Na minha zona não há neste momento, que eu saiba, um tipo de gado específico. Há certamente o tipo de gado leiteiro normal (penso que é a holandesa - não estou familiarizado com os nomes...
) nas explorações leiteiras.
Mas, até há 20 anos atrás, era comum encontrar-se bovinos da raça barrosã. O planalto de Paços de Ferreira era a zona mais a sul certificada para o gado barrosão. Hoje em dia, com o abandono da agricultura, é muito difícil de encontrar. A descontinuidade das explorações desde o Barroso até esta zona dificulta a manutenção destes animais. De crescimento mais lento terão sido substituídos por raças economicamente mais apetecíveis.
Não sou entendido na matéria, mas gosto de apreciar os bons exemplares autóctones das zonas que visito. Ver estes animais nos seus pastos delicia-me. E certamente
provar estas carnes ainda mais...
Relativamente aos projetos...esperemos que sejam úteis e que sirvam não só os propósitos definidos, como para dar um novo alento às raças Portuguesas. Poderá ser uma nova oportunidade para elas e para os negócios que se desenvolvem ao seu redor.
A invasão de gado estrangeiro e mais sintético ( mais artificializado no sentido de aumentar a produção de leite e carne) tem sido bastante problemática e com a melhoria das vias de comunicação, já atinge zonas nucleares de gado primitivo.
Como tal é urgente proteger e divulgar as nossas autóctones.
Assim, concordo perfeitamente contigo e já existem planos para divulgar e proteger as nossas raças nativas.
Outra raça de grande primitividade, é a Mirandesa.
No entanto, está a braços com grandes problemas: está a começar a perder variedade genética e até o seu aspeto, está a mudar radicalmente.
A Mirandesa genuína e primitiva, que apresenta uma notória semelhança com o auroque está em grande risco de extinção.
O focinho está a ficar curto ( de porco como se diz na gíria ganadeira), as côres da pelagem estão a ficar demasiado claras, está a perder tamanho e proporções, e algumas já parecem umas padeiras com bom apetite de tão gordas que estão...
Esta raça atinge ( ou cada vez mais, atingia) grandes proporções e boas cornamentas e no passado eram animais ainda mais imponentes que os modernos.
Penso que a sua recuperação, passa pela seleção de dos ultimos animais originais e primitivos da raça.
Alistana Sanabresa e Mirandesa, tiveram origem no mesmo núcleo inicial de animais, mas depois, separaram-se e foram evoluindo separadamente. Mas esta deriva, não é muito longínqua.
E vou fazer menção a uma raça extinta, que existia no Algarve, que era algo parecida com um auroque, mas em miniatura.
Pesava poucas centenas de quilos de peso e contentava-se com a vegetação das dunas e de zonas rochosas. Dizia-se que este gado ficava satisfeito com muito pouco e tirava sustento de campos secos, sem precisar de quase mais nada.
No fundo e nos nossos dias, reparamos que em zonas mais áridas, o gado doméstico normal tem dificuldade em ser rentável ou por vezes até em sobreviver, mas muitas das nossas raças nativas mais primitivas, já não têm esses problemas, pois são muito mais autosuficientes e resistentes.
Assim, acredito que a aposta, em gados bravios ou mesmo nos auroques, pode ser, para muitos casos, a melhor opção para o futuro.
São mais resistentes a doenças, aos predadores, às secas e são muito mais independentes do Homem, não necessitando de quase ou mesmo nenhum cuidado especial. São também animais mais férteis e de fácil gestação, em que muitas vezes não precisam de qualquer ajuda no parto. Por vezes, as vacas destas raças, têm bezerros em montanhas com lobos e com neve, e passado um certo tempo aparecem na quinta, já com um novo rebento e sem qualquer problema.