IPMA
É "muito pouco provável" que cinzas das Canárias afetem Madeira nos próximos dias
As cinzas do vulcão em erupção nas Canárias muito dificilmente vão afetar a Madeira, pelo menos nos próximos dias, atendendo às previsões meteorológicas atuais, disse esta segunda-feira a meteorologista Maria João Frade, do IPMA.
"Em termos do que se prevê para o arquipélago da Madeira nos próximos dias, será muito pouco provável, não é impossível, mas é muito pouco provável, que as cinzas vulcânicas que estão neste momento sobre a região das Canárias tenham impacto no arquipélago da Madeira", disse à Lusa Maria João Frade, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
A meteorologista explicou que a previsão para a Madeira para os próximos dias é de vento norte ou nordeste e uma vez que as Canárias ficam a sul da Madeira, "não é provável" que cheguem cinzas vulcânicas às ilhas portuguesas, situadas a menos de 500 quilómetros de La Palma, a ilha espanhola onde está o vulcão que entrou em erupção no domingo.
Esta previsão para a Madeira deve-se a um anticiclone que está localizado a noroeste da Península Ibérica e que é "relativamente intenso" e "também relativamente estacionário" e "pelo menos até dia 23 ou 24 esse anticiclone vai estar posicionado a noroeste da Península Ibérica", acrescentou Maria João Frade.
"Portanto, não é provável que tenha impacto de facto na Madeira, a não ser que haja uma mudança muito significativa destas previsões. Portanto, o mais provável é que tenha impacto nenhum", reiterou.
Segundo a meteorologista, na quarta-feira, ao final do dia, "e mesmo no início de quinta-feira, dia 23, há uma possibilidade de se aproximar uma depressão, mas isto é apenas a muita altitude, nos níveis muito altos", que tem "uma componente de su-sudoeste", mas mesmo assim, continuará a ser "muito pouco provável" algum efeito na Madeira.
Para que as cinzas vulcânicas das Canárias chegassem à Madeira ou fossem empurradas neste sentido, "era preciso que houvesse uma densidade significativa de cinzas nessa altura, era preciso que as cinzas que estão neste momento sobre a região do vulcão conseguissem penetrar até estes níveis tão altos e que o vulcão provavelmente continuasse em erupção", explicou Maria João Frade.
"Há aqui uma série de fatores, é uma conjuntura que era necessária para que apenas com uma componente de sul nos níveis altos da atmosfera as cinzas pudessem chegar à Madeira. Portanto, é muito, muito, pouco provável", sublinhou a meteorologista.
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