MSantos eu não conheço a zona a fundo. Passei na Nacional, dei umas voltas na zona de Almeida, fui ao alto da Marofa, a Castelo Rodrigo, à barragem, ao mosteiro de Cister, ao Águeda, à zona do Águeda onde se encontra com a Ribeira que passa a fazer fronteira ou a FCR. Conheço melhor a zona de Foz Côa e das gravuras, mas andei lá há quase 15 anos. Essa zona pareceu-me muito árida, mais arbustiva, algo idêntica ao concelho de Mértola. Solos muito pobres, finos, temperaturas altíssimas no Verão. O vale do Águeda a mesma coisa. Já o planalto a sul de Castelo Rodrigo e a serra da Marofa são zonas mais húmidas e frescas, os solos são mais fundos, já há cerejeiras ou pode haver carvalhos se os deixarem crescer.
Ao fazer de carro a nacional que desce para Barca de Alva como quem vem de FCR vi um ou outro carvalho-cerquinho. Isto foi há uns dois anos. De facto a espécie está identificada como árvore da zona de transição entre Terra Quente e Terra Fria. Importa dizer aqui que temos uma Beira Transmonta em Castelo Rodrigo, um Alentejo beirão em Nisa ou Castelo de Vide, e uma Beira Alentejana em Idanha, ou ainda um Algarve extra na vertente Sul da Arrábida... ja cori bem a zona do concelho de Idanha e por acaso nunca encontrei nenhum carvalho-cerquinho. Na bibliografia que conheço a Norte do Tejo o carvalho-cerquinho existiria na Terra de Transição do Douro e afluentes e Beira Baixa, além da área onde seria rei (Litoral Centro).
Já agora na região de Miranda do Douro vi terras abandonadas com carvalhos-negrais muito jovens que querem regressar.
Nós em Portugal praticamente extinguimos espécies de carvalho a nível local e regional. Já li um artigo bom sobre esta questão e não o tenho aqui. A partir do momento em que se cortem todos os carvalhos e se lavre as terras já eram. Quando a semente está a germinar é muito sensível nos primeiros tempos, morrem com facilidade. Pior ainda. Temos séculos de selecção positiva de sobreiro e azinheira. Basicamente as leis feitas com boa intenção para preservar a produção de cortiça acabaram por ter um efeito terrível, as pessoas cortavam os carvalhos desenfreadamente para ter lenha.
Das minhas expedições, algumas zonas onde vi carvalhos e outras árvores fora dos locais tradicionais
-Entre o Torrão e Alcácer do Sal, concelhos de Odemira, Mora, Coruche, Grândola, Montemor-o-Novo (carvalho-cerquinho)
- Concelhos de Aljezur, Monchique, Odemira, Tavira (Quercus marianica)
- Zona do Marvão, Castelo de Vide, Nisa, Monforte, até ao rio Tejo, Cumbres Altas-Estremadura espanhola (carvalho-negral, montade de carvalho)
-Gardunha, toda a Cova da Beira (região do Fundão), zona de Pedrógão Grande e Pequeno até quase Figueiró dos Vinhos, região de Viseu, serra de Aracena (carvalho-roble)
- Concelhos de Monchique, Odemira, zonas da Serra de São Mamede e Nisa, Matamoros-Estremadura espanhola (castanheiros)
- Ermida (Gerês) e Ourense (sobreiros)