Monitorização do Clima de Portugal - 2023

Estava a falar mesmo quanto à classificação da secura dos solos.
Mas o índice PDSI não classifica a secura dos solos em termos de água disponível para as plantas. Para isso existe o índice SMI.
Ora comparando este índice em final de Maio 2022 e este ano, conclui-se que este ano a situação é em geral mais grave para sul da cordilheira central.

jyabVJq.png
ZqIWBsW.png


A situação é particularmente grave nos vales do Tejo e Sado, Litoral Centro, Algarve e mesmo no Alto Alentejo. É dessas zonas que se ouvem os relatos de situações desesperadas.
O índice PDSI mostra até contradições, como o Litoral Centro que esta ano não está em seca extrema como o ano passado, mas no conteúdo de água no solo está pior.
Na mesma situação está a ampla zona na margem esquerda do Tejo a sul de Santarém e alargando-se este ano bem mais para o Alentejo interior do que no ano passado.
 
Última edição:
Mas o índice PDSI não classifica a secura dos solos em termos de água disponível para as plantas. Para isso existe o índice SMI.
Ora comparando este índice em final de Maio 2022 e este ano, conclui-se que este ano a situação é em geral mais grave para sul da cordilheira central.

jyabVJq.png
ZqIWBsW.png


A situação é particularmente grave nos vales do Tejo e Sado, Litoral Centro, Algarve e mesmo no Alto Alentejo. É dessas zonas que se ouvem os relatos de situações desesperadas.
O índice PDSI mostra até contradições, como o Litoral Centro que esta ano não está em seca extrema como o ano passado, mas no conteúdo de água no solo está pior.
Na mesma situação está a ampla zona na margem esquerda do Tejo a sul de Santarém e alargando-se este ano bem mais para o Alentejo interior do que no ano passado.
É como referi na mensagem anterior. Na generalidade do território estamos muito melhores este ano, tanto a nível de barragens, como a nível do índice PDSI, e até quanto ao índice SMI, como mencionas. Se formos mais detalhistas temos os casos que referes, claro.
 
  • Revirar os Olhos
Reactions: "Charneca" Mundial
Se formos mais detalhistas temos os casos que referes, claro.

É preciso centrar a atenção nesses "casos", e não passar a ideia de que "em geral" está melhor, porque o melhor das regiões a norte da cordilheira central de nada serve para resolver os problemas das regiões não irrigadas a sul ou que tenham baixos níveis de enchimento das albufeiras. Há um real problema climático em curso no Sul e a perspectiva é de que vai agravar-se ao longo dos anos e das décadas. Divida-se, para tirar conclusões realmente úteis, o território continental em dois, como aliás o IPMA já fez, e não se misturem as análises numa apreciação única do todo que não tem utilidade prática. Se uma região de um país tem um problema, o país tem um problema.
 

MAIO MUITO QUENTE E MUITO SECO


2023-06-07 (IPMA)


O mês de maio de 2023 foi o 2º mais quente a nível Global e o 8º mais quente desde 1931 em Portugal Continental, conheça as principais conclusões do boletim climatológico de maio.

A nível global, maio foi o 2º mais quente de sempre (mais quente em 2020). A temperatura média global em maio foi 0.40 °C superior ao valor médio 1991-2020 (Fig. 1).

Na Europa a o valor médio da temperatura média do ar foi muito próximo do valor médio 1991-2020 (-0.01 °C).

Boletim_clima_maio_2023_Fig1_noticia_2.jpg


Verificaram-se condições um pouco mais quentes do que a média nas zonas mais a oeste do continente e um pouco mais frio que o normal nas partes central e leste. Verificaram-se valores muito acima do normal apenas no extremo nordeste do continente.

Em relação à precipitação na Europa, verificaram-se condições mais húmidas do que a média na maior parte do sul da Europa e no oeste da Islândia; fortes precipitações levaram a inundações na Itália e nos Balcãs Ocidental. Por outro lado, verificaram-se condições mais secas que a média na maior parte da Península Ibérica, na Dinamarca, nos países Bálticos, no sul da Escandinávia e em grande parte do oeste da Rússia.

