Concordo com o Seattle92. A dissertação de mestrado é muito interessante e reune matéria/discussão pertinente.
Já relativamente aos mapas, existe demasiada generalização de áreas, sendo que vários mapas estão francamente exagerados. Depois, existe a mistura entre áreas livres e cercadas, que metodologicamente deviam, a meu ver, encontrar-se separadas porque configuram realidades topológicas com diferentes precisões e abrangências.
De qualquer forma, o saldo é enriquecedor.
Ainda relativamente à dissertação e à questão da presença de veados e corços na Serra da Cabreira, reparei que a dissertação em causa, se calhar de forma não consciente, mistura várias localizações, com diferentes contingências:
1 - uma das referências à Serra da Cabreira, remete para Mondim de Basto, pp 26: penso que esta será uma gralha, uma vez que deverá ter querido dizer Cabeceiras de Basto, mas que me levou a pensar esta nota como abaixo
descrevo. Tanto quanto é do meu conhecimento, em Mondim de Basto, no decorrer do sec. XX, não existiu qualquer cercado com veados ou a presença de veados em liberdade. Já relativamente ao corço existem referências à sua presença;
2 - uma 2ª referência à Serra da Cabreira, remete para Vieira do Minho, pp 39, a propósito da presença de corço. Existe para esta região, a ausência de uma informação importante no documento, que estará possivelmente ligada com esta presença de corço detectada na década de 80.
É que na primeira metade da década de 60 existiu um cercado na Serra da Cabreira, Vieira do Minho, com a presença de gamos e corços (não sei exactamente a sua localização,a sua dimensão e o que lhe aconteceu na realidade, bem como aos animais que lá estavam). Esta minha convição advem de estar na posse de fotografias do mesmo, com animais lá dentro (gamos, os corços foram-me também referidos, mas não tenho prova documental, desconheço a origem dos animais) e de estas estarem referenciadas no tempo.
Faço mais a seguinte nota enquadramento, que me permitirá ter uma leitura que será provavelmente mais abrangente do porquê desta realidade à época. O Perímetro Florestal da Serra da Cabreira (Vieira do Minho) foi objecto nas décadas de 50 e 60 uma das intervenções porventura mais interessantes de florestação das serranias do interior. Em meados da década de 60 estava florestado em largas centenas de hectares, com várias dezenas de espécies (cerca de 70 segundo alguns autores), numa intervenção que se tonou modelar e uma montra de exibição estatal.
Julgo eu que numa perspectiva de alargar o âmbito da arborização, se criou um pequeno cercado que iria permitir repovoamento animal da região.
Entretando na 2ª metade da década e nos inicios dos anos 70, a serra foi devastada por vários incêndios e a sua ocupação florestal ficou extremamente reduzida.
Não sei se o cercado foi destruido por vias disso e se os animais foram libertados antes ou depois.
Os corços podem ter dado origem/reforçado uma "onda" de repovoamento que podia vir de outros lados (Gerêz, por ex.), os gamos desconheço o seu paradeiro.
3 - Como digo atrás, a referência à Serra da Cabreira, pp 26, remete para Mondim de Basto, mas provavelmente quer significar Cabeceiras de Basto.
Relativamente, às contigências desta realidade já as referi noutra mensagem
nesta conferência e não me vou alargar mais.
A discussão final que quero fazer e que para a qual não encontro resposta centra-se no facto de nunca ter existido qualquer repovoamento com veado na serra do Marão (Mondim de Basto, Vila Pouca, Vila Real e Amarante) parecendo-me que de facto aqui até era mais premente que na serra da Lousã (primeiro porque ajudava a segurar o lobo e segundo porque o território é mais vasto, com zonas de refúgio maiores, etc).
Ou seja na década de 90, surgiu a (boa) opotunidade na Lousã mas aparentemente nunca se discutiu uma que à partida seria ainda mais óbvia e premente: a introdução na serra do Marão de veados.
O factor "social" parece-me que também seria mais favorável no Marão do que na Lousã, uma vez que a área é maior e mais despovoada, não contando com as freguesias urbanas dos concelhos em causa.
Alguém tem informação relativamente a isto?