Re: Urso-pardo de volta à Peneda Gerês?
Também já estive nessa zona e sinceramente não é muito representativa do parque. Fica junto a uma das poucas estradas nacionais da zona e trata-se de um povoamento.
A Serra da Nogueira é só mais uma peça do puzzle de áreas naturais contínuas que incluem também Montesinho, não pensei nela como refúgio de ursos exclusivamente. São 8.000 hectares contínuos de carvalhal...
Neste tópico, existe alguma informação sobre a vegetação de Montesinho/Nogueira. Acho que o Bergidum, quando puder, devia dar uma olhada ( tem também algumas fotos interessantes).
Na minha opinião, onde há muitas alcateias de lobo ( um excelente bio-indicador), também deve haver um bom refúgio para um urso ou outro.
Tudo o resto são apenas detalhes.
Na sequência do meu último contributo para esta conferência, transmito-vos uma caracterização do território do PNM (desflorestação
versus áreas florestadas).
Pretendo acrescentar alguma informação sobre esta matéria, sendo que existem opiniões aparentemente divergentes sobre a necessidade de maior ou menor coberto territorial florestado para o urso.
Os dados que vos apresento datam de 2006 (afiguram-se que ainda se encontram muito actuais) e caracterizam as áreas comunitárias sob gestão pública, englobadas em 4 Perímetros Florestais (Serra da Corôa, Montezinho, Deilão e Serra da Nogueira).
Estes 4 PF totalizam 27930 hectares e representam o esqueleto do Parque Natural em questão.
A caracterização que vos avanço tem em conta as definições de povoamentos florestais, etc, usadas pelo Inventário Florestal Nacional.
Assim, resumo os dados que vos apresento e que podem ser dissecados em maior pormenor e a diversos níveis:
1) O enquadramento geográfico é o dos 4 PF em questão totalizando cerca de 28000 hectares;
2) Em termos de uso do solo sintetiza-se da seguinte forma:
Áreas de Matos (com ou sem arvoredo disperso) - 13651 hectares - 49%
Áreas de Floresta (povoamentos puros + mistos) - 11954 hectares - 43 %
Áreas Sociais, Infraestruturas não florestais, Áreas alagadas e Improdutivos do ponto de vista florestal - a restante área, 8%
3) Dentro da área de Floresta, predominam as áreas de povoamentos puros - 7260 hectares - 26%
Espécies mais importantes:
Pinheiro bravo - 2922 ha
Carvalho negral - 1390 ha
Pinheiro larício (
Pinus nigra) - 805 ha
Castanheiro - 468 ha
Pinheiro silvestre - 198 ha
Bétula - 153 ha
Pseudotsuga - 150 ha
etc.
4) No âmbito dos povoamentos mistos contabilizam-se 4694 hectares, 17%
Neste âmbito predominam os povoamentos mistos de 2 ou mais coníferas (com cerca de 2188 hectares), seguindo-se os mistos de coníferas e folhosas e finalmente a categoria de povoamentos mistos somente de folhosas.
Penso que no global esta informação dá uma ideia muito aproximada do coberto (florestal ou não) do Parque muito embora, este tenha cerca de 3 vezes mais área.
Penso que com o passagem para os 80.000, a percentagem de "Áreas Sociais, Infraestruturas, Áreas alagadas e Improdutivos do ponto de vista florestal", sobe necessariamente.
Em termos florestais de povoamentos puros, as áreas de carvalho negral e castanheiro também devem subir declaradamente.