Em Portugal continental o mês de maio de 2023 classificou-se como muito quente em relação à temperatura do ar e muito seco em relação à precipitação (Fig. 2).

Boletim_Clima_Maio2023_Fig1_noticia.jpg


Foi o 8º maio mais quente desde 1931 (mais alto em 2022, 19.2 °C); valor médio da temperatura média do ar, 18.19 °C, +2.47 °C em relação ao valor normal 1971-2000. De referir que dos 10 meses de maio mais quentes, 7 ocorreram depois de 2000.

O valor médio da temperatura máxima foi o 10º mais alto desde 1931 com um valor médio de 24.55 °C, 3.60 °C acima do valor normal e o valor médio da temperatura mínima foi o 7º mais alto desde 2000 com um valor médio de 11.84 °C, 1.34 °C superior ao valor normal.
Durante o mês destacam-se os valores diários da temperatura máxima do ar, quase sempre acima do valor médio mensal, sendo de realçar os primeiros 3 dias com desvios superiores a 5 °C; na temperatura mínima de referir os valores sempre superiores à média a partir de dia 23.

Em relação à precipitação, registou-se um total 34.8 mm que corresponde a 49 % do valor normal, valores inferiores aos deste mês ocorreram em 25 % dos anos, desde 1931.
Durante o mês destaca-se o período de 26 a 31 de maio com ocorrência de aguaceiros, por vezes fortes, de granizo e acompanhados de trovoada, em especial na região interior Norte e Centro.

De acordo com o índice de seca PDSI, no final de maio 35 % do território encontrava-se em seca severa e extrema (26 % e 9 % respetivamente) afetando especialmente as zonas do vale do Tejo, do Alentejo e do Algarve; de realçar também o aumento da classe de seca moderada na região Norte e Centro.


 

CONDIÇÕES ADVERSAS EM MAIO

Durante a semana que teve início em 28 de maio, o território de Portugal continental foi afetado por condições meteorológicas adversas, caraterizadas pela ocorrência de trovoadas acompanhadas por aguaceiros fortes, por vezes de granizo e, frequentemente, por rajadas fortes de vento. A sua incidência foi diferenciada sobre o território e verificou-se em períodos distintos, consoante as áreas e instantes em que a coexistência dos diversos ingredientes atmosféricos indispensáveis para o efeito, se foi materializando.

A convecção atmosférica desempenhou um papel central nestas condições. Trata-se de um processo responsável pela subida espontânea do ar por efeito de impulsão. O aquecimento radiativo junto ao solo, ao aumentar localmente a instabilidade disponível, e os efeitos da orografia, ao facilitarem a libertação dessa instabilidade desempenharam, também, um papel importante na distribuição da precipitação. No seu conjunto, contribuem para determinar as áreas onde, a cada momento, a instabilidade se liberta e, portanto, os locais onde a subida do ar húmido, organizada segundo fortes correntes ascendentes, se estabelece.

Quando predomina um regime de condições favoráveis à ocorrência de trovoada, é possível que numa área, como a de um distrito, se verifique uma grande variabilidade quanto aos locais afetados por condições adversas: determinados locais podem ser fortemente afetados por chuva forte, granizo e/ou vento, mas outros locais próximos poderão não sentir efeitos significativos.

No dia 28, próximo da Mêda (distrito da Guarda) (figura 1), foram observados cerca de 50 mm (valor com alguma sobrestimação por efeito da queda de granizo), mas numa região situada menos de 10 km para nordeste, foram observados apenas 2 mm durante as 24 horas do dia. No dia 29, na área da Serra Amarela (distrito de V. do Castelo) (figura 2), o radar observou valores da ordem de 50-70 mm, mas é visível que, por exemplo, numa área situada a nordeste de Braga, relativamente próxima, os valores acumulados foram apenas da ordem de 3 mm. O mesmo se poderá dizer de outras áreas situadas mais a sul, em que existem valores muito discrepantes em áreas vizinhas (figura 2). No dia 30, nas vizinhanças de Boticas (distrito de Vila Real), foi observado pelo radar um valor de cerca de 45 mm (figura 3) mas poucos quilómetros a sudoeste desta área, pouco choveu.

