado tragédias mais a jusante.
- O sistema de bombagem da Foja está deficiente (facto), no entanto isso só terá/teria importância se as chuvas torrenciais se prolongassem por vários dias .
- Porque estupidamente se construiu e constrói em leito de cheia;
- Porque há controlo do Mondego, mas não há nenhum controlo de muitas valas e ribeiras envolventes que com a subida do Mondego não têm para onde escoar;
Muito obrigado pela explicação meu caro !
Significa então que nada ou tudo o que aconteceu é normalíssimo e talvez a culpa seja da povoação de Ereira que se encontra geográficamente mal localizada.
Óptimo, então significa ainda que todas as anteriores inundações ocorridas no baixo Mondego foram por puro "azar".
Que chatice !!!