Segunda maior nevasca registrada no Brasil completa 57 anos neste domingo
Segundo a técnica em meteorologia do Grupo RBS, Bianca Souza, a neve acumulada chegou à marca de 1,30m, só ficando atrás dos 2 metros registrados em 07/08/1879 em Vacaria, no RS.
O céu estava escuro. O frio era insuportável. A neve começou as dez horas da manhã e se estendeu até as 18 sem parar. Foram sete horas ininterruptas de neve intensa. Anoiteceu. O espetáculo estava concluído na manhã do dia seguinte: tudo branco!
Começou assim o amanhecer do dia 20 de julho de 1957. No dia 21 o que era beleza virou preocupação. Galhos de pinheiros desabavam a todo momento fazendo um barulho estrondoso que vinha da mata. No centro de São Joaquim os habitantes começavam a perceber que estavam isolados com mais de um metro de neve acumulado por toda parte. Não podiam se deslocar para qualquer lugar.
Muitos telhados de casas começavam a rangir, não suportaram o peso no telhado e tudo foi abaixo, mas ninguém se feriu. A cidade ficou coberta por sete dias. No terceiro as forças armadas já lançavam dos aviões de guerra suprimentos e medicamentos próximo ao hospital, onde hoje está o novo Colégio São José.
Em fotos históricas, motoristas tentavam retornar do interior do município para o centro da cidade. Em vão, ficaram dias escavando na neve abrindo trilhas para que o jipe seguisse. O cenário depois que a neve derreteu era inacreditável. Milhares de pássaros mortos pelo caminho; também bois, cavalos e ovelhas.
No segundo dia os aviões da Força Aérea Brasileira traziam remédios e mantimentos e lançavam sobre um campo de futebol próximo a cidade. A região ficou isolada por cerca de sete dias.
Somente outra neve teve a dimensão daquela de 1957, foi em 1912. O então deputado estadual de São Joaquim, Enedino Batista Ribeiro, em seu livro de memórias, relata o mesmo impacto que a neve causou na cidade. A beleza e depois o pavor de ver tudo desabando em sua fazenda na localidade de São João de Pelotas, interior de São Joaquim.
Vidal Cândido, o Tio Vida, na época com 28 anos, lembra até hoje da tal neve. Na fazenda da família via galhos quebrando pela mata enquanto com o pai e irmãos corriam para salvar a criação em meio a densa neve. Hoje, aos 84 anos, acredita que pode ver o mesmo cenário daquele amanhecer de 21 de julho de 1957.
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