belem
Cumulonimbus
Muito obrigado pelas informações.
Algumas referências são mais recentes do que eu estava à espera!
Algumas referências são mais recentes do que eu estava à espera!
Alguém sabe como é que correu a época de acasalamento em Silves?
Será que há muitas fêmeas gravidas este ano?
2 fêmeas, pelo menos, sei que estavam prenhas ( Biznaga e Fresa), mas soube hoje que perderam os seus filhos...
Contudo, nem tudo é mau, porque foi a primeira vez que tiveram um parto ( uma grande percentagem dos linces perdem os filhos nesta fase) e o número de acasalamentos aumentou. Pode ser que hajam mais notícias.
É aguardar.
PS: Boa nota para o Centro de Silves, que tem criado condições boas de reprodução.
Não esquecer que estes linces, vieram depois dos outros e tiveram pouco tempo de adaptação.
Tanto Azahar ( que teve crias no ano passado) como Biznaga só lograram ficar prenhas, no centro de Silves, nunca tinham ficado anteriormente.
Isso quer dizer que este ano não vamos ter sequer um nascimento?
Não será assim tão boa notícia quanto isso...
Afinal ainda não percebi. Já houve algum nascimento em Portugal este ano ou apenas abortos?
Por exemplo, nestes últimos dias, tivemos 13 nascimentos (tanto em Espanha como em Portugal), em 5 partos diferentes e só sobreviveram 5 crias até agora.
Sim, houveram nascimentos mas as crias morreram.
Sabes especificamente quantos em Portugal?
Achei estranho não terem dado notícias como o ano passado. Nem sequer o próprio site do do projecto do centro de reprodução do ICBN tem qualquer indicação. As únicas duas notícias deste ano são sobre um congresso e uma exposição.
Ai como eu adoro o ICNB...
Belem,
a minha família tem vários caçadores, inclusive o meu pai já foi director de reservas de caça, e conheço muito bem a realidade do mundo cinegético no Algarve e Baixo Alentejo. Embora haja caçadores e associações que estão a tentar mudar a imagem do desporto, a realidade mostra o contrário, e em boa verdade as coisas não mudaram muito nos últimos trinta anos: os caçadores continuam a ser um dos maiores obstáculos à protecção da biodiversidade, pelo menos no Sul do país. Considera-se que os predadores, por se alimentarem das peças de caça, são um prejuízo para as reservas, que gastam dinheiro em plantações de trigo, vigilância, limpezas de terreno e bebedouros. Por isso garanto que há controlo de predadores, encapuçado, escondido, sim, há, e não pode continuar.
Temos que encontrar uma forma de haver espaço para quem deseja a protecção da biodiversidade e para quem aprecia a caça. Temos cerca de 220 000 caçadores, mas aposto que o número de portugueses que deseja a protecção da sua fauna é largamente superior. Vivemos em democracia, e temos de encontrar uma forma de conjugar interesses opostos.
Por tudo o que foi exposto, e tendo como exemplo a protecção e reintrodução do lince-ibérico, considero que a caça deve ser proibida em toda a Serra do Caldeirão e de Monchique, no Vale do Guadiana e em parte da região de Barrancos. O objectivo é que haja um corredor ecológico que vá desde a Costa Vicentina até à Serra Morena.
A serra algarvia tem poucas condições para a agricultura, é uma região de solos pobres e inclinados. A geografia da região é pouco propícia à fixação da população, não tenhamos ilusões. O melhor que há a fazer é apostar na produção de cortiça, alguma madeira, apicultura e turismo ambiental, muito turismo ambiental. A actual compartimentação da serra algarvia em reservas de caça é incompatível com a preservação do lince-ibérico, ponto final. Admito que possa haver reservas nas regiões menos propícias à presença do lince, por exemplo, em áreas do nordeste algarvio, zonas próximas do litoral, mais humanizadas. mas o coração da serra, como a Alcaria do Cume, Águas de Fusos, Barranco do Velho, Ameixial, Mu, Alferce, etc, essas zonas devem estar livres de actividade cinegética.
E para quem quer argumentos económicos para tudo e mais alguma coisa, ficam aqui umas breves notas. Nunca vi um único turista estrangeiro a caçar em Portugal. Ao longo dos anos encontrei muita gente do Minho ou da região Centro que vinham ao Sul, alguns espanhóis, mas ingleses, alemães, holandeses, suecos, etc., nunca! Mas a fazer caminhadas nas nossas ribeiras, a observar aves na Ria Formosa ou no Sapal de Castro Marim, a passear de bicicleta no barrocal encontrei sempre às dezenas de turistas da Europa rica e civilizada. Já imaginaram quantos turistas poderíamos captar com a requalificação ambiental das serras algarvias? Com a reintrodução do lince-ibérico e de outras espécies que já estiveram presentes na região até tempos recentes, como o lobo-ibérico?
Em suma, considero que a longo prazo a conservação do lince-ibérico em Portugal passa pela classificação da serra do Caldeirão e da serra de Monchique como áreas protegidas e a proibição da actividade cinegética na região. Acrescento ainda que serão necessárias outras medidas, como a avaliação das populações de coelho-bravo e uma vigilância eficaz, feita por pessoas que não sejam naturais do Algarve ou do Baixo Alentejo e de preferência biólogos.
Sei que as associações de caçadores têm uma enorme influência junto do poder político, e que as minhas medidas levantariam uma enorme contestação, mas faça-se um estudo sobre o tema, aposto que a maioria dos portugueses apoia a existência de áreas livres de caçadores e dedicadas á protecção do lince-ibérico; repito que vivemos em democracia e até agora a população que apoia a preservação da biodiversidade não tem sido ouvida, enquanto o lobby da caça tem ocupado parte substancial do território com reservas e recebe fortunas do dinheiro dos contribuintes.