1-... e o engraçado é que apesar de tambem existirem diferenças com a vizinha Galiza os contrastes são muito menores. ...
2-...relativo aos Pinheiros Mansos vejo imensos no Ribatejo, alguns na Beira Litoral, mas quando passa-se ali o Vouga deixo-os de os ver...,
3...com as Oliveiras vê-se algumas mas nem tem comparação com regiões ribatejanas,Oeste ou Penisula de Setubal, isto é o que o vejo, claro que falo no Litoral, ...
4...Mas o que alguem da minha região fica espantado quando viaja para o Noroeste é o verde, ir em Junho,Julho aqui em Setubal e ter já tudo seco, e chegar ao Noroeste e ver ainda flores a florir no Gerês ou no Alto Minho e ver um Verde fantástico a cobrir toda a paisagem e ver, aguas e caminhos de água nas bermas da estrada é algo que para alguem de Setubal é espantoso...
1 . Para quem como eu tem um particular interesse em cultura regional, as semelhanças com a Galiza vão imensamente para além do que as pessoas possam perceber à primeira vista. Em primeiro lugar a vegetação tem traços semelhantes. Não são mais parecidos pela devastação que a forte densidade urbana e décadas de ladrões incompetentes nos sectores do planeamento criaram.
O que eram Carvalhais, Soutos e Amieiros à beira rio transformou-se em Eucaliptos, betão ou mato devido aos milhares de incêndios. Neste aspecto a Galiza está muito mais preservada.
Para além disso, a toponímia e agricultura desenvolvida é idêntica nos dois lados do rio Minho o que comprova não só uma pertença cultural como também um clima com características mais ou menos semelhantes.
Por exemplo, o cultivo de Milho em regadio aberto no verão seria impossível em qualquer outra região da Península que não as faixas Litoral Norte da PI ou certos pontos de terras altas ou mais próximas dos leitos de rios. Coisas que no NO nem sequer é problema. Os recursos hídricos são tantos que outrora era cultivado em absolutamente todo o lado.
Outra coisa é reparar por exemplo nos tradicionais Espigueiros que são um testemunho monumental de um tipo de agricultura muito específico e condicionado por um clima preciso. Existem na franja litoral Norte da PI por uma razão concreta.
2- O Pinheiro Manso no Minho é plantado pelo homem com finalidade económica. Outrora, hoje cada vez menos, os proprietários de Pinheiros Mansos ganhavam importante rendimento a vender Pinhas no Natal.
Eu mesmo, em jovem, fiz fila na casa de um lavrador para comprar uns quilos de pinhas para por junto à lareira na noite de Natal.
Esta árvore é assim uma raridade colocada, que eu saiba, quase sempre com fim económico e não representa nada em termos climáticos e de diversidade da flora natural.
3- As Oliveiras na minha região também não são espontâneas. Em todos os manuscritos até certa data nem sequer aparecem mencionadas no Noroeste. A sua presença limita-se quase sempre aos adros das Igrejas por motivos óbvios.
Mais tarde, com a introdução do Milho que veio ocupar grande parte dos vales húmidos que eram até aí ocupados pela pastorícia (mais uma característica de modo de vida Atlântico), as populações terão começado a introduzir a Oliveira pois o Azeite iria compensar a redução nas suas dietas das gorduras fornecidas pelo grande consumo de carne.
A partir do séc XV, se bem me recordo, é que estas árvores aparecem mencionadas regularmente como parte da paisagem agrícola do Minho.
4- Os meus avós maternos, sendo Minhotos, emigraram para a tua Zona no tempo das grandes fábricas tipo CUF e Siderurgia Nacional. Portanto, os meus tios maternos e minha mãe lá nasceram e para lá ia passar 15 dias de férias (Zona da Moita e Alhos Vedros) em Agosto.
Ora, em pleno verão eu ficava espantado e perplexo com a interdição de usar água em demasia de X a X horas. Não me entrava na cabeça de criança como era possível.
As quintas, hoje prédios sociais, eram extensões de erva seca com árvores o que me criava a sensação de estar em África pois eram paisagens, no Estio, que me despertava esta ideia.
Quando voltava ao Minho lembro-me de notar a diferença pois neste tempo ainda se reava o Milho com poças pela estrada fora. Quando num local nem a torneira podíamos abrir à vontade, no outro, transformavam-se caminhos em Rios para regar centenas e centenas de hectares de Milho.
Isso tudo com recurso a água de origem natural. Fontes e Minas em pleno Agosto de calor aterrador.
Por isso digo e sempre direi que a influência Mediterrânica no Noroeste é exagerada. Existe? Sim. Mas que é uma influencia menor isso é e de que maneira.