Estamos num momento de caos modelístico, geralmente ocorre sempre em momentos de mudança de padrão. A 120 horas há 6 clusters (padrões) diferentes no ensemble do ECMWF, sendo que o dominante é apenas suportado por 14 perturbações (em 52, abaixo dos 30%):
http://www.ecmwf.int/samples/d/insp...t_850hpa!120!pop!od!enfo!enplot!2013010712!!/
A chave do estado do tempo na próxima semana está exactamente a 120 horas, na ciclogénese perto do Reino Unido. Se esta ciclogénese for intensa, a massa de ar frio vinda da Europa de Leste será atraída para oeste e encaminhada para o Mediterrâneo espanhol na circulação dessa depressão. Caso a ciclogénese seja fraca, grande parte da massa de ar frio alimentará as depressões mais a norte, não permitindo a ligação entre o anticiclone dos Açores e o Escandinavo. Se essa ligação se produzir teremos entrada fria, nada de excepcional mas poderá vir com precipitação associada, caso não haja ligação não teremos nada mais que uma pequena descida da temperatura e eventualmente alguma precipitação no litoral.
Veja-se a diferença entre a operacional do ECMWF (ciclogénese fraca) e a do JMA (ciclogénese intensa):
E as suas consequências a largo prazo:
No modelo japonês, melhor ainda que a entrada fria da semana que vem é o que viria a seguir, com a possibilidade de uma descarga polar brutal em toda a Europa, com o anticiclone correctamente posicionado para que possa chegar à Península Ibérica.
Olhando a média do ensemble do ECMWF, pode-se dizer que a saída operacional é claramente um outlier, está completamente desfasada, até diria que é absurdamente disparatada.
Continuo a defender que a mudança de padrão está lá, que é bastante provável, os modelos não se costumam orientar muito bem nestas alturas, e tendem a exagerar na circulação atlântica.