27nb1fc.png

bh7RyPA.png

vcUiXPe.png


-> https://www.ipma.pt/pt/media/noticias/documentos/2023/Noticia_Meteorologia_adversa_final_maio_23.pdf
 

NOVO EXTREMO DE PRECIPITAÇÃO


No decurso da passagem da depressão OSCAR pela Madeira, foi atingido um novo extremo absoluto de precipitação em Portugal.

No seguimento dos critérios de emissão estabelecidos para a nomeação de tempestades da época 2022-2023, foi atribuído pela AEMet o nome OSCAR a uma depressão complexa com o núcleo principal com 995hPa, centrado em 36°N e 22°W dia 6 de junho de 2023 às 00:00UTC, transportando uma massa de ar tropical com um conteúdo em vapor de água excecionalmente elevado, resultando assim no agravamento geral do estado do tempo nos arquipélagos das Canárias e da Madeira.

Até ao meio da tarde de dia 6 foi registada precipitação forte e persistente, por vezes acompanhada de trovoada, visibilidade reduzida e vento forte do quadrante sul (as maiores rajadas foram da ordem de 100 km/h, nas terras altas e 80 km/h nas regiões costeiras), com maior impacto nas vertentes sul e nas terras altas da ilha da Madeira.

Decorrente da situação de tempo adverso que afetou a região da Ilha da Madeira foram registados valores de precipitação muito elevados. Os valores registados correspondem a novos máximos históricos de precipitação em Portugal, registados no período das 09 às 09 UTC e também novos máximos no período de 24 horas deslizantes.

O extremo absoluto diário da precipitação Nacional, associado à depressão OSCAR, é agora 497,5 mm, sendo que o anterior era de 346, 8 mm, registado em 08/04/2008.

Fonte: IPMA
_________________

O próprio recorde da estação ultrapassado por 150 mm, brutal.
 
O próprio recorde da estação ultrapassado por 150 mm, brutal.
Para mim, isso é o que torna este recorde excepcional: excedeu em mais de 43% o anterior recorde. Tal como ver recordes de temperatura serem batidos em vários graus, em vez de irem extremando às décimas de cada vez.
Estava curioso de saber qual seria o anterior recorde em 24 horas "deslizantes", porque certamente este pode também ter sido batido pelos 604 mm da Oscar.
 

"
Também, um novo máximo de precipitação em 24 horas foi igualmente registado na estação do
Chão do Areeiro, 609.8 mm, entre as 14:30 UTC do dia 5 e as 14:40 UTC do dia 6.
Em relação à quantidade de precipitação registada em períodos curtos deslizantes (tabela I),
destacam-se os seguintes registos, todos na estação do Chão do Areeiro:
 1 hora - O valor mais elevado,38.3 mm foi registado no período 07:00-08:00 UTC;
 3 horas - O valor mais elevado,97.8 mm foi registado no período 15:20-18:30 UTC;
 6 horas - O valor mais elevado,186.6 mm foi registado no período 15:10-21:20 UTC;
 12 horas -O valor mais elevado, 331.2 mm foi registado no período das 14:20 do dia 5 junho
às 02:30
UTC, do dia 6;
 24 horas - O valor mais elevado, 609.8 mm foi registado no período das 14:30 dia 5 e 14:40
UTC do dia 6; "

Há algo aqui que eu não percebo nestes períodos com um número certo de horas, no caso de mais do que uma hora: os limites dos intervalos não deviam ser em minutos iguais?

Porque, por exemplo, das 15:20 às 18:30 é um período de 3 hora e 10 minutos. Estão a pôr mais 10 minutos na amplitude de todos estes intervalos que deviam ter um número certo de horas.
Se está correctamente indicado para 1 hora, 07:00-08:00, ou seja do início do minuto zero da hora 7 ao início do minuto zero 8, porque aconteceu este lapso nos outros períodos?:huh:
 

NOVO EXTREMO DE PRECIPITAÇÃO


No decurso da passagem da depressão OSCAR pela Madeira, foi atingido um novo extremo absoluto de precipitação em Portugal.

