Fácil.
A minha intervenção inicial foi em relação ao 'o inverno já não é como era'. Em específico abordei as ciclogéneses explosivas, porque tendem a trazer vento e ondulação (precipitação é mais variável). A partir daí tem tudo derivado para tópicos/afirmações pouco relacionados mas não há problema
A quase totalidade das ciclogéneses explosivas passam a oeste/noroeste do GOc (umas mais perto que outras). Em média, o GOc tem (muito) mais eventos de vento + ondulação + precipitação. É um facto e para quem não está
convencido...
Os impactos de um dado evento são algo à parte. 30 mms numa hora em PDL não é a mesma coisa que em Lisboa.
Se dimensão fosse tudo, a segunda maior ilha dos Açores - o Pico - teria uma longa lista de desastres. Tem?
Orografia, densidade populacional, localização das povoações vs orografia, presença/ausência de infraestrutura de proteção, eventos meteorológicos. Tudo tem que ser equacionado.
Tendo por base os censos de 2021, S. Miguel tem uma densidade populacional de ~185 p/km2, Pico ~32, Flores ~27, Terceira ~140, Corvo ~25, Faial ~86, S. Jorge ~37, Sta Maria ~57, Graciosa ~72.
Em que ilhas há tendencialmente mais relatos de grandes catástrofes?
O clima está completamente alterado, daí a minha inicial intervenção.
Concordo no aspecto quando dizes que existem outras variáveis, mas não te esqueças que estamos a falar apenas da questão da altitude, até porque os valores anuais de precipitação/vento em Santa Cruz das Flores não são os mesmos que no Morro Alto.
O mesmo equivale para Madalena/montanha do Pico, Horta/Caldeirão, Angra/Santa Bárbara, Ponta Delgada/Cummeiras, Barrosa, Monte Gordo, Pico da Vara.
Não chove todos os dias chove nas Flores e Corvo.
Aliás, a nível da temperatura , este ano até foram as ilhas que registaram valores de temperatura superiores em relação às outras, mesmo estando a crista mais próxima das ilhas centrais e orientais, mas no passado nem sempre foi assim, basta ler o histórico dos invernos de outrora.
Os impactos de qualquer evento não devem ser subestimados pois correspondem a extremos meteorológicos, e não ditam a regra absoluta! Aliás, não há regras absolutas em meteorologia!
Outro aspecto na questão da dimensão, precisamente por não significar tudo é que o Corvo e as Flores se fossem mais montanhosas poderiam até registar maiores valores de precipitação.
Há ilhas mais pequenas, mas muito mais chuvosas, exatamente por causa do factor da altitude. A Graciosa e Santa Maria são 2 bons exemplos disso, uma situada mais a norte e no entanto, mais seca, mais plana e escassa de recursos hídricos, e Santa Maria mais meridional , com uma parte oriental mais chuvosa, húmida , ventosa com muitos cursos de água.
São realidades inerentes a cada ilha.
O que cai numa ilha pequena, pode ser igual ou superior ao que cai numa ilha grande, basta as duas terem altitudes elevadas para desencadear precipitação.
Não há estações de montanha nas ilhas dos Açores localizadas no cume das serras mais altas, estando essas apenas confinadas a cotas mais baixas, portanto já dá mais ou menos para termos uma ideia de como o clima é bastante agreste em qualquer serra de montanha das nossas ilhas.
A nível de altitude , as Flores e Corvo até nem são assim muito montanhosas (mesmo sendo as "primeiras" a receber as perturbações frontais) quando comparadas com outras ilhas de altitudes superiores.