Giro giro vai ser se o NHC/GFS e o ECM/IPMA continuarem a modelar o Gastão de forma diferente. Da última vez deu bronca com o Sandy (os americanos seguiram o GFS mas o ECM é que acertou). Pessoalmente acredito que a malta do NHC, como não é a costa dos EUA que será atingida, continue a insistir no seu modelo se os
outputs forem diferentes. Já se fosse no seu território acredito que mandavam um manguito ao seu próprio modelo e seguiam as sugestões do ECM
Isso não funciona assim. O NHC tem provavelmente a melhor plataforma de modelos do mundo, é uma coisa sofisticadissima que envolve um blend de dezenas de modelos de variados tipos, quer de média quer de alta resolução, desde globais a modelos especiais para ciclones, modelos climatológicos, etc,etc. É uma infraestrutura que faz inveja a qualquer serviço meteorológico nacional mas são coisas que levaram décadas a construir e só possíveis devido à muita produção cientifica na área que não existe noutros países.
E faz anualmente a verificação de modelos e são os resultados dessa verificação que depois é ponderada nos algoritmos dessa plataforma, que permite criar coisas como o cone de incerteza, as tabelas probabilísticas, etc. Finalmente os outputs de consenso não são seguidos cegamente, depois os meteorologistas usam a sua experiência, conhecem os enviesamentos mais habituais dos modelos mais importantes e o NHC é reconhecido como tendo dos melhores meteorologistas tropicais do mundo. Parte da discussão que fazem internamente aonde usam a sua experiência para certos ajustes na previsão muitas vezes pode ser lida nas "discussions", aonde explicam por vezes a pouco confiança que tem em determinado cenário, ou porque ajustam um trajecto ou intensidade para estar mais próximo do modelo X ou Y, etc. E eles gostam e confiam bastante no ECM mas este modelo tem o problema de ser mais lento a sair (processa mais informação), e se depois adicionarmos o atraso desse alimentar modelos de mais alta resolução, isso acabaria numa pequena eternidade que às vezes não nos podemos dar ao luxo de ter.
Sobre modelos podes ler aqui:
http://www.nhc.noaa.gov/pdf/model_summary_20090724.pdf
Sobre verificação:
http://www.nhc.noaa.gov/verification/verify3.shtml
Sobre probabilidades:
http://www.nhc.noaa.gov/about/pdf/About_Windspeed_Probabilities.pdf
Dito isso, pode ser a plataforma mais sofisticada que existe mas os modelos são sempre limitados, a atmosfera é caótica por natureza e ciclones tropicais tem sempre enorme imprevisibilidade, sobretudo nos processos de intensificação (que depois afectam o trajecto).
Essa imprevisibilidade aumenta em zonas de transição entre águas mais quentes e frias e com a interacção com o Jet mais a norte. Por vezes há ciclones que parecem criar uma capa protectora e resistem melhor a condições hostis que outros e esse tipo de coisas são muito imprevisíveis. Ou por ex., o Furacão Alex a certa altura colapsou a parede do olho a sul dos Açores diminuindo rapidamente de intensidade, ora, é quase impossível prever quando e aonde exactamente um pormenor dessa importância acontece. Ou o "timing" de processos como o
EWRC, etc.
Acresce a isso, assunto já muitas vezes abordado, que é do Atlântico ter poucas sondagens logo os modelos podem estar a "imaginar" uma atmosfera mais ou menos longe da realidade. Nunca está certa.
No caso dos Açores esse problema agrava-se porque habitualmente não fazem os voos RECON para fazer sondagens da atmosfera e do próprio ciclone.
Bom, bom, seria o voo de um drone para fazer umas medições, isso é que seria de valor...
Desta vez talvez haja drone da NASA visto que já foram feitos alguns voos para o Gaston embora nesta altura ande de volta da TD8 e TD9.
http://airbornescience.nasa.gov/tracker/#view=map&callsign=NASA872&zoom=6
Vou tentar saber se está previsto regressar ao Gaston nos próximos dias.
http://www.aoml.noaa.gov/hrd/
https://noaahrd.wordpress.com/2016/...ogram-update-friday-aug-26-2016-11am-eastern/
http://research.noaa.gov/News/NewsA...lerts-NOAA-National-Weather-Service-of-Gaston