No seguimento dos critérios de emissão estabelecidos para a nomeação de tempestades da época 2022-2023, foi atribuído pela AEMet o nome OSCAR a uma depressão complexa com o núcleo principal com 995hPa, centrado em 36°N e 22°W dia 6 de junho de 2023 às 00:00UTC, transportando uma massa de ar tropical com um conteúdo em vapor de água excecionalmente elevado, resultando assim no agravamento geral do estado do tempo nos arquipélagos das Canárias e da Madeira.

Até ao meio da tarde de dia 6 foi registada precipitação forte e persistente, por vezes acompanhada de trovoada, visibilidade reduzida e vento forte do quadrante sul (as maiores rajadas foram da ordem de 100 km/h, nas terras altas e 80 km/h nas regiões costeiras), com maior impacto nas vertentes sul e nas terras altas da ilha da Madeira.

Decorrente da situação de tempo adverso que afetou a região da Ilha da Madeira foram registados valores de precipitação muito elevados. Os valores registados correspondem a novos máximos históricos de precipitação em Portugal, registados no período das 09 às 09 UTC e também novos máximos no período de 24 horas deslizantes.

O extremo absoluto diário da precipitação Nacional, associado à depressão OSCAR, é agora 497,5 mm, sendo que o anterior era de 346, 8 mm, registado em 08/04/2008.

Fonte: IPMA
_________________

O próprio recorde da estação ultrapassado por 150 mm, brutal.
Para variar, foi tido em conta um valor de uma EMA que teve falhas.
O pluviometro de Santo da Serra estava com problemas e foi referido pelo menos aqui, e aqui.
 

GRANIZO EM TRÁS-OS-MONTES

Nas últimas semanas o território de Portugal continental esteve sob condições meteorológicas caraterizadas por instabilidade atmosférica, com destaque para as regiões do interior norte e centro.

Essas condições resultaram da presença de uma depressão centrada a noroeste da Península Ibérica, com expressão em níveis altos, que transportava sobre o território uma massa de ar quente, com conteúdo em água precipitável (da ordem de 30 mm) e instabilidade caraterizada por valores de CAPE até 600 J/Kg, potenciada pela presença de ar frio em altitude.

Esta instabilidade foi mais significativa sobre o nordeste transmontano, onde foram observados aguaceiros, por vezes fortes e trovoada, assim como queda de granizo (que em alguns casos foi mais prolongada do que o habitual, na ordem das dezenas de minutos).

A orografia determinou os locais em que persistentemente a instabilidade se foi libertando, o que, em conjunto com outros ingredientes (instabilidade atmosférica , humidade em níveis baixos, nível de congelação) manteve a geração quase contínua e prolongada de granizo. As pedras tiveram, em muitas situações, diâmetro largamente superior a 0,5 cm, o que as permite qualificar como saraiva.

No exemplo ilustrado na figura 1, do radar de Arouca/Pico do Gralheiro, sobre a área de Mêda – Vila Nova de Foz Côa, é visível o campo dos máximos de refletividade projetados na horizontal (painel da esquerda) e o campo do tipo de hidrometeoro num nível baixo (painel da direita). O algoritmo de classificação do tipo de hidrometeoro a baixa altitude, considerava a presença de “graupel” (neste caso, pedras de menor dimensão) e “granizo” (pedras de granizo de maior dimensão e saraiva) em associação aos referidos máximos de refletividade com grande magnitude (fig 1, painel da direita).
mRoj1pR.png


-> https://www.ipma.pt/pt/media/noticias/documentos/2023/Noticia_Granizo_TMontes_jun2023_NL.pdf
 
Ainda não foi desta que apareceu o "violeta" no mapa.

1687004871084.png


Viana do Alentejo: 39,4ºC (HR min 13% ajudou)
Reguengos de Monsaraz: 39,4ºC
Portel: 39,2ºC
Amareleja: 39,0ºC
Castro Verde: 39,0ºC

Zoom no tropicalismo:

1687005009691.png


Zoom nas rajadas do dia, no corredor habitual:

1687005122092.png


A segunda tentativa para os 40ºC será só a partir do dia 23.
 
Última edição: