Seguimento Meteorológico Livre - 2022

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Grande comboio de depressões no Atlântico. Já se vê a da ciclogénese.
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A ciclogénese está a iniciar-se. O núcleo 991 hPa vai fundir-se com a depressão em cavamento rápido vinda de sudoeste (ainda fora da carta das 24h):

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Inicialmente o antigo núcleo entra em enchimento (995 hPa) enquanto a depressão aparece com 1000 hPa amanhã à noite, ainda longe a Oeste dos Açores:
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Em apenas 12 horas a fusão dos dois centros, ou melhor dizendo, a absorção do antigo núcleo pela ciclogénese explosiva, baixa a pressão no centro desta de 19 hPa, e Sexta-feira ao meio-dia (utc) a previsão é de 981 hPa a algumas centenas de quilómetros a ONO do Grupo Ocidental, aproximando-se rapidamente o ramo frio do sistema frontal associado. A frente quente terá perdido expressão.
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Dia 8 à noite (00h de Sábado dia 9), mais uma abrupta descida da pressão, de 16 hPa, baixa o valor no centro para 965 hPa ao mesmo tempo que a depressão progride para Nordeste. A frente fria a essa hora terá já atravessado o Grupo Ocidental e situa-se sobre o Grupo Central (Terceira).
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Nas 12 horas seguintes a depressão passará pelo seu mínimo de pressão central, assim como as ilhas mais setentrionais dos Açores (Grupo Ocidental, Graciosa e Terceira).
Ao meio-dia de Sábado a previsão é de 964 hPa no centro mas este já bastante longe a norte do arquipélago. Por essa altura a frente quente estará no território do continente, na continuação da frente que estava sobre o Norte e Centro, em movimento lento para sul e quase estacionária.
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Porquê que estas depressões fortes do Atlântico quando se aproximam de Portugal ou viram para norte ou perdem a intensidade?
Parece que há um escudo repelente de depressões sobre a península ibérica...
Portugal já foi sequer diretamente atingido por alguma depressão com núcleo de 990hPa ou menos desde que há registos?
 
Porquê que estas depressões fortes do Atlântico quando se aproximam de Portugal ou viram para norte ou perdem a intensidade?
Parece que há um escudo repelente de depressões sobre a península ibérica...
Portugal já foi sequer diretamente atingido por alguma depressão com núcleo de 990hPa ou menos desde que há registos?
Neste caso é minha culpa pois a tempestade leva o meu nome e eu infelizmente tenho um repelente de tempestades ativado... :lol:

Na realidade é porque existe uma dorsal anticiclónica a sul, neste momento, que impede que a depressão siga para cá. Infelizmente isto cada vez é mais comum no inverno (e não deveria ser), mas na primavera é altamente normal este tipo de sinópticas. :D
 
Portugal já foi sequer diretamente atingido por alguma depressão com núcleo de 990hPa ou menos desde que há registos?

Na memória recente, há quatro anos que a pressão não desce até aos 990 hPa, ou abaixo, por um sistema não tropical. A última vez, salvo erro dos meus registos, foi no início do famoso Março de 2018 .
Exemplo de cartas de análise dos primeiros dias desse Março:
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E mesmo assim só o Norte do território do continente teve pressão inferior a 990 hPa, excepto no dia 1 em que todo o continente ficou abaixo dos 990 hPa.


Mas claro, mais tarde nesse ano, houve a Leslie em 13 de Outubro ;)

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Neste caso é minha culpa pois a tempestade leva o meu nome e eu infelizmente tenho um repelente de tempestades ativado... :lol:

Na realidade é porque existe uma dorsal anticiclónica a sul, neste momento, que impede que a depressão siga para cá. Infelizmente isto cada vez é mais comum no inverno (e não deveria ser), mas na primavera é altamente normal este tipo de sinópticas. :D
Sim, mas na previsão (do ECMWF) mostra essa zona anticiclónica a migrar para este, para cima do mediterrâneo e da Europa, deixando "caminho aberto" para a depressão se aproximar ainda mais de Portugal, mas em vez disso a previsão diz que ela simplesmente fica estacionária e perde intensidade, não percebo o porquê...
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Na memória recente, há quatro anos que a pressão não desce até aos 990 hPa, ou abaixo, por um sistema não tropical. A última vez, salvo erro dos meus registos, foi no início do famoso Março de 2018 .
Exemplo de cartas de análise dos primeiros dias desse Março:
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E mesmo assim só o Norte do território do continente teve pressão inferior a 990 hPa, excepto no dia 1 em que todo o continente ficou abaixo dos 990 hPa.


Mas claro, mais tarde nesse ano, houve a Leslie em 13 de Outubro ;)

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Uau, que pesquisa fenomenal! Já sei de que mês é que vou ver os seguimentos aos arquivos aqui do meteopt :D
E não deixo de notar o monstruoso anticiclone na Gronelândia com 1050hPa na primeira carta :shocking:
 
Mas claro, mais tarde nesse ano, houve a Leslie em 13 de Outubro ;)

E tenho ideia, talvez um ou dois ou três anos antes, houve outra, mas não me recordo do nome dela.
Sei porque tenho familiares que com essas duas tempestades, Leslie e outra, e os incêndios de outubro 2017, como ficaram varias vezes sem eletricidade durante semanas, depois até compraram gerador por causa disso, o que não é habitual por cá.
Ultimamente anda calmo mas isto é por ciclos.

Também há uma sem nome em finais de 2009 que entrou pela região Oeste com menos de 970hPa e provocou imensos estragos
 
Agora mesmo no canal Odisseia a dar um documentário sobre a Xynthia.


Tão bem me lembro desse monstro.
Porquê que estas depressões fortes do Atlântico quando se aproximam de Portugal ou viram para norte ou perdem a intensidade?
Parece que há um escudo repelente de depressões sobre a península ibérica...
Portugal já foi sequer diretamente atingido por alguma depressão com núcleo de 990hPa ou menos desde que há registos?
Nem a propósito, tivemos a Xynthia em 2010, cerca de 970hPa ao largo do litoral norte.
 
Também houve o Gong em 2013 que teve ventos muito intensos do lado a sul do centro, entrou uma "língua" de vento pelo centro do país mais ou menos entre Aveiro e Leiria, que derrubou dezenas milhares de arvores.
Por exemplo na mata do Buçaco no Luso foi uma razia
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Última edição:
Também houve o Gong em 2013 que teve ventos muito intensos do lado a sul do centro, entrou uma "língua" de vento pelo centro do país mais ou menos entre Aveiro e Leiria, que derrubou dezenas milhares de arvores.
Por exemplo na mata do Buçaco no Luso foi uma razia
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A depressão Gong talvez tenha sido o evento não tropical mais violento em termos de vento, embora numa região algo limitada.
Também a Serra de Sintra sofreu imenso com esta tempestade. Houve evidências no terreno e nas florestas de as rajadas terem atingido os 200 Km/h.
As matas de Sintra tiveram neste evento o seu ponto de viragem, não mais voltando a ser o que eram e abrindo-se corredores e clareiras que proporcionaram às tempestades "normais" posteriores a continuação da destruição.
 
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