Tempestade de uma violência rara no nosso País.......
E segundo o IM o maior valor (oficial) de rajada de vento observado em Portugal foi precisamente registado no Porto (Observatório da Serra do Pilar) no dia 15/02/1941...falam num valor superior a 167 km/h.....
não se sabe se chegou a mais pois pelos vistos o anemómetro avariou nessa tempestade....
O registo do IM:
EXTREMOS
Maior valor da rajada >167 km/h * Porto/S. Pilar 15/02/1941
(*) maior valor registado pelo anemómetro que avariou (ciclone de 1941)
Link:
http://www.meteo.pt/pt/oclima/extremos/
Pena que na época ainda não existiam os satélites meteorológicos, seria bem interessante consultar hoje o arquivo com a evolução por satélite desta ciclogenese explosiva de 1941.....
Não sei se alguma vez já visitaram o observatório meteorológico da Serra do Pilar, em Gaia.
Trabalhei lá, não sei se poderei cometer alguma inconfidência, tive acesso aos dados meteorológicos registados desde que aquele observatório abriu no final do século XIX, em substituição ao do observatório que se encontrava no topo do Hospital de Santo António.
Claro que vi os registos em gráfico, não os transferidos para a tabela, e de facto eram impressionantes.
O observatório tinha, e penso que ainda os mantém, 3 anemómetros já na altura.
Um deles era o totalizador (ainda lá existe e penso que é o mais antigo do final do século XIX, movido por 4 colheres que capta a força do vento movendo, tal como os de hoje em dia, embora agora têm 3 colheres. Esse registava em gráfico o nr de km percorridos ao longo longo das horas, o gráfico como é dividido em 24h e contado pelo relógio de pêndulo, conseguia-se saber quantos km fazia numa hora, logo, a média por hora. E nesse dia, contados as linhas verticais muito apertadas em gráfico, o máximo foi de 121km percorridos entre as 19h e as 20h. Logo, para terem a noção da grandeza, a média dos 60min foram os 121kmh! Este avariou, mais precisamente, partiu-se / danificou-se, minutos depois das 20h.
Havia também um anemómetro que funcionava para medir a pressão que o vento fazia ao entrar num orifício que estava sempre virado para a direção do vento, motivado pelo catavento que fazia parte integrante do instrumento. Era esse que era usado para medir a velocidade instantânea do vento. Pois através de cálculos, já expressos em tabelas, sabíamos o que correspondia uma determinada pressão em kg/m² equivalia a uma determinada velocidade do vento.
Esse registava em rolo de papel branco, em que o relógio de corda fazia esse rolo girar e de 60 em 60 min marcava uma linha para separar as horas. Esse rolo, tinha cerca de 15 cm de largura, espaço que a caneta tinha desde da base até ao final do papel para registo. Esse anemómetro não avariou. O que aconteceu nesse momento é que a agulha / caneta de tinta ultrapassou a largura do papel, deixando a sua marca máxima no cilindro de latão que fazia rodar o rolo.
Na folha, consegui-se medir o máximo que a mesma permitia. Que penso que não é os 167km/h que o IPMA indicava, mas sim mais. Tenho ideia que foi > 173kmh. Mas, tendo em conta o que a caneta deixou escrito/rasto no cilindro metálico, ao medirem da largura de todo o cilindro, concluíram na altura que a rajada pode ter chegado aos 239km/h.
Sei deste valor, porque na altura em que lá trabalhei, fazia relatórios mensais CLIMAT que enviavamos para IM (era o nome na altura), mais um relatório interno, e no mês de Fevereiro na base deixávamos escrito os máximos absolutos. Tenho um relatório desses ainda comigo.
Verifico agora que em 17 de Janeiro de 1933 se registou uma rajada de 169 kmh nesta mesma estação. E a média numa hora foi de 96kmh, entre as 09h e as 10h.
Por isso também por aqui, não sei como a informação dos 167 que o IPMA indicou, foi optido, pois em Janeiro de 1933 já se tinha registado um valor superior.
Quantos aos outros anemómetros, um deles não fazia registo em gráfico, mas num mostrador, como se fosse o velocímetro de um carro.
Um outro anemómetro (ficaram 4), foi instalado mais tarde, já elétrico, e serviu para complementar o anemómetro FUSO (marca) que regista a velocidade instantânea pela pressão.
Todos os outros anemómetros eram mecânicos e ainda funcionavam até ao momento de o observatório ter fechado como observatório SYNOP e passou a ser uma estação EMA.
Quanto ao valor da pressão.
Na altura média-se em mmHg, depois da conversão por altitude e temperatura do barómetro, a pressão mínima foi de 951,1mb ao nível médio da água do mar. E de 939,9mb ao nível da estação (+/- 100 de altura).