Temporal de 31 de Outubro de 2003
TEMPORAL CAUSA MORTE E UM DESAPARECIDO - O mau tempo de ontem esteve na origem de uma morte em Aveiro, um desaparecido ao largo da Costa Nova e de um ferido ligeiro em Beja. E morreram sete vacas, afogadas num dia em que os bombeiros de todo o País receberam mais de 350 pedidos de intervenção.
A tempestade que assolou o País provocou ontem uma vítima mortal, um encarregado de obras do Estádio Municipal de Aveiro que caiu de uma altura de 15 metros, e levou ao desaparecimento de um cidadão francês, no naufrágio de um veleiro ao largo da Costa Nova, Ílhavo.
O trabalhador, de 43 anos, foi à cobertura do estádio, às 16h45, “para uma última verificação e terá sido surpreendido pelo vento, com rajadas fortíssimas, que o fizeram escorregar”, refere fonte dos Bombeiros Novos de Aveiro. Também o veleiro francês que naufragou a duas milhas (cerca de quatro quilómetros) da Costa Nova, Ílhavo, terá sido apanhado pelo forte temporal, que provocou vagas de nove metros. Dos três tripulantes, de nacionalidade francesa, dois conseguiram chegar à praia, com ajuda de um bote salva-vidas, e o terceiro, de 68 anos, está ainda desaparecido.
De acordo com informações da Polícia Marítima, o alerta foi dado por volta das 15h00 e quando as primeiras equipas de socorro chegaram ao local, a Sul do Parque de Campismo, já os dois sobreviventes, de 58 e 59 anos, se encontravam no areal, juntamente com vários destroços da embarcação, um veleiro de 12 metros de comprimento. “Um deles estava mais maltratado e foi assistido ainda no local, por elementos do INEM. Foram para o Hospital de Aveiro e estão ambos fora de perigo”, precisou Armando Barros, chefe da Polícia Marítima. Os três colegas, que tinham partido de Brest, em França, para participarem numa regata em Portimão, terão tido problemas junto à costa aveirense, “e talvez não tenham conseguido pedir socorro, uma vez que não houve comunicação via rádio. Sabe-se apenas que os tripulantes foram atirados ao mar, quando a embarcação se despedaçou”, refere o mesmo responsável. As buscas, que contaram com um ‘heli’ da Força Aérea até às 17h00, prosseguem hoje, de manhã, reforçadas com meios do ISN e bombeiros.
MAU TEMPO (ANGÚSTIA) - A intempérie deixou marcas em quase todos os concelhos do Grande Porto. Os Sapadores passaram a noite numa roda viva a acorrer a pequenos destelhamentos, sendo que foram os Voluntários de Gondomar que mais trabalho tiveram com os danos causados no telhado de um prédio de quatro andares da Rua Dr. Afonso Costa, que não obrigou a desalojamentos. Entretanto, as famílias de Campanhã que ainda não acataram a intenção da Metro do Porto em as realojar, passaram uma noite de angústia.
INUNDAÇÕES - A chuva intensa e as fortes rajadas de vento que se fizeram sentir ontem nos distritos de Braga e Viana do Castelo provocaram a queda de dezenas de árvores e inundações de casas particulares e vias públicas. A circulação ferroviária na Linha do Minho chegou mesmo a ser interrompida. A queda de árvores danificou também alguns automóveis em Guimarães, onde se registaram diversas inundações, tal como em Braga, com os Bombeiros a serem chamados para escoamento de águas.
ANIMAIS MORTOS - A forte chuva que se fez sentir na madrugada de ontem, inundou os campos de Salreu, em Estarreja, provocando a morte a sete novilhos. Os bombeiros foram chamados, pelas 06h20, para ajudar no salvamento de mais de duas dezenas de cabeças de gado, apanhadas pelo temporal. Segundo fonte do comando, “os proprietários não atenderam aos avisos da Protecção Civil e mantiveram as vacas nos campos, a maioria delas presas. Com a subida das águas, sete animais não conseguiram escapar”.
Carla Pacheco (Aveiro)
Fonte: Correio da Manhã (dia 1 de Novembro de 2003)
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