Na realidade é bem simples...Um artigo, mesmo que escrito por um cientista, não é considerado um "artigo científico" mesmo que publicado num jornal respeitado, como o NY Times, o El Pais ou, à escala do nosso pequeno retângulo, o Expresso, por exemplo.
Ciência só é ciência, se um determinado artigo, resultante de uma investigação prévia, for aceite e publicado numa revista científica, pois tal significa que passou pelo crivo dos pares, validando o rigor da investigação e respetivas conclusões. Se mesmo assim pode haver fraudes?! Claro, há gente pouco séria em todo o lado, mas como a ciência se alimenta da competitividade na procura da informação, por cada cientista que anuncia uma descoberta, haverá certamente outro que investiga em sentido contrário...
É que passar pelo "crivo dos pares" não significa, no caso da ciência, uma espécie de corporativismo onde "cientistas protegem cientistas", antes pelo contrário, pois poucas áreas de atividade há onde a rivalidade seja tão grande e onde o lema seja"não há vacas sagradas e tudo pode ser posto em causa". É por isso que Einstein continua e continuará a ser posto em causa. É também por isso que o conhecimento humano tem progredido exponencialmente...
Dito isto haverá hoje, infelizmente, poucos áreas de conhecimento onde todos os estudos (e contraestudos) científicos apontem invariavelmente numa única direção: as atividades humanas estão a interferir significativamente (o que não é mesmo que dizer que são a causa única) na mudança dos padrões climáticos à escala global. Negar isto é um ato de fé e não de ciência.
É também por ser um ato de fé, de convicção pessoal, que não pode ser desmontado e, no desespero, agarramo-nos a tudo...Já agora, no mundo da Ciência, ter sido um dos fundadores da Greenpeace é tão importante como ter duas orelhas, dito por outras palavras: não são os "títulos" que conferem autoridade científica, mas antes a qualidade das investigações e do trabalho como cientista.