Negar um facto é a coisa mais simples do mundo...é por isso que, apesar de todas as evidências médicas, há quem negue os efeitos benéficos da vacinação, há quem jure a pés juntos que o homem nunca chegou à Lua ou que a Terra não é esférica e que nenhum avião colidiu, naquele 11 de setembro, com o Pentágono!
É também certo e sabido que nada, nem ninguém, nos fará acreditar em algo, quando decidimos acreditar que tal é apenas uma teoria da conspiração. A fé numa teoria da conspiração é, por definição, impossível de quebrar tal como a fé numa religião. A fé não precisa de sustentação com factos, alimenta-se a si própria...
Mas apesar de saber da inutiilidade do que vou escrever a seguir para fazer essas pessoas rever a sua fé, talvez não seja demais relembrar que o aquecimento global não é uma teoria, mas que é uma aterradora realidade sustentada por um infindável número de evidências estudadas e verificadas, não por carpinteiros, médicos, futebolistas ou nutricionistas, nem mesmo por jornalistas do Correio da Manhã, mas por climatologistas, geólogos, físicos e inúmeros cientistas que estudam, medem e vigiam os glaciares da Antártida ou da Gronelândia há décadas.
Convém também sublinhar que a ciência não é uma religião, não tem dogmas, nem se alimenta da fé, e que tudo na ciência está constantemente a ser posto em causa pelos próprios cientistas e que é isso que tem feito progredir a humanidade e o que explica, por exemplo, que estejamos a comunicar por uma coisa chamada internet.
Nenhum estudo científico é considerado como tal, tem credibilidade e pode ser publicado numa revista científica, se não passar pela aprovação prévia de um crivo muito rigoroso de outros cientistas que visa procurar a mínima debilidade ou incongruência desse mesmo estudo. É por isso, também, que mesmo os "monstros sagrados da ciência", como Newton, Darwin ou Einstein estão constantemente a ser postos em causa por novos estudos...na ciência nenhum conhecimento é acabado e definitivo e é por isso mesmo que a comunidade científica atribui 95% (e não 100%!!) à influência humana no aquecimento do planeta.
Claro que os céticos deste mundo se podem agarrar (e já o estão a fazer...) com unhas e dentes a esses 5% de incerteza; mas o aquecimento global é dos assuntos que menos divide a comunidade científica internacional, precisamente porque é estudado há décadas por centenas de especialistas em todo o mundo e porque, ao contrário de outros assuntos, neste têm sido gastos muitos milhões (pela indústria dos combustíveis fósseis) sem que se consigam provas em sentido contrário.
Convém por último dizer que a comunidade científica tem hoje provas irrefutáveis que os oceanos são a grande esponja que tem absorvido mais de metade do CO2 que a humanidade tem produzido; acontece que os oceanos, dada a sua imensão que cobre dois terços do planeta, com aproximadamente 4000m de profundidade média, reagem de forma muito mais lenta do que a atmosfera, motivo pelo qual aparentamente as mudanças não são tão drásticas à superfície do planeta.
Infelizmente, essa capacidade dos oceanos não é limitada, e apesar de a um ritmo relativamente lento, estão a aquecer e a ficar mais ácidos, com consequências que são imparáveis e dramáticas e serão sentidas, não por nós, mas pelas gerações futuras. Esta é outra vantagem dos céticos, não estarão cá para sofrer as consequências...