Com tanto rio atmosférico penso que se devia arranjar um nome próprio para o dos Açores. Os americanos já nomearam o rio atmosférico que inunda a Califórnia de vez em quando. Chama-se o '
Expresso Ananás' porque passa pelo Havai, arquipélago em tempos conhecidos pela produção da fruta. Lá no RU há um local onde chove há quase
3 meses consecutivos. E de vez em quando os
rios atmosféricos simplesmente não querem acabar.
Brincadeiras à parte e relativamente aos Açores nas próximas 36 a 48 horas... em termos gerais a corrente húmida do Golfo do México continuará bastante pujante:
A humidade muito irregular em altitude, especialmente, a 700 hPa, tem reduzido muito significativamente a precipitação caída (ainda assim em S. Miguel foi um dia muito cinzento e muita chuva miúda e persistente). Isto mudará ligeiramente nas próximos 2 dias, sendo auxiliado pelo recorrente aparecimento de depressões a noroeste do G. Ocidental. Isto aumentará a força do fluxo de sudoeste e os níveis de água precipitável, que podem chegar a +-1,5 polegadas aos 850 hPa (38 milímetros), especialmente nos Grs. Ocidental e Central. Na carta de superfície, e tecnicamente, os Açores serão afetados por uma frente fria. O G. Oriental será tendencialmente o menos afetado devido à intrusão de ar seco a 850 hPa. Como consequência, a chuva intensa só se verificará aquando da passagem da frente:
Esta frente fria eventualmente ficará estacionada nas imediações do G. Oriental sendo ainda cedo, a meu ver, precisar onde (nem sempre os modelos acertam).
Nas imediações do G. Ocidental estarão as condições de maior instabilidade, havendo por vezes LI negativo e SBCAPE a rondar os 400/MLCAPE entre 250 e 500. O período mais propício a fenómenos convectivos ocorrerá nas próximas 24 a 36 horas. A oeste/sudoeste do G. Ocidental há condições para fenómenos convectivos intensos, tais como a presença de um
jet muito forte, cisalhamento superior a 25 m/s, helicidade que pode chegar aos 300 e uma
shortwave. O muito ar seco em altitude (500 hPa) deve impedir que muita célula se desenvolva (a humidade irregular abaixo deste nível determinará tendencialmente uma convecção dispersa):
Este ar seco em altitude, associado à redução de outras variáveis convectivas tais como o SBCAPE e a força do jet, deve reduzir a probabilidade da ocorrência de eventos mais fortes (chuva, vento...) nos Grs. Central e Oriental. Ainda assim, e ao longo da frente, chuva moderada a forte deve ser esperada no G. Central. Já em relação ao G. Oriental, os efeitos dependerão, como escrevi anteriormente, de onde a frente ficará parada.