À conta das chuvadas das últimas semanas dá ideia que certas pessoas cá do burgo parecem que se vão
"Epá já chega de chuva", "já é chuva a mais", "as barragens já estão cheias, a chuva já podia parar", "as plantas estão todas podres à conta do raio da chuva"...
Quem ouvir estes comentários de pessoas que não têm cultura meteorológica
absolutamente nenhuma, do tamanho de uma ervilha, vai pensar que estamos a atravessar um ano hidrológico do tipo 2009/2010 (isto já para não falar do histórico ano hidrológico 2000/2001). É verdade que nas últimas semanas, desde 20 de janeiro, tem chovido bastante... mas só que antes do 20 de janeiro o ano hidrológico, até àquele momento, estava ser algo abaixo do normal nalguns pontos do país, onde há já três semanas (desde o início de 2021) que não caía uma gota de água, nesses locais janeiro até ao dia 20 tinha um acumulado de
0 mm. Daí as últimas três semanas serem de "chuva a mais". Realmente não se percebe a panca de certas pessoas com a chuva. São daquelas pessoas que, quando chove 2/3 mm num dia para elas já é...
muita chuva. "Epá, hoje já choveu tanto"
Colocar o atual ano hidrológico à beira dos outros dois que mencionei atrás é quase como colocar uma criança de 5 anos à beira dos pais. É exatamente a mesma coisa!!! O ano hidrológico 2020/2021 à beira de 2009/2010 ou de 2000/2001 é um autêntico menino, nem tem comparação possível.
Tem sido, até ao momento, um inverno normalíssimo e um ano hidrológico normalíssimo cá pelo nosso retângulo. E é importante que continue a chover mais um pouco daqui para a frente, prolongando-se por março e mesmo abril. Porque neste momento bastam vir um ou dois meses secos para grande parte do território entrar novamente em seca meteorológica.
Só que para essas pessoas... Epá, já é chuva a mais.