Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?
Ainda no mesmo estudo estão comentadas várias situações que provam a existência ou pelo menos aparecimentos de ursos nas zonas fronteiriças do norte de Portugal durante o século XX.
É um bocado irrealista continuar a referir-se que os ursos se extinguiram no nosso país há 3 ou 4 séculos.
Porém, as últimas referências ao urso na região fronteiriça do norte de Portugal datam do início do século XX. GRANDE DEL BRIO et al., (2002) menciona evidências documentais da sua presença em 1905 e 1920 na região de Lubián e Sanábria (Zamora) respectivamente, ambas situadas a menos de 10 km da fronteira portuguesa na Serra de Montesinho. JUSTO MÉNDEZ (1993), apesar de não citar as fontes documentais ou orais em que se baseia, refere que desde inícios do século XX até 1930 ainda subsistiam alguns exemplares na zona fronteiriça constituída pelas serras do Gerês e Larouco. Em particular, menciona que em 1915 eram ainda avistados ursos com alguma frequência na zona de Portela do Homem (Serra do Gerês), e que em 1920 “fue muerta una osa, acompañada de dos crias, que los cazadores sorprendieron en la sierra de Larouco, entre Baltar y Villamayor de Gironda”, junto à fronteira portuguesa.
O último registo confirmado de urso nas montanhas fronteiriças do Noroeste de Portugal, é todavia mais recente e diz respeito ao abate de um urso, em Junho de 1946, por Camilo Lloves Gonzalez, habitante de Couceiros na Serra do Laboreiro, a menos de cinco quilómetros da fronteira portuguesa de Melgaço. Este facto, publicado no jornal “Pueblo Galego” de 17 de Junho de 1946 e frequentemente citado em fontes bibliográficas posteriores (e.g. FERNANDÉZ DE CÓRDOBA, 1964; TABUADA CHIVITE, 1971; PIMENTA, 2001, DOMINGUES, 2005b), foi confirmado por um dos autores do presente trabalho (F. Álvares) através de uma entrevista a Camilo Lloves em 4.10.1996, o qual, apesar dos seus 80 anos de idade, relatou em pormenor os acontecimentos. O urso abatido era um macho com 102 kg (possivelmente sub-adulto) e, na altura, dizia-se que nessa região andariam três ursos que com frequência destruíam colmeias e silhas, e dos quais um foi o que veio a ser abatido.
Ainda no mesmo estudo estão comentadas várias situações que provam a existência ou pelo menos aparecimentos de ursos nas zonas fronteiriças do norte de Portugal durante o século XX.
É um bocado irrealista continuar a referir-se que os ursos se extinguiram no nosso país há 3 ou 4 séculos.