Um dos grandes factores que condiciona a precipitação no Algarve é o relevo. Quando as baixas pressões estão a norte da Corunha ou a noroeste de Finisterra as superfícies frontais, ao ultrapassarem Sintra-Montejunto-Estrela enfraquecem muito. O Alto Alentejo ainda apanha umas sobras, especialmente as serras. Depois de atravessar o Alto Alentejo, as superfícies frontais levam com a muralha da Serra Morena e da serra algarvia, com picos acima dos 1000 m na Andaluzia Ocidental e uma extensa área com vários picos acima dos 500 m no Algarve. Assim, é possível caírem 100 mm num dia no Minho e apenas 1 mm em Faro. Ora este ano as frentes têm vindo todas de Noroeste...
Nós não temos depressões com frequência à nossa latitude. Levamos com superfícies frontais de depressões a Norte, que enfraquecem bastante ao embater nas serras da Galiza, Minho e Beiras.
Só com depressões à latitude de Lisboa ou inferiores poderá chover notoriamente no Sul da Península.
As serras algarvias, a serra Morena, as serras de Cádis, a cordilheira Bética e o Atlas formam uma muralha de montanhas que condiciona o clima no Algarve, Andaluzia Ocidental e Noroeste de Marrocos. Acomodam altas pressões mas quando o NAO está negativo e a zona cai como sucedeu em 2010 são uma muralha de condensação brutal. Sem actividade no Atlântico a oeste desta muralha praticamente não chove nestas regiões. Em Gibraltar há registos pluviométricos há quase 200 anos. E a precipitação tem vindo a cair ao longo destes quase dois séculos. Será que estará a ocorrer uma alteração climática? O que terá mudado nesta região do Atlântico e na circulação geral da atmosfera? Estarão estas regiões a ficar mais secas porque a temperatura aumentou na Europa? Terá sucedido o mesmo no passado, em períodos também muito quentes que se viveram durante o Império Romano ou na Idade Média?