"Erosão dos solos é mais grave que floresta ardida", diz Xavier Viegas
11 DE AGOSTO DE 2015
O responsável do Centro de Estudos Florestais da Universidade de Coimbra concorda com o autarca de Caminha. Miguel Alves referiu, esta manhã na TSF, que as chuvas vão criar um novo problema na Serra D'Arga. O Ministério da Agricultura já pediu relatórios às autarquias afetadas.
Para Xavier Viegas, a
preocupação do autarca de Caminha faz todo o sentido e na opinião do responsável do Centro de Estudos Florestais da Universidade de Coimbra " não é preciso esperar pelo inverno, basta que chova em grande quantidade nas próximas semanas" para o solo começar a ceder devido à falta de consistência
Xavier Viegas explica a melhor forma de prevenir o pior dos cenários
À TSF, Xavier Viegas explica que "se não se fizer nada entretanto, com este problema de solos despidos corre-se o risco de haver arrastamento do solo e essa é uma perda ainda mais irreversível do que perda da floresta porque a floresta, mais ano menos ano regenera-se, mas o solo que se perde leva milhares de anos a reconstituir-se".
O especialista defende que a melhor forma de prevenir o pior dos cenários é através de uma intervenção imediata no terreno. "A intervenção devia ser imediata nas encostas com a matéria queimada ou com matéria artificial para reforçar as encostas para ajudar a criar uma proteção no solo. Existem fundos comunitários que suportam este tipo de medidas".
Uma intervenção que devia acontecer rapidamente. Xavier Viegas recorda a época de incêndios de há três anos.
"O que eu tenho visto em situações anteriores, como no Algarve em 2012, em que houve imediatamente uma ação burocrática que foi feita, de candidatura de projetos, mas primeiro que este projetos fossem postos em prática passou-se muito tempo e nalguns casos já foi tarde".
Contactado pela TSF, o Ministério da Agricultura esclareceu que já deu instruções às autarquias afetadas pelos incêndios para fazerem um relatório que identifique as necessidades urgentes de intervenção nos terrenos que arderam.
O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas vai tutelar este processo. O objetivo é intervir rapidamente através da candidatura para apoio ao investimento de situações de emergência pós-incêndio. Este apoio implica um concurso de candidatura para a situação em causa e conta com a ajuda de verbas comunitárias.