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Cirrus
Se repararmos bem , na maioria dos grandes incêndios ha sempre um elemento comum ( que predomina na floresta ou a atravessa parcialmente ou a circunda ) : o eucalipto .
Depois ainda ha quem diga que o facto de sermos o eucaliptal da Europa e os campeões da área ardida seja mera coincidência .
O eucalipto é uma praga mas estando instalada os incêndios descontrolados não tem que ser uma inevetibilidade pelo menos nos locais onde a floresta é encarada como industria que dá emprego e rendimento. Nas regiões aonde ainda não chegou deveria haver políticas que evitassem a sua plantação.
Mas nos casos em que é uma realidade que já não se pode mudar não basta ficar sentado à espera das coisas. Podemos falar no exemplo do concelho de Mortágua que desafia toda a lógica quando se fala disto. Tem uma mancha florestal de eucalipto que assusta, um oceano de eucaliptos, experiementem por exemplo fazer a nacional 234 passando pelo luso e entrando em mortágua pelo sul até faz impressão a paisagem de eucaliptos.
Contudo após uns trágicos incêndios algures nos 80's ou início 90's emprendeu um plano florestal inovador e duas décadas depois nunca mais houve grandes incêndios apesar das ignições serem como nos outros lados.
Sorte? Talvez alguma mas um concelho rural que tem 450km de estradas pavimentadas, 300km caminhos florestais principais que são arranjados no final das chuvas de Inverno, e 1600km caminhos secundários, 80 pontos de água estratégicos, e 400 bocas de incêndio distribuidas pelo concelho, alguns corta-fogos, etc, tudo devidamente catalogado em planos e devidamente operacional no início da época, ajudam a explicar parte das coisas.
A outra parte é o dispositivo de vigilância que envolve sector público, recursos da camara municipal e gnr por exemplo, e sector privado, associação florestal e empresas ligadas à madeira que durante 4 meses tem diversas brigadas que actuam 24 horas por dia. Não só vigiam, dissuadem incendiários, por exemplo movimentos suspeitos de veiculos são reportados à GNR e acompanhados, e estão também equipadas para 1ª intervenção rápida. A isso juntam-se equipas populares informais organizadas a nível das juntas de freguesia ou mesmo pequenas associações nas aldeias, sobretudo em noites de meteorologia complicada, calor, baixa humidade e vento, há vigilância popular voluntária. E quando ocorrem incêndios há uma participação muito maior da população, não são profissionais, mas por exemplo tractores, pickups, privados ocorrem de imediato a pontos estratégicos carregados com bidões de água por exemplo. Os Bombeiros são muito acarinhados e apoiados pela população, quer a residente quer a emigrada. Maquinaria pesada (máquinas arrasto, escavadoras, etc) da CM é de imediato colocada em alerta quando ocorre um incêndio, bem como maquinaria de empresas privadas.
Relativamente à limpeza que é o maior dos problemas está longe de perfeito porque é uma coisa muito difícil a limpeza de tão grandes áreas em terrenos muitas vezes acidentados mas bastante pontos acima do que é mais habitual em Portugal. Há alguma censura social, se por exemplo alguém tem uma area descuidada no meio de outras relativamente bem cuidadas, é "olhado de lado" e chamado à atenção, "ó amigo, veja lá se trata disso tábem?".
Isto só é possível porque se fez muita coisa durante várias décadas de forma integrada. Além disso há uma central de biomassa no concelho que consome muitos residuos florestais, há industria ligada à floresta, produção pellets, serrações, aglomerados, etc. Isso cria rendimento e dá emprego, taxa desemprego no concelho é bastante mais baixa que a média nacional, muito por contribuição da fileira florestal.
Quando tudo é pensado como deve ser as coisas não tem que ser inevitáveis mesmo com a praga do eucalipto. É claro que também é preciso alguma sorte e um dia tudo o que referi seja desmentido, mas a sorte trabalha-se para